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Quer conhecer as ordens secretas de Trump? Virgolino Faneca revela-as

Virgolino Fanecca revela o teor de 12 ordens executivas assinadas por Donald Trump que se perderam entre a chuva dourada e mediática de outras, aparentemente mais relevantes. Um erro de avaliação, como se pode constatar.

24 de Fevereiro de 2017 às 17:00
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Cara Isilda

Sei que tens estado apreensiva com as informações provenientes dos EUA, onde se encontra o teu filho Fernando, que, por usar bigode, ter a tez escura e o cabelo preto, pode facilmente ser confundido com um mexicano. Para que te desinquietes, informo-te que já lhe enviei um frasco de água oxigenada para lhe aclarar os fios capilares e aconselhei-o a trocar o bigode por uma mosca centrada no lábio superior de forma a dar parecenças a um senhor que já morreu, mas de quem o Steve Bannon parece gostar imenso. Sugeri também que passasse a usar uma camisola com os dizeres "Grab Them By The Pussy", o que com sorte lhe poderá até abrir as portas da Trump Organizations.

Por outro lado, tive acesso às 12 ordens executivas mais importantes assinadas pelo Presidente Donald Trump e posso descansar-te porque em nenhuma delas é referido o nome do Fernando, embora exista uma referência a Portugal que pode prejudicar o relacionamento bilateral. Julgo, contudo, que será um quiproquó passageiro, passível de ser ultrapassado com meia dúzia de SMS do Mário Centeno, o qual é especialista nestas coisas.

Aqui ficam, pois, as ordens de Donald Trump, para que constates pelos teus próprios olhos que o Fernando não corre perigo.

Ei-las:

1. Renomear a Sala Oval que doravante passará a ser conhecida como Sala Fabergé, decisão que também é vista como um piscar de olho a Putin, dado que o senhor Fabergé começou por fazer estes ovos para os czares da Rússia.

2. Renomear a Casa Branca que doravante passará a ser identificada como Casa Supremacista e o jardim Jacqueline Kennedy como jardim Steve Bannon, que como se sabe é um amante da floricultura.

3. Indigitar a filha Ivanka como conselheira de moda da CIA, da NSA, do FBI e do US Army. Temos de torturar os nossos inimigos com estilo, justificou Trump em nota de rodapé.

4. Intimar a Walt Disney para que o estúdio altere o nome de Pato Donald. A partir de agora passará a chamar-se "The Huge and Phenomenal" Pato Donald.

5. Substituir "The Star-Spangled-Banner" como hino nacional pelo "The Wall" dos Pink Floyd. Existirá uma versão em castelhano que será transmitida em contínuo através de poderosos altifalantes instalados na fronteira com o México.

6. Alterar o dicionário inglês de sinónimos. A partir de agora, verdade e Trump serão palavras com o mesmo significado.

7. Criar uma nova temporada do programa "The Apprentice", onde os candidatos vão concorrer por uma vaga de conselheiros de Segurança Nacional de Trump.

8. Declarar Portugal como país muçulmano, decisão que só será revogada quando as autoridades do país obrigarem os donos do restaurante "The Great American Disaster" a mudar a designação comercial do estabelecimento para "Make America Great Again".

9. Alterar a Constituição norte-americana devido à extensão dos seus sete artigos ser "boring". A partir de agora, a Constituição passa a ter um artigo único: Tudo o que o Presidente Donald Trump diz é 100% verdade.

10. Nomear Jared Kushner como Presidente do Resto do Mundo, exceptuando a Rússia, porque o Putin oferece chuva dourada e é bom em tecnologias.

11. Instituir a Fox News como mensageira da palavra de Deus, i.e., do Presidente dos EUA, i.e, de Donald Trump.

12. Instituir o Dia Nacional Trump, que será celebrado a 14 de Junho, data de nascimento do próprio, para enaltecer as qualidades do mais brilhante líder da América de todos os tempos e dos tempos que ainda hão-de vir.

Como vês, Isilda, ao contrário do que as pessoas insinuam, o senhor Trump é um poço de sabedoria, qualidade que verte nas suas majestosas ordens executivas. O resto é conversa.

Um beijo repenicado deste teu,

 

Virgolino Faneca


Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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