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Êxodo na Casa Branca

A Casa Branca parece ter uma porta giratória. O último a sair foi Steve Bannon, o estratega político do Presidente. Antes, vários empresários que pertenciam a conselhos consultivos presidenciais pediram demissão pela falta de firmeza de Trump contra o racismo, nos acontecimentos de Charlottesville. No Partido Republicano soma inimigos. O Presidente dos EUA está cada vez mais isolado. E isso pode ser perigoso.

Kevin Lamarque/Reuters
25 de Agosto de 2017 às 11:29
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Em 2004 a cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia, foi considerada a melhor cidade para viver nos Estados Unidos. O estudo que lhe deu o primeiro lugar no pódio, intitulado "Cities Ranked and Rated", de Bert Sperling e Peter Sander, avaliava, entre outras coisas, o custo de vida, desenvolvimento, clima e qualidade de vida. Ironicamente, a pequena localidade, onde viveu o terceiro presidente norte-americano Thomas Jefferson, tornou-se no palco de confrontos violentos a 12 de Agosto, cujas imagens correram mundo.

Nesse dia, a cidade recebeu uma marcha de grupos supremacistas brancos intitulada "Unite the Right" (Unir a Direita), que envergavam bandeiras nazis e da Confederação. O motivo da manifestação era a retirada de uma estátua de Robert E. Lee do centro de Chalottesville, um general confederado, defensor da escravatura, que participou da Guerra Civil Americana.

Em reacção à manifestação, vários grupos denominados "antifascistas" também se juntaram na cidade em protesto. Um mistura explosiva. Tudo terminou em violência entre extremistas de direita e os seus opositores. Morreram três pessoas (dois polícias e uma mulher de 32 anos) e houve perto de duas dezenas de feridos.

O episódio sangrento de Charlottesville destapou uma ferida que ainda hoje não está sarada nos Estados Unidos – o racismo. O tema é sensível e fracturante. O momento pedia bom senso. Mas a reacção de Trump aos acontecimentos ainda deitou mais achas para a fogueira.

Charlottesville, a gota de água

Numa conferência de imprensa na Trump Tower, em Nova Iorque, o Presidente teve uma atitude ambígua ao afirmar que havia "culpa dos dois lados". Palavras que rapidamente foram aplaudidas pelo líder da extrema direita norte-americana Richard Spencer e pelo antigo líder do Ku Klux Klan, David Duke. Mas que não agradaram a vários sectores da sociedade norte americana.

Nos três dias seguintes chegaram à Casa Branca oito pedidos de demissão de CEO das maiores empresas nacionais que faziam parte dos conselhos consultivos do Presidente para a área empresarial. O primeiro foi Kenneth Frazier, da farmacêutica Merck que fez uma declaração pública: "Os líderes americanos têm que honrar os nossos valores fundamentais rejeitando claramente expressões de ódio e de supremacia de grupo".


Foi seguido por mais sete CEO, entre eles o da Intel, Brian Krzanich, que no site da companhia escreveu: "Demito-me porque quero progredir, enquanto muitos em Washington parecem estar mais preocupados em atacar qualquer pessoa que discorde com eles". Também a demissionária Denise Morrison, presidente da Campbell Soup, fez uma declaração oficial. "O racismo e o assassínio são inequivocamente repreensíveis", defendeu a empresária. Trump agiu de imediato.

"Em vez de colocar pressão nos empresários do Conselho Empresarial e do Fórum de Estratégia e Políticas, acabei com ambos. Agradeço a todos". Foi desta forma que anunciou na sua tribuna preferida, o Twitter, que tinha decidido dissolver os dois órgãos consultivos que criou com o objectivo de promover o emprego no país. Na verdade não terá tido outra alternativa uma vez que se deparou com uma debandada geral dos líderes empresariais que não quiseram estar "colados" à Casa Branca depois das suas declarações sobre Charlottesville. E não só por uma questão moral. As empresas sabem que estando associadas a Trump as suas marcas podem ser alvo de boicote por parte dos consumidores. Isso pesa mais na balança do que os eventuais benefícios de estar perto do Presidente dos Estados Unidos e poder influenciar as suas decisões.


A CNN resumiu a situação de Trump: ele foi "posto de lado pelos aliados empresariais, condenado por republicanos proeminentes e alvo de uma repreensão de dois antecessores".



