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Virgolino Faneca denuncia os problemas aflitivos que se sentem no nosso lindo Portugal

Há motivos substantivos para que o país se encontre num estado depressivo. Neste contexto, é incompreensível o silêncio do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Porque será?

Duarte Roriz/Correio da Manhã
25 de Maio de 2018 às 17:00
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Cara Efigénia

Espero que esta te encontre bem, a ti e a todos os teus. Eu cá vou indo, embora me sinta psicologicamente murcho em virtude do tempo que se faz sentir no nosso lindo Portugal e também de outras ocorrências que de seguida te explanarei.

Na realidade, esta missiva é um bocado como os divãs de psicanálise, pelo que desde já peço desculpa pelos incómodos que a mesma poderá colocar ao nível da tua psique. No entanto, sabedor da tua clarividência, não me resta outra alternativa senão recorrer aos teus préstimos para que me ajudes a recuperar o ânimo.

Como verás, existem motivos substantivos que justificam o meu estado depressivo e requerem uma intervenção de natureza paliativa que minore a minha dor pelos magnânimos problemas colectivos que enfrentamos.

Primeiro problema. Os ataques de José Cid a Tony Carreira, dizendo que este finalmente gravou o primeiro álbum de originais. Canta pouquinho, tem umas letras rafeiras, pequeninas e músicas com uma falta de originalidade assombrosa, acusa Cid. Provavelmente, o cantor padece de síndrome símio, "como o macaco gosta de banana eu gosto de ti", e estas críticas poderão até ser uma forma subliminar de mostrar afecto. De todo o modo, este desaguisado entre dois monstros do nacional cançonetismo pode causar um clima de perturbação social nas festas dos emigrantes deste Verão. Eu próprio, enquanto membro da comissão de festas dos Mosqueirões, estou indeciso entre qual contratar, uma espécie de dois amores. Às tantas, ainda vou optar pelo Marco Paulo. Que dizes?

Segundo problema (derivado do primeiro). Acossado por José Cid, Tony Carreira resolveu dedicar-se à arte de juntar palavras, tendo escrito o livro "O Homem Que Sou". Tal iniciativa está a gerar uma onda de indignação e existem escritores, há anos a queimar pálpebras, em profundo estado de negação. Valha-nos a honestidade do Tony. Disse ele: "Confesso - e não gosto de fugir da verdade - que escrevi este livro com a ajuda de duas pessoas." Será que Cid vai voltar a atacar? Como organizador do festival do livro de Cabeça Gorda, posso convidar o Tony para um sarau literário na Casa do Povo?

Terceiro problema (concomitante ao segundo). Dolores Aveiro andou por terra de França a promover um livro (sobre ela) que não escreveu, "Mãe Coragem", e nem sequer levou o autor do dito, com a desculpa de que tem de poupar dinheiro para ajudar o filho Cristiano a pagar a multa ao Fisco espanhol. Pior, retirou o nome das capas dos livros, transformando-o num escritor-fantasma. Consta que a apresentação do livro terá sido feita por Linda de Suza, autora do celebrado "Mala de Cartão". Será que Cid vai atacar Dolores, acusando-a de ser igual ao Tony? Ou será que a Dolores se vai dedicar ao canto, fazendo duetos com a filha Katya, cujos dotes vocais também devem fazer inveja ao Cid.

Quarto problema (resultante de todos os outros). Não consigo disfarçar o meu pesar pelo facto de o Presidente Marcelo não ter comentado, até agora, estes casos que estão a incendiar Portugal. Será que o Presidente de todos nós não percebe a relevância destes assuntos e a sua importância para a auto-estima nacional? Se assim for, temos um problema sério.

Aguardo, com expectativa, os teus sábios comentários, e quiçá sugestões que me permitam sair deste estado de prostração.


Um beijo repenicado deste teu,

 

Virgolino Faneca



Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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