Notícia
Pamukkale: Esplendor na Turquia
A água a correr montanha abaixo, a mais de 35 graus, forte em calcário, fez nascer o “castelo de algodão”, um paraíso ainda desconhecido a muitos turistas que visitam a Turquia. Esta região é um espectáculo da natureza e Património da UNESCO desde 1988.
06 de Novembro de 2016 às 10:00
Se há fenómenos da natureza capazes de nos deixarem de boca aberta, de tão diferentes que são, Pamukkale é um deles. Provavelmente, um dos locais mais especiais por onde já andei, sabendo de antemão que há centenas de outros por onde quero andar. Não é dos sítios mais directos da Turquia para se chegar sem uma excursão organizada, mas também não é complicado. Basta ter apenas um pouco de planeamento na viagem que quer fazer. Pamukkale, que em turco não é mais nem menos do que "castelo de algodão" - não podia haver melhor forma de o designar - é também história, ou não estivesse rodeado de ruínas da cidade romana de Hierapolis. Perca, pelo menos, um dia para visitar a região, toda ela Património da UNESCO desde 1988. E pode sentir que é pouco!
Comecemos por Pamukkale, a grande atracção da região. Crê-se que as colinas começaram a ser formadas há 14 mil anos (!) e não são mais do que uma maravilha da natureza. A água a mais de 35 graus desce pela montanha, numa elevação de 160 metros de altura e, sendo rica em cálcio bicarbonato provoca a libertação de dióxido de carbono, o que leva à sua dissolução e formação das colinas, em forma de terraços. A explicação geológica é esta, a dos olhos de uma turista é que estamos perante algo difícil de ver em outros locais do mundo.
Felizmente, ainda é possível visitar Pamukkale e ter zonas intactas, apesar dos muitos turistas que entram no parque por dia e que massacram a natureza. Para prevenir o pior, e porque há uma ou outra zona já danificada, o Governo da Turquia estabeleceu regras rígidas de funcionamento no interior e que dependem do bom senso de cada um respeitá-las ou não - é impossível ter seguranças atentos a todos os visitantes. Para que os terraços não se danifiquem mais, o que levaria a que, daqui a uns anos, Pamukkale pudesse estar em perigo, foram construídas, numa das encostas, piscinas completamente iguais às naturais e nas quais é possível (e permitido) entrar. A diferença é que o fundo não é formado de calcário, mas a sensação é a mesma e a água é a que "alimenta" todas as outras, sendo por isso quente. A alguns quilómetros (poucos) de Pamukkale, é possível visitar a vila de Karahayit, nada imponente em termos comparativos, mas onde a água é vermelha e ainda mais quente do que em Pamukkale. E com um nível inferior de dióxido de carbono.
Mesmo no Inverno
A vantagem de Pamukkale, não sendo um destino de praia, e ficando até a 200 quilómetros de qualquer cidade costeira da Turquia, é que pode ser visitada de Inverno e de fato de banho na mala. Lembre-se que a água está a temperatura alta e seria imperdoável não experimentar, pelo menos por escassos minutos, uma maravilha destas. As vistas de cima são fantásticas e vai querer parar algum tempo. Voltando à questão da preservação, tenha em atenção que no parque de calcário só pode entrar descalço ou com chinelos de borracha, de forma a não danificar o solo. Apesar de a água galgar colina abaixo, não tenha medo porque o piso não escorrega e até os mais novos andam por ali em segurança. O único cuidado que deve ter é com os rios que jorram água a uma velocidade incrível, montanha abaixo, e que podem constituir um perigo se resolver entrar e não se agarrar bem. Ao invés, se o conseguir fazer terá uma massagem natural garantida!
Estará a pensar que a Turquia não é dos locais mais tranquilos do mundo para se visitar por agora... Pois, não é, de facto. A instabilidade é grande, sobretudo devido ao início da operação militar do exército turco na Síria contra o DAESH, mas o país é enorme e Pamukkale fica relativamente longe de qualquer grande centro urbano como a capital Ankara ou a cidade mais turística, Istambul. Para ter noção, Gaziantep, a última grande cidade da Turquia na fronteira e que dista 120 quilómetros de Aleppo, na Síria, fica a 1300 quilómetros de Pamukkale.
História em todo o lado
Mesmo que não se perca de amores por História, é impossível não parar para visitar Hierapolis, cidade fundada no século II AC, cujo bilhete de entrada integra o de Pamukkale e custa 5,80 euros (20 liras turcas). A ligação, aliás, é feita através do Parque Natural, que abre às 8:30 e encerra às 19:30. O teatro romano é o ex-libris da antiga cidade romana e tem estado a ser recuperado. Se estiver em boa forma física, suba a escadaria e imagine a antiguidade nesta "cidade sagrada" - é este o significado do seu nome. Se hoje podemos por ali ver ruínas, bem podemos agradecer a Nero, que mandou reconstruir toda a cidade no século I DC, após a mesma ter sido abalada por vários terramotos. Diferentes de todas as outras cidades antigas, precisamente por estar situada em camadas de pedra calcária, Hierapolis tem algumas atracções: além do Teatro, também o Templo de Apolo e a Necrópole são monumentos a visitar.
