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Perfumes: Aromas do mundo

Os perfumes, tal como a alimentação ou os vinhos, são, muitas vezes, a poesia do mundo. A nossa personalidade também é um reflexo destes aromas em que nos envolvemos. A Gucci surge agora com o seu Guilty Absolute.

21 de Janeiro de 2017 às 15:00
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Jean de Boufflers dizia que: "o prazer é a flor que passa; a memória é o perfume que fica". O perfume é o encontro dos homens e das mulheres consigo próprios. Objecto de culto, objecto de troca, cada um busca nele um sonho perdido. Giono dizia que num aroma está a alma do mundo. Mas uma alma inquieta, que nunca cessa de nos interrogar, como cada um dos nossos sentimentos. É então a Arábia encantada que nos surge. Bagdad e os seus jardins suspensos. Damasco e a Rosa Damascena. Cleópatra rodeada de pétalas de flores. Ou o incenso, a baunilha, o cedro, a canela, o sésamo, as resinas e os óleos que caravanas fabulosas. Há num aroma ou num perfume a sede da descoberta. A arte da perfumaria, a arte da cozinha, é a ciência de acalmar o sabedor, para excitar o nariz e fazer água na boca.

Muitas histórias passam pelo rio dos aromas. Até porque, através dos aromas, cruzaram-se civilizações e trocaram-se saberes. Lisboa já foi a capital dos aromas das especiarias mas, em determinadas ruas, ainda hoje se cruzam odores da Índia, da China ou da África. Tal como aromas de todos esses mundos se encontram dentre de pequenas lâmpadas de Aladino, ou seja, de belos frascos de perfume.

Poucos não terão lido "O Perfume" de Patrick Süskind, a história, passada no século XVIII, em que se conta o estranho caso de Jean-Louis Grenouille, o homem que, ao sentir, identificar e fragmentar todos os odores em seu redor, se apercebe que não tem cheiro nenhum. Ele procura incessantemente construir um cheiro para si, uma identidade pelo olfacto e para o seu olfacto, que seja a síntese da sua vida. Que só encontra na morte, na retirada sinistra do odor da pureza das jovens virgens que encontra. Para ele, o aroma é o irmão da respiração. No fundo, recupera a primeira função do fumo dos aromas queimados, que procuravam fazer chegar mais cedo a alma dos seres humanos aos deuses. Da mesma forma como, depois, os perfumes chegam, como na história de Cleópatra e Marco António, para conquistar os corações e a atenção. Nenhum de nós fica indiferente aos aromas. Mais do que revelar a personalidade de uma pessoa, o perfume influencia o estado de espírito de cada um de nós. Por isso, aqui descobrimos os aromas dos perfumes que nos tentam no Ocidente e mesmo aqueles que, vindos de outras paragens (como o Omã), tentam os nossos sentidos.

Os portugueses conviveram com eles, seja nas especiarias que trouxeram da Índia, seja dos frutos e legumes que trouxeram para animar a nossa culinária. Os aromas fizeram com que o mundo ficasse mais próximo e que o desconhecido deixasse de o ser tanto. No Médio Oriente, faziam-se cosméticos numa altura em que se julgava que o mundo era plano. As caravanas que vinham do Oriente, como as naus que vinham da índia, traziam fragmentos de outro mundo. Muitos dos pitéus que hoje degustamos à nossa mesa estão cheios de referências culturais de um mundo imenso. Tal como os nossos vinhos, onde nos seus aromas descobrimos o brilho de outras latitudes.

Os perfumes, tal como a alimentação ou os vinhos, são, muitas vezes, a poesia do mundo. A nossa personalidade também é um reflexo destes aromas em que nos envolvemos. Não espanta, por isso, que cada vez mais desportistas, cantores ou actores, criem perfumes. No fundo, estão a tentar partilhar connosco um pouco da sua personalidade, do seu aroma. São conceitos que estão sempre por detrás dos produtos. Cada perfume transporta um estilo, confere um grau de sedução, garante um grau de independência. É desse mundo de mistérios e maravilhas que falamos nestas páginas aromáticas.

A Gucci surge agora com o seu Guilty Absolute, criado para o homem. Nasceu de uma colaboração especial entre o director criativo Alessandro Michele e o mestre perfumista Alberto Morillas e, segundo eles, personifica o homem livre e é feito para ele - uma expressão inovadora de um aroma masculino amadeirado. O couro é o aroma herói e presta homenagem a este material fundador da marca e presente em todas as colecções Gucci; o frasco termina com detalhes inspirados num "lounge" requintado e as texturas e cores são as dos cigarros e do cognac, numa total simbiose sensorial.

Para realizar esta fragrância, Alberto Morillas definiu o perfume com base em duas notas principais, uma mescla personalizada de acordes de couro Woodleathe, um tributo às raízes da casa Gucci e de Goldenwood, um tipo raro de uma nota utilizada na concepção de perfumes, e um novo extracto natural do cipreste de Nootka. Ao descobrir o ingrediente sob um artefacto de vidro no arquivo do Jardim Botânico Real, Alberto Morillas seleccionou-o especialmente para este perfume. O resultado são notas de madeira ultra-secas, profundas e complexas. Mais uma proposta para o imenso universo dos aromas que nos cercam e tentam cativar.



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