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COP 27: o fundo histórico e a desilusão

Após negociações difíceis, a cimeira avançou com o fundo para ajudar os países pobres a lidar com desastres de natureza climática. Mas a discussão sobre a redução de emissões ficou na mesma. Duas semanas que ficam ainda marcadas pelas detenções de ativistas.

O último relatório das Nações Unidas sobre as alterações climáticas divulgou dados negativos.
A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas foi prolongada por dois dias para que se alcançasse um acordo sobre o fundo para “perdas e danos”. Mohamed Abd El Ghany/ Reuters
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Quando países pobres forem vítimas de tempestades, inundações e outros desastres provocados por emissões de CO2, vão poder no futuro contar com um fundo de apoio para fazer face às perdas que tiverem com esses eventos climáticos. Esta é a grande vitória da cimeira de Sharm El-Sheikh, que deixa, no entanto, um sabor agridoce para quem nela participou.

A conferência, que decorreu ao longo de duas semanas, foi prolongada por dois dias, com negociações tensas a decorrer na madrugada de sábado para domingo, para que se conseguisse alcançar um acordo sobre esse fundo. Só que algumas das mais importantes decisões sobre este dossier ficaram adiadas, nomeadamente quem vai financiar estes apoios ou quais são os critérios para a distribuição de dinheiro, sublinham a Reuters e a BBC.

Acordo “histórico”, mas falta de ambição

Numa altura em que as atenções internacionais estão centradas na guerra, nos problemas energéticos e na inflação, as conclusões da COP27 foram as possíveis: “Nós concordámos com o acordo porque queremos apoiar os mais vulneráveis”, disse a representante especial alemã, Jennifer Morgan. A ex-diretora executiva da Greenpeace estava visivelmente irritada com o resultado, segundo a agência de notícias.

Também organizações não governamentais como as portuguesas Zero e Oikos – que não tiveram dúvidas em classificar o acordo como “histórico” – lamentaram a falta de ambição da COP27 para descarbonizar o planeta.

Desilusão de Guterres e da Comissão Europeia

“O que temos aqui é um passo muito curto para os habitantes do planeta. Não proporciona esforços adicionais suficientes por parte dos principais emissores para aumentar e acelerar as suas reduções de emissões”, disse Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, na sessão plenária da COP27 – em tom inflamado, de acordo com a agência Lusa.

Também o secretário-geral das Nações Unidas não escondeu a desilusão. “Precisamos de diminuir radicalmente as emissões agora – e essa é uma questão a que esta COP não respondeu”, afirmou António Guterres após a conferência.

Detenções em massa

A marcar esta cimeira da ONU ficaram também as centenas de detenções de ativistas no país – pelo menos 419 pessoas foram detidas durante ações de protesto ao longo de duas semanas, segundo fonte da Comissão Egípcia de Direitos e Liberdades, citada pela agência de notícias espanhola EFE. A O rganização Não Governamental preferiu não ser identificada por questões de segurança.

 

Algumas decisões importantes sobre o novo fundo foram adiadas.
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