O único extra nesta visita ao Parque Natural de Pamukkale, além da comida que é possível comprar no interior, será o uso da piscina, onde existem colunas romanas deitadas na água, e que terá sido construída a pedido de Cleópatra. Presume-se, sem certeza histórica, que pertenciam ao Templo de Apolo na antiguidade. A piscina, também ela considerada sagrada, recebe água da terra e já no século II AC era um spa usado pelos locais. Porque não testá-lo mais de 2 mil anos depois?
Como ir
Pamukkale fica a 70 quilómetros do aeroporto de Denizli, o mais perto da região. Se vier de Istambul, pode apanhar um avião da Pegasus, a segunda companhia aérea em termos de expressão da Turquia, que custa cerca de 30 euros, ida e volta. O único inconveniente é que terá de apanhar o voo no Sabiha Gökçen, aeroporto situado na parte asiática de Istambul. A Pegasus viaja para algumas cidades europeias e, por exemplo, se não quiser visitar Istambul poderá apanhar um avião em Madrid até Denizli, com o preço a rondar os 200 euros, ida e volta (com uma escala). Outra alternativa é ficar numa cidade costeira, como Ölüdeniz, Bodrum ou Antalya, de onde é possível fazer excursões de um dia até Pamukkale.
Moeda:
Lira turca. 1€: 3,45 liras
(A moeda sofreu, nos últimos tempos, uma forte queda e oscilação)
Visto:
Deve ser pedido online (https://www.evisa.gov.tr) e é instantâneo, mediante o pagamento de 20 euros. O visto, para cidadãos portugueses, é válido para 90 dias em cada semestre. Desde 2013, não precisa de passaporte para entrar
na Turquia. O cartão do cidadão é suficiente, mas o pedido de visto demora mais tempo.
Línguas:
O turco é a língua oficial, mas o inglês é falado pela generalidade das pessoas, sobretudo numa faixa etária mais nova, em todas as zonas do país que lidam com turismo.
Comida:
A gastronomia turca é mundialmente conhecida e é deliciosa. Naturalmente, tem muitas especiarias e uma imensidão de pratos. O borrego e o frango são as carnes mais consumidas, o que acaba por ser normal num país maioritariamente muçulmano. O Kebab é uma espécie de prato nacional e há para vários gostos. Se gosta de sopa, experimente a sopa de lentilhas vermelha e se é guloso não deixe de provar um "turkish delight". Também há de muitas variedades e sabores diferentes. Obrigatório, mesmo que não goste de café com "borra", é o café turco e, se quiser aventurar-se nas bebidas alcoólicas, nada como provar o Raki, uma bebida tradicional à base de anis. A "Efes" é a cerveja nacional da Turquia.
Comecemos por Pamukkale, a grande atracção da região. Crê-se que as colinas começaram a ser formadas há 14 mil anos (!) e não são mais do que uma maravilha da natureza. A água a mais de 35 graus desce pela montanha, numa elevação de 160 metros de altura e, sendo rica em cálcio bicarbonato provoca a libertação de dióxido de carbono, o que leva à sua dissolução e formação das colinas, em forma de terraços. A explicação geológica é esta, a dos olhos de uma turista é que estamos perante algo difícil de ver em outros locais do mundo.
Felizmente, ainda é possível visitar Pamukkale e ter zonas intactas, apesar dos muitos turistas que entram no parque por dia e que massacram a natureza. Para prevenir o pior, e porque há uma ou outra zona já danificada, o Governo da Turquia estabeleceu regras rígidas de funcionamento no interior e que dependem do bom senso de cada um respeitá-las ou não - é impossível ter seguranças atentos a todos os visitantes. Para que os terraços não se danifiquem mais, o que levaria a que, daqui a uns anos, Pamukkale pudesse estar em perigo, foram construídas, numa das encostas, piscinas completamente iguais às naturais e nas quais é possível (e permitido) entrar. A diferença é que o fundo não é formado de calcário, mas a sensação é a mesma e a água é a que "alimenta" todas as outras, sendo por isso quente. A alguns quilómetros (poucos) de Pamukkale, é possível visitar a vila de Karahayit, nada imponente em termos comparativos, mas onde a água é vermelha e ainda mais quente do que em Pamukkale. E com um nível inferior de dióxido de carbono.
