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Segurança nuclear em causa

Cerca de 70% dos portugueses não concorda com a construção de uma central nuclear em Portugal

30 de Maio de 2011 às 11:20
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Quase três meses depois do acidente nuclear na central de Fukushima, no Japão - o mais grave desde Chernobyl, em 1986 - a ONU vai avançar com um estudo aprofundado para avaliar as consequências dos danos causados pelo acidente, tema que esteve no centro do debate do comité científico das Nações Unidas, realizado entre 23 e 27 de Maio, na Áustria.

A preocupação de Ban Ki-moon, o secretário geral da ONU, tem razão de ser. À medida que avançam os trabalhos de estabilização da central de Fukushima Daiichi - a mais afectada pelo violento sismo e subsequente tsunami que atingiram o nordeste do Japão a 11 de Março - chega-se à conclusão que a dimensão dos estragos é, afinal, muito maior e mais grave do que o que se pensava (com três dos seis reactores ainda em situação crítica), sem que se consiga, ainda, ter uma noção clara do seu alcance.

O acidente de Março pôs o mundo em alerta e relançou o debate sobre os perigos e as vantagens do nuclear. Enquanto as ruas do mundo, da Europa ao Japão, se enchiam de manifestantes a pedir o fim da exploração da energia atómica, os defensores argumentavam que o acidente no Japão não se podia classificar, a rigor, como um acidente nuclear por não ter decorrido do exercício directo da actividade mas antes de um evento extraordinário da natureza.

Outros ainda, defendiam a tese de que, a ser preciso um sismo de magnitude 9,0 e um enorme tsunami para pôr em perigo uma central, então se poderia considerar como segura a exploração da energia nuclear.

Num mundo sedento de energia, muitos tendem a concordar. O Governo britânico, por exemplo, já fez saber que pretende ver construídos novos reactores nucleares no país, na sequência de um relatório que classifica como pouco credível a possibilidade de se dar uma catástrofe natural no Reino Unido como a que aconteceu no Japão.

Com um risco sísmico considerável e 600 quilómetros de costa Continental, Portugal não poderá dizer o mesmo. Nem precisa. Mesmo antes do acidente do Japão, 70% dos consumidores de energia em Portugal afirmaram não querer a construção de uma central nuclear em território nacional, segundo o estudo "A Energia em Portugal: Perspectiva de quem a utiliza", encomendado pela Associação Portuguesa de Energia (APE).

O estudo baseou-se em inquéritos efectuados no período de Maio a Novembro de 2010, a um universo de 384 empresas e 2002 indivíduos.

Ainda segundo o estudo, no topo dos argumentos do 'não' está o risco para a saúde pública (com 37,5% dos inquiridos a apresentarem este factor como sendo decisivo), logo seguido dos riscos de segurança (24,8%) e dos problemas de armazenamento e tratamento de resíduos (14,3%).

Ainda segundo o estudo da APE, dos 592 inquiridos favoráveis ao recurso nuclear, 37,3% apresenta a possibilidade de produzir energia eléctrica mais barata como o grande argumento a favor, 27,1% a possibilidade de reduzir a dependência nacional dos combustíveis fósseis e 14,4% refere a possibilidade de, assim, Portugal poder passar a utilizar recursos que possui, como o urânio.

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