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Resíduos à procura de valorização

Os resíduos municipais, provenientes do lixo doméstico e da actividade de pequenas empresas são os que têm maior visibilidade pública, sobretudo pelas campanhas de incentivo à reciclagem, mas é nas fileiras da indústria, da construção civil e da agricultura que é criado o maior volume de lixo.

27 de Abril de 2010 às 11:27
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Os resíduos municipais, provenientes do lixo doméstico e da actividade de pequenas empresas são os que têm maior visibilidade pública, sobretudo pelas campanhas de incentivo à reciclagem, mas é nas fileiras da indústria, da construção civil e da agricultura que é criado o maior volume de lixo.

A estes resíduos têm ainda de ser somados os resíduos hospitalares, que apesar de não terem um volume significativo apresentam preocupações diferentes pelo seu nível de contaminação potencial, exigindo tratamento específico. Nos últimos anos a evolução da reciclagem destes materiais e da sua revalorização tem sido significativa, com a ajuda dos avanços tecnológicos, que simplificam os processos.

Plásticos e vidros voltam a transformar-se em embalagens e em materiais de uso industrial, ou mesmo material urbano. O óleo alimentar é reutilizado no fabrico de biocombustível. Os pneus são tratados para se transformarem em pavimento de estradas. Os resíduos orgânicos são sujeitos a tecnologia de digestão anaeróbia, que recorre a bactérias para acelerar a sua decomposição.

Nestes processos usa-se a energia de forma mais eficiente, reduz-se o volume de aterro e reutilizam-se os materiais para novos ciclos de vida, seguindo as boas práticas ambientais. No final da equação ganham as empresas e o ambiente.

Mas nem tudo é perfeito. Há más práticas que subsistem, mesmo nos países desenvolvidos. Entre estas destaca-se a expedição de lixo contaminante para países do terceiro mundo, onde é feita a reciclagem sem quaisquer condições de sanidade e protecção dos trabalhadores, ou o aterro puro e simples, com a contaminação do solo e das águas. Os alertas têm subido de volume nestes casos, com a identificação de rotas de exportação, e a fiscalização começa a apertar o cerco aos prevaricadores. A caminho da valorização

Em Portugal a consciência das empresas e o enquadramento legal estão a evoluir de forma positiva.

Os combates travados pela associação ambientalista nestes últimos anos para mudar algumas opções, como a incineração ou a regeneração de óleos recolhidos, têm dado impulso à adopção de medidas ambientalmente mais correctas. Sobretudo na área de resíduos hospitalares, onde Portugal está actualmente na primeira posição na Europa como o país com menor recurso à incineração. Depois de ter mantido um total de 40 incineradoras a funcionar nos hospitais, hoje só uma unidade centraliza a queima de resíduos perigosos, sendo os restantes tratados com outros processos menos agressivos mas igualmente seguros.

Burocracia como barreira Fernando Castro, presidente do Centro para a Valorização de Resíduos (CVR), entidade centrada na investigação de formas de revalorização de resíduos não perigosos e que apoia as empresas na identificação de soluções, reconhece igualmente a evolução registada nos últimos anos, apontando sectores onde já existem bons exemplos de revalorização, como as siderurgias e os pneus.

Fernando Castro admite porém que muitos dos resíduos industriais são ainda encaminhados para aterros e que há ainda muitos materiais que são desaproveitados. Apontando o dedo à burocracia introduzida pela legislação, que obriga todos os processos a uma certificação pesada, o que desincentiva a adopção de sistemas de revalorização que podiam trazer valor às empresas e ao ambiente, o presidente da CVR sublinha que "existem soluções técnicas para aproveitar 70 a 80% dos resíduos da indústria, extraindo materiais nobres, reaproveitando ou produzindo energia".

"Com alguma facilidade estes processos podiam ser aplicados se não existisse esta carga burocrática", acusa.

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