A relação de Trump com as empresas já estava fragilizada há muito. Ao longo destes sete meses de Governo houve vários dossiers que opuseram as companhias americanas à Casa Branca. Primeiro foi a negação das alterações climáticas, depois o bloqueio à entrada nos Estados Unidos de pessoas oriundas de sete países muçulmanos, agora o racismo. Trump está cada vez mais separado da comunidade empresarial e Charlottesville foi a gota de água que fez transbordar o copo.

A CNN resumiu desta forma a situação do Presidente: ele foi "posto de lado pelos aliados empresariais, condenado por republicanos proeminentes e alvo de uma repreensão rara de dois antecessores" (George H.W. Bush e o filho, George W. Bush). Desta vez Trump pisou uma linha vermelha. E até na sua família o assunto é desconfortável. A filha Ivanka mantém-se em silêncio. É_casada com um judeu, Jared Kushner, um dos conselheiros mais próximos do Presidente.

Viriato Soromenho-Marques, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, teme que Charlottesville "desperte um fenómeno de violência racial muito grande" no país. O académico, defende que Trump "traz dentro de si um grande problema que a América tem", que é "o espectro da fragmentação". É preciso lembrar que "a América teve uma guerra civil" com mais mortos do que em "todas as outras guerra juntas" no exterior em que esteve envolvida. "É um tema sensível", diz. E Trump tem sido um "desestabilizador".

A forma ambígua como Trump reagiu aos confrontos violentos em Charlottesville, a 12 de Agosto, levou a que se levantasse uma onda de protestos em vários sectores da sociedade americana. O tema sensível do racismo voltou a estar na ordem do dia.
A forma ambígua como Trump reagiu aos confrontos violentos em Charlottesville, a 12 de Agosto, levou a que se levantasse uma onda de protestos em vários sectores da sociedade americana. O tema sensível do racismo voltou a estar na ordem do dia. Joshua Roberts/Reuters

Mas Miguel Monjardino, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, defende que há um aspecto que está a escapar aos portugueses neste processo. "Tem havido muita violência de grupos de extrema-esquerda na América, de que não há praticamente notícias em Portugal", diz. A forma como Trump falou era uma tentativa de "chamar a atenção para este problema", só que "ao fazê-lo da maneira que fez, criou um problema político verdadeiramente explosivo".

Charlottesville também foi "um desastre" do ponto de vista institucional, considera o académico, porque contribuiu para "o afastamento dos republicanos". E, recorda Miguel Monjardino, o Congresso vai a eleições para o ano. "Se Donald Trump não for capaz de concretizar, do ponto de vista legislativo, pelo menos uma parte das promessas que fez [na campanha eleitoral], a prazo obviamente, estará condenado politicamente", conclui.

A decisão de manter as tropas no Afeganistão e a proposta para a reforma fiscal são, do seu ponto de vista, claros exemplos de que "ele começa a movimentar-se para tentar construir estas pontes com republicanos no Congresso". A dúvida é se não será tarde demais, porque "muitos republicanos sentem-se muito incomodados com algumas das posições do Presidente."

Há uma má relação entre Trump e Mitch McConnell, o líder da maioria republicana no Senado. O New York Times fala mesmo num clima de "guerra fria" e garante que os dois "não falam há semanas". 


É público que há uma má relação entre Trump e Mitch McConnell, o líder da maioria republicana no Senado. O New York Times fala mesmo num clima de "guerra fria" entre os dois e garante que "não falam há semanas". O Presidente não perdoa a falta de apoio quando tentou anular o Obamacare e o não impedimento das investigações às alegadas ligações de membros do seu "staff" e família à Rússia.

Recentemente McConnell não se inibiu de criticar Trump em público dizendo: [o Presidente] "não esteve nunca, como é claro, neste ramo profissional e acho que as suas expectativas estão desajustadas em relação à rapidez possível do processo democrático". Fontes próximas do experiente político republicano garantiram ao jornal que ele não teria problemas em liderar uma revolta para retirar o apoio do partido a Trump. Em privado McConnell já terá dito que o Presidente pode não chegar ao Outono na Casa Branca.

Talvez consciente de que pode ter os dias contados no poder Trump está a regressar às promessas eleitorais para reconquistar o seu eleitorado mas, como é seu timbre, continua a disparar em todos os sentidos. Esta terça-feira acusou os democratas de colocarem "toda a segurança da América em risco", num comício em Phoenix, e ameaçou que se o financiamento para a construção do muro na fronteira com México, não for aprovado do Congresso ele paraliza o Governo. Pelo meio também lançou farpas a senadores republicanos.

