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O caso Baptista na pintura portuguesa

O pintor de Leiria é, provavelmente, um dos poucos casos no actual mercado nacional onde o investimento será seguro. Tal dever-se-á à regularidade e consistência do seu trabalho.

27 de Janeiro de 2018 às 09:00
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Caminhando agora velozmente nos primeiros tempos da casa dos trinta anos, Tiago Baptista é um bom caso de estudo para os investidores interessados em pintores portugueses situados naquele espaço difícil de marcar, algures entre o afastamento definitivo do emergente e ainda a alguma distância do consolidado.

Com trabalho sólido desde muito jovem, e ainda estudante na ESAD das Caldas da Rainha, onde foi detectado pela sua galeria de sempre, 3+1, Baptista tem sido sucessivamente distinguido com os principais prémios nacionais, recentes, ainda existentes, ou já extintos.

Ao mesmo tempo, os seus trabalhos têm sido adquiridos pelas mais conhecidas colecções nacionais, das que privilegiam o valor artístico às que sublinham o valor de mercado. Neste capítulo, há uma nota muito importante, especialmente quando falamos de pintores nacionais, que é a de que Baptista tem visto regularmente a sua pintura ser comprada por colecções internacionais. Não são ainda investidores de topo, ou seja, aqueles que dominam os primeiros escalões do mercado global, mas não deixam de ser europeus e sul-americanos.

Deste modo, o valor das obras de Baptista tem evoluído de forma prudente, mas sustentada, das centenas de euros das primeiras aparições para os sólidos milhares em que agora se situa.

No entanto, onde mais se nota a diferença Baptista é na regularidade e na consistência. Num ambiente criativo nacional, em que persiste o axioma de que o trabalho deve estar submetido à inspiração metafísica, Baptista é um dos poucos casos de permanência laboral no ateliê, permitindo-lhe aparecer com trabalho nos períodos temporais aconselhados pelas boas práticas.

Esta relação operária com a obra permite-lhe, também, manter a coerência das suas ideias, e a aplicação destas num corpo onde nunca se nota facilitismo, cedências ou aumentos trágicos de velocidade ditados por prazos. Deste modo, o caso Baptista é excepcional no nosso panorama criativo.

A sua exposição [Atrás do Pensamento], agora inaugurada na 3+1, é assim uma continuação coordenada da proposta do pintor, mas igualmente uma construção de outros modos de contar a sua história. A sua narrativa fundamental é a de encontrar imagens para o terror dos mundos internos e o absurdo das paisagens que o rodeiam, e é esse o confronto que volta a ser fixado nesta mostra. Que este confronto tenha na exposição novas formas, novas expressões e novos ângulos, prova de que Tiago Baptista continua a rondar, mas não a repetir.


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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