Mesmo no Inverno
A vantagem de Pamukkale, não sendo um destino de praia, e ficando até a 200 quilómetros de qualquer cidade costeira da Turquia, é que pode ser visitada de Inverno e de fato de banho na mala. Lembre-se que a água está a temperatura alta e seria imperdoável não experimentar, pelo menos por escassos minutos, uma maravilha destas. As vistas de cima são fantásticas e vai querer parar algum tempo. Voltando à questão da preservação, tenha em atenção que no parque de calcário só pode entrar descalço ou com chinelos de borracha, de forma a não danificar o solo. Apesar de a água galgar colina abaixo, não tenha medo porque o piso não escorrega e até os mais novos andam por ali em segurança. O único cuidado que deve ter é com os rios que jorram água a uma velocidade incrível, montanha abaixo, e que podem constituir um perigo se resolver entrar e não se agarrar bem. Ao invés, se o conseguir fazer terá uma massagem natural garantida!
Estará a pensar que a Turquia não é dos locais mais tranquilos do mundo para se visitar por agora... Pois, não é, de facto. A instabilidade é grande, sobretudo devido ao início da operação militar do exército turco na Síria contra o DAESH, mas o país é enorme e Pamukkale fica relativamente longe de qualquer grande centro urbano como a capital Ankara ou a cidade mais turística, Istambul. Para ter noção, Gaziantep, a última grande cidade da Turquia na fronteira e que dista 120 quilómetros de Aleppo, na Síria, fica a 1300 quilómetros de Pamukkale.
História em todo o lado
Mesmo que não se perca de amores por História, é impossível não parar para visitar Hierapolis, cidade fundada no século II AC, cujo bilhete de entrada integra o de Pamukkale e custa 5,80 euros (20 liras turcas). A ligação, aliás, é feita através do Parque Natural, que abre às 8:30 e encerra às 19:30. O teatro romano é o ex-libris da antiga cidade romana e tem estado a ser recuperado. Se estiver em boa forma física, suba a escadaria e imagine a antiguidade nesta "cidade sagrada" - é este o significado do seu nome. Se hoje podemos por ali ver ruínas, bem podemos agradecer a Nero, que mandou reconstruir toda a cidade no século I DC, após a mesma ter sido abalada por vários terramotos. Diferentes de todas as outras cidades antigas, precisamente por estar situada em camadas de pedra calcária, Hierapolis tem algumas atracções: além do Teatro, também o Templo de Apolo e a Necrópole são monumentos a visitar.
O único extra nesta visita ao Parque Natural de Pamukkale, além da comida que é possível comprar no interior, será o uso da piscina, onde existem colunas romanas deitadas na água, e que terá sido construída a pedido de Cleópatra. Presume-se, sem certeza histórica, que pertenciam ao Templo de Apolo na antiguidade. A piscina, também ela considerada sagrada, recebe água da terra e já no século II AC era um spa usado pelos locais. Porque não testá-lo mais de 2 mil anos depois?
Como ir
Pamukkale fica a 70 quilómetros do aeroporto de Denizli, o mais perto da região. Se vier de Istambul, pode apanhar um avião da Pegasus, a segunda companhia aérea em termos de expressão da Turquia, que custa cerca de 30 euros, ida e volta. O único inconveniente é que terá de apanhar o voo no Sabiha Gökçen, aeroporto situado na parte asiática de Istambul. A Pegasus viaja para algumas cidades europeias e, por exemplo, se não quiser visitar Istambul poderá apanhar um avião em Madrid até Denizli, com o preço a rondar os 200 euros, ida e volta (com uma escala). Outra alternativa é ficar numa cidade costeira, como Ölüdeniz, Bodrum ou Antalya, de onde é possível fazer excursões de um dia até Pamukkale.
Moeda:
Lira turca. 1€: 3,45 liras
(A moeda sofreu, nos últimos tempos, uma forte queda e oscilação)
Visto:
Deve ser pedido online (https://www.evisa.gov.tr) e é instantâneo, mediante o pagamento de 20 euros. O visto, para cidadãos portugueses, é válido para 90 dias em cada semestre. Desde 2013, não precisa de passaporte para entrar
na Turquia. O cartão do cidadão é suficiente, mas o pedido de visto demora mais tempo.
Línguas:
O turco é a língua oficial, mas o inglês é falado pela generalidade das pessoas, sobretudo numa faixa etária mais nova, em todas as zonas do país que lidam com turismo.
Comida:
A gastronomia turca é mundialmente conhecida e é deliciosa. Naturalmente, tem muitas especiarias e uma imensidão de pratos. O borrego e o frango são as carnes mais consumidas, o que acaba por ser normal num país maioritariamente muçulmano. O Kebab é uma espécie de prato nacional e há para vários gostos. Se gosta de sopa, experimente a sopa de lentilhas vermelha e se é guloso não deixe de provar um "turkish delight". Também há de muitas variedades e sabores diferentes. Obrigatório, mesmo que não goste de café com "borra", é o café turco e, se quiser aventurar-se nas bebidas alcoólicas, nada como provar o Raki, uma bebida tradicional à base de anis. A "Efes" é a cerveja nacional da Turquia.