No discurso, que durou cerca de 80 minutos, considerou ser a "grande vítima" dos acontecimentos de Charlottesville e apontou o dedo à comunicação social que acusou de ser a fonte da divisão no país. Terminou o discurso fazendo um apelo à união do povo americano contra "os falsos meios de comunicação" que estão a "tentar tirar-nos a nossa história e a nossa herança". Lá fora, no exterior do Centro de Convenções de Phoenix, onde falava, um grupo de manifestantes anti-Trump foi dispersado pela polícia com bombas de fumo e gás pimenta.

Jonathan Ernst/Reuters

Steve Bannon, o homem que levou Trump para a Casa Branca
O CEO do portal de notícias Breitbart é uma das principais caras da "alt-right", um movimento marcado pelo "nacionalismo branco", o racismo, a misoginia e o anti-semitismo. Bannon foi fundamental para a eleição de Trump e foi o seu braço direito nestes sete meses em que esteve na Casa Branca, ao assumir o papel de chefe de estratégia e conselheiro sénior. O estratega, de 63 anos, ao contrário do que é habitual nos operacionais políticos, tinha assento no Conselho de Segurança Nacional. Defensor de uma agenda política radica é apontado como sendo o mentor da polémica ordem executiva que proibia a entrada no país de imigrantes muçulmanos oriundos de sete países do Médio Oriente e do norte de África, que acabou barrada nos tribunais. Com um MBA em Harvard trabalhou no Goldman Sachs até 1990. Depois fundou uma firma de investimentos com ex-colegas, onde ganhou poder económico que lhe permitiu mais tarde entrar no sector dos media.

É cada vez mais evidente que o Presidente está também agora mais isolado na Sala Oval. A equipa inicial que entrou há sete meses na Casa Branca já sofreu várias baixas de peso. Steve Bannon, o estratega político conotado com a extrema direita, que arquitectou a campanha eleitoral do milionário levando-o à vitória nas urnas, é o caso mais recente. Foi afastado na semana passada pelo Presidente no seguimento de umas declarações que fez, alegadamente em "off", à revista American Prospect, onde classificou os supremacistas brancos como "um bando de palhaços" e "falhados", falando dos confrontos em Charlottesville.

Na mesma entrevista Bannon contrariou Trump em matéria de política externa, negando a possibilidade de o conflito entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte vir a resultar numa solução militar. Isto quando Trump tinha prometido responder com "fogo e fúria nunca vistos" a um eventual ataque de Pyongyang. Estas declarações, segundo a CNN, terão deixado o Presidente furioso. A_Casa Branca anunciou a saída do estratega como sendo algo acordado entre Bannon e o recém chegado às funções de chefe de gabinete da Casa Branca, o general John Kelly. Mas em política nem tudo o que parece é.

Pôr ordem na casa

Quando o General John Kelly entrou para chefe de gabinete de Donald Trump, em Julho passado, impôs novas regras. "Toda a gente parece ter aceite na Casa Branca que a chave da sobrevivência desta Administração passa por um controlo muito mais intenso no acesso ao Presidente e na formulação do processo de decisão", diz Miguel Monjardino. E isso, na opinião deste académico, está a melhorar de forma substancial o processo de decisão interno. Antes da entrada do general reformado o processo de decisão "era completamente caótico porque era assim que Trump funcionava nas suas empresas", explica.

Jonathan Ernst/Reuters

John Kelly, o chefe de gabinete que "limpou" a Sala Oval

O general reformado de 67 anos, que assumiu em Julho o lugar de chefe de gabinete do Presidente dos EUA, já estava na Casa Branca. Tinha o cargo de secretário da Segurança Nacional, uma das pastas mais importantes da administração norte-americana. Antes nunca tinha assumido pastas políticas. Serviu nos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos durante quase cinco décadas e tem no seu currículo militar três missões no Iraque. Em 2010 perdeu um filho, também militar, em combate no Afeganistão. Assim que chegou à Sala Oval começou a fazer uma "limpeza" nos homens mais próximos do Presidente. Foi ele que exigiu a saída do director de comunicação, Anthony Scaramucci, que estava no cargo há apenas 10 dias, e do estratega político Steve Bannon, considerado o nº2 na Casa Branca. A sua principal missão é impôr ordem no caos que imperava no núcleo do Presidente. O acesso a Trump é agora mais condicionado. Mas será que vai conseguir controlar o próprio Presidente?

