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Um caminho para os artesãos portugueses

A Portuguese Makers, um novo colectivo de design e de artesanato, lançou esta semana o projecto certo para gerar valor num sector muito procurado pelo mercado.

09 de Setembro de 2017 às 09:00
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O que acontece até amanhã na Portuguese Makers Craft Week, www.portuguesemakers.com, na Casa de Santa Maria, em Cascais, é muito importante para os artesãos portugueses. A semana é a primeira iniciativa do colectivo Portuguese Makers, liderado por Vasco Braga da Costa e Ana Bruto da Costa, que tem como objectivo essencial criar valor para os artesãos e para o design nacional. Não só é um objectivo fundamental, como é muito difícil de atingir.

O que a Portuguese Makers idealizou, e aplicou durante esta semana, foi a criação de uma oportunidade bem concebida. Antes do mais, isolou algumas das principais áreas onde o trabalho de artesão se tem desenvolvido em todo o mundo - cerâmica, cabedal, papel, madeira, cortiça e têxteis -, procurando assim caminhar a passo com as tendências do mercado.

De seguida, foi buscar alguns dos melhores designers, arquitectos e artesãos mundiais e nacionais nas áreas, convidando-os não só para partilharem as suas experiências, mas também para orientarem "workshops". Finalmente, abriu a Craft Week não só a pessoas qualificadas nas áreas, mas a qualquer um com interesse em criar.

Desta semana de trabalho, que termina amanhã, deverão resultar produtos criados pelos participantes, entre os quais carteiras em cabedal, pisa-papéis em madeira e formas utilitárias de cerâmica. A ideia da Portuguese Makers é que este seja o ponto de partida para duas colecções anuais temáticas, aplicadas em cinco objectos.

Como escrevi, este encetar de caminho pode vir a ser muito importante para os artesãos portugueses. Primeiro, ao trazer criadores de estatuto global, a Portuguese Makers está a mostrar aos participantes e ao mercado nacional que o sector é considerado e que tem potencial para gerar enorme valor.


Num país, como o nosso, onde há uma tradição muito forte de artesanato em algumas áreas nobres, como a cerâmica ou o cabedal, não há razão para continuarmos parados no tempo.


Ao mesmo tempo, são obviamente os artesãos com carreira firmada aqueles que possuem a melhor informação sobre o processo criativo, mas também sobre os mecanismos do mercado e as condições de criação e negócio, o que torna o seu testemunho valioso para todos aqueles que querem iniciar um percurso na área.

Mas talvez o contributo mais importante desta Craft Week seja o menos material de todos. Num país, como o nosso, onde há uma tradição muito forte de artesanato em algumas áreas nobres, como a cerâmica ou o cabedal, não há razão para continuarmos parados no tempo, muito atrás de potências como o Reino Unido, a Itália, o Japão ou os países escandinavos, onde o artesanato atinge um enorme valor, exactamente porque gera produtos únicos, e não massificados.

Assim, mostrar que é possível criar e gerar valor para todos com criações únicas de série limitada é uma mensagem que tem ainda de ser repetidamente partilhada em Portugal, e ideias como esta da Portuguese Makers são as mais eficazes.


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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