Notícia
Cervejas artesanais, mas com imaginação
A criatividade em matéria de cerveja artesanal resulta da juventude dos criadores e da necessidade destes marcarem terreno num jogo competitivo. Aqui ficam três histórias de cervejeiros arrojados.
23 de Julho de 2016 às 13:00
Cerveja à moda de Champanhe
O projecto Cinco Chagas arrancou como tantos outros. Três amigos maluquinhos por cerveja artesanal (Cláudio Oliveira, Arlindo Nunes e Ricardo Almeida) começaram por fazer umas brincadeiras. Depois, percebendo que tinham jeito, convidaram amigos para eventos festivos. Como os elogios eram muitos, meteram-se na aventura, explorando uma mais-valia estratégica curiosa: a Bairrada. Os três cresceram com o cheiro das fermentações vínicas e acharam que fazer cerveja numas antigas caves bairradinas provocava e chamava a atenção. E tinham razão. Começaram a fazer cervejas artesanais clássicas, que chegam aos interessados em garrafas que são verdadeiras peças de design.
Há cerca de dois anos lembraram-se de criar a Brut Chagas, uma cerveja à laia de um champanhe, inédita em Portugal, mas que lá por fora se conhece como Bièrre Brut (Bélgica) ou Champagne Beer (Inglaterra). Depois de uma primeira fermentação alcoólica num estilo belga (com mais corpo e notas doces), voltaram a fermentar esta base em garrafa com leveduras e açúcar e foram tratando da bebida como se fosse um típico champanhe. Resultado, temos um cerveja com perfil mais doce, notas de melaço, delicadeza e frescura, que pode muito bem fazer parelha com uma sobremesa.
Cervejeiros de bairro
João Papa é químico de formação e consultor numa área chamada gestão do tempo. Como viveu na Bélgica, apanhou o vírus da cerveja artesanal. Em que medida é que ele, com a marca Bótima feita na cozinha da sua casa em Telheiras, se destaca dos restantes cervejeiros? Primeiro, é uma autêntica enciclopédia nestes domínios.
Segundo, como não quer fazer vida disto, cultiva o espírito da arte cervejeira: uma cerveja não pode ser igual à anterior; um lote de cerveja é único e irrepetível.
Terceiro, e mais importante, está empenhado em criar uma rede de cervejeiros artesanais de bairro, por forma a que possam encontrar-se regularmente com as suas garrafas e discutir as andanças deste mundo com um copo de cerveja na mão. Quer criar uma rede de cervejeiros de bairro. Mais artesanal não há, mas convém deixar registado que as cervejas Bótima são do melhor que alguma vez provámos em matéria de cerveja artesanal.
Vamos lá encher o garrafão
A Dois Corvos é um projecto que comemorou o primeiro aniversário na passada quarta-feira, naturalmente com edições cervejeiras especiais. Scott Steffens é americano e Susana Cascais, portuguesa. Os dois apaixonaram-se há 14 anos e casaram para os lados de Seattle. Ele já tinha experiência na produção de cerveja artesanal em casa e ela, trabalhando na área da publicidade, tinha clientes que eram cervejeiros artesanais. Uma coisa puxa a outra e como vivemos em Portugal o "boom" das cervejas artesanais, resolveram investir na Dois Corvos em Lisboa. E em grande, porque aplicaram somas avultadas num espaço para os lados do Beato que serve de fábrica, de balcão de venda e bar de petiscos.
Em permanência estão à venda, todos os dias, 12 tipos de cerveja (um luxo), sendo que, no tal bar, podemos, se tivermos dúvidas, mandar vir um kit mimoso de amostras que dão para duas pessoas perceberem quais as cervejas que gostam mais. Agora, o que é curioso na Dois Corvos é o conceito de venda a "garrafão". Enfim, não é bem um garrafão, mas um vasilhame de vidro de 1 e de 2 litros. Um tipo compra uma destas grandes e bonitas garrafas e abastece-se da cerveja que mais lhe agrada e vai para casa apreciá-la com os amigos. Da próxima vez, traz o "garrafão" e leva outro perfil de cerveja. Bem pensado.
O projecto Cinco Chagas arrancou como tantos outros. Três amigos maluquinhos por cerveja artesanal (Cláudio Oliveira, Arlindo Nunes e Ricardo Almeida) começaram por fazer umas brincadeiras. Depois, percebendo que tinham jeito, convidaram amigos para eventos festivos. Como os elogios eram muitos, meteram-se na aventura, explorando uma mais-valia estratégica curiosa: a Bairrada. Os três cresceram com o cheiro das fermentações vínicas e acharam que fazer cerveja numas antigas caves bairradinas provocava e chamava a atenção. E tinham razão. Começaram a fazer cervejas artesanais clássicas, que chegam aos interessados em garrafas que são verdadeiras peças de design.
Cada uma das 299 garrafas da Brut de Chagas (750 ml) custa cerca de €30
Cervejeiros de bairro
João Papa é químico de formação e consultor numa área chamada gestão do tempo. Como viveu na Bélgica, apanhou o vírus da cerveja artesanal. Em que medida é que ele, com a marca Bótima feita na cozinha da sua casa em Telheiras, se destaca dos restantes cervejeiros? Primeiro, é uma autêntica enciclopédia nestes domínios.
Segundo, como não quer fazer vida disto, cultiva o espírito da arte cervejeira: uma cerveja não pode ser igual à anterior; um lote de cerveja é único e irrepetível.
Terceiro, e mais importante, está empenhado em criar uma rede de cervejeiros artesanais de bairro, por forma a que possam encontrar-se regularmente com as suas garrafas e discutir as andanças deste mundo com um copo de cerveja na mão. Quer criar uma rede de cervejeiros de bairro. Mais artesanal não há, mas convém deixar registado que as cervejas Bótima são do melhor que alguma vez provámos em matéria de cerveja artesanal.
Cada garrafa de 750 ml de Bótima custa €6. E como o produtor detesta desperdício, pede que lhe devolvam o vasilhame
Vamos lá encher o garrafão
A Dois Corvos é um projecto que comemorou o primeiro aniversário na passada quarta-feira, naturalmente com edições cervejeiras especiais. Scott Steffens é americano e Susana Cascais, portuguesa. Os dois apaixonaram-se há 14 anos e casaram para os lados de Seattle. Ele já tinha experiência na produção de cerveja artesanal em casa e ela, trabalhando na área da publicidade, tinha clientes que eram cervejeiros artesanais. Uma coisa puxa a outra e como vivemos em Portugal o "boom" das cervejas artesanais, resolveram investir na Dois Corvos em Lisboa. E em grande, porque aplicaram somas avultadas num espaço para os lados do Beato que serve de fábrica, de balcão de venda e bar de petiscos.
Em permanência estão à venda, todos os dias, 12 tipos de cerveja (um luxo), sendo que, no tal bar, podemos, se tivermos dúvidas, mandar vir um kit mimoso de amostras que dão para duas pessoas perceberem quais as cervejas que gostam mais. Agora, o que é curioso na Dois Corvos é o conceito de venda a "garrafão". Enfim, não é bem um garrafão, mas um vasilhame de vidro de 1 e de 2 litros. Um tipo compra uma destas grandes e bonitas garrafas e abastece-se da cerveja que mais lhe agrada e vai para casa apreciá-la com os amigos. Da próxima vez, traz o "garrafão" e leva outro perfil de cerveja. Bem pensado.
Uma garrafa de 1 litro vazia custa €4, a de 2 custa €7. Apesar de cada uma das 12 cervejas terem preços diferenciados, em média, um litro de cerveja fica entre os €5 e os €6