As Nações Unidas estimam que até 2050 dois terços da população mundial enfrentará escassez de água, mas Portugal é hoje um país autossuficiente. Para o continuar a ser, contudo, necessita de adequar comportamentos e investir no armazenamento, em transvases, na redução das perdas e na reutilização.

Projetos prioritários que, no seu conjunto, "custarão 3,6 a 4 mil milhões de euros", estima Gonçalo Moura Martins, que pode ouvir no sétimo episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas.

Já António Ramalho defende que "é fundamental olhar para a água não apenas como um recurso a preservar, mas como um recurso natural com elevado valor, de onde Portugal pode tirar proveito económico e vantagens competitivas".

"Temos um petróleo chamado água", diz, dando como exemplo de valor económico a barragem do Alqueva, "que alterou substancialmente o Baixo Alentejo e representou uma transformação em valor de uma zona deprimida".

"A água não é um recurso em falta em Portugal, existe é um problema gravíssimo de dispersão", salienta Moura Martins, que considera "importantíssimo" que se façam as "autoestradas da água" – para a trazer da bacia do Douro para a do Tejo e depois para sul.

Também António Ramalho recorda que "temos três vezes mais capacidade hídrica do que Espanha e 38 vezes mais do que Israel", no entanto, lamenta, "boa parte das nossas águas vão calma e serenamente para o mar".

"A nossa situação hídrica está acima da média europeia, mas a junção disso com água salgada dá-nos uma vantagem competitiva que pode ser muito central nos desafios dos próximos anos", aponta ainda.

"A água é uma questão de soberania nacional", conclui Gonçalo Moura Martins.