No fundo, a missão de John Kelly foi pôr ordem na casa e isso implicou afastar alguns membros da equipa, entre eles Steve Bannon. O até então braço-direito do Presidente voltou para o lugar de CEO do site de notícias Breitbart, conotado com a extrema direita, que deixou quando assumiu o cargo de estratego-chefe da Casa Branca. Quando saiu prometeu continuar a apoiar a Administração.

Miguel Monjardino acredita que Bannon percebeu que o seu apogeu em termos de influência junto do Presidente tinha chegado ao fim, ao ponto máximo. "Uma agenda de política nacionalista, de proteccionismo económico, só é possível de concretizar em Washington com imensos aliados em todos os níveis da administração. Bannon percebeu que não existem aliados suficientes", diz. A prova é que os nacionalistas "têm vindo a perder praticamente todas as batalhas" na nomeação de gente da sua confiança para cargos decisivos, que permitam levar a cabo essas mudanças políticas. "Ele percebeu que tinha de ir embora".

Agora são sobretudo militares que cercam Trump. Estes oficiais, habituados a obedecer a uma cadeia de comando e a disciplina, estão a tentar introduzir essa metodologia na Casa Branca, refere Miguel Monjardino. É uma nova fase na administração. Mas será de Donald Trump é controlável? Tudo indica que não. Como ele próprio disse quando anunciou a manutenção das forças armadas norte-americanas no Afeganistão, está habituado a seguir os seus "instintos".

Os riscos do isolamento

O que se pode esperar de um homem cada vez mais isolado com as características de Trump? O pior, defende Viriato Soromenho-Marques. "Aquilo que mais me preocupa é a política externa", diz. E explica porquê. "Tradicionalmente quando um Presidente dos Estados Unidos tem baixa popularidade, faz qualquer coisa na política externa, na defesa. A regra aplica-se a toda a gente, não só a presidentes republicanos. É uma espécie de lei da física da política americana." Para o académico há vários factores que se conjugam nesse sentido. "Temos uma crise externa com a Coreia do Norte e temos uma impopularidade e uma desorientação crescentes", aponta.

Viriato Soromenho-Marques não tem dúvidas de que Trump está cercado na Casa Branca. Foi "cavando uma ilha" à sua volta e terá cada vez menos opções de escolha. "Isso torná-lo-á mais perigoso", defende. "A questão é como é que ele, sendo um narcisista, reagirá sob pressão". São tempos de incerteza. O perigo é que "cometa mais algumas asneiras", nomeadamente começar uma guerra com a Coreia do Norte. "Estamos a falar de uma potência nuclear dirigida por uma pessoa que não se recomenda [Kim Jong-un]e que não tem qualquer mecanismo de controlo. Isso significa que temos duas pessoas ‘estranhas’ num conflito".


O ex-director das secretas norte-americanas, James Clapper pôs em causa a capacidade de Trump para ser Presidente dos EUA e considerou "muito assustador" que ele tenha acesso aos códigos nucleares.


Esta tese é subscrita pelo ex-director das secretas norte-americanas, James Clapper, que esta semana, em declarações à CNN, pôs em causa a capacidade de Trump para ser Presidente dos Estados Unidos e considerou "muito assustador" que ele tenha acesso aos códigos nucleares. "Se decidir fazer alguma coisa relativamente a Kim Jong-un há muito pouco que se possa fazer para o impedir", assumiu, porque o sistema foi construído para ter uma resposta rápida.

[Trump] está a "trazer o caos ao mundo e à América", defende Viriato Soromenho-Marques. "Podemos um dia despertar com a notícia de que rebentou uma bomba em Seul ou até em Pyong yang. Não estamos livres disso. É assustador, mas é verdade". A esperança do académico está na acção da China e da Rússia. Sendo que, do ponto de vista externo, "ele dá uma imagem muito negativa dos Estados Unidos", por causa da sua imprevisibilidade.

Ao nível interno a reforma fiscal é uma forte aposta do Presidente como forma de recuperar a popularidade junto do seu eleitorado e do Partido Republicano. Quanto à postura e à personalidade de Trump certamente manter-se-ão. Até porque, diz Miguel Monjardino, ele ganhou as eleições "exactamente por ser um líder completamente impulsivo, visceral, que numa fase da história americana disse aquilo que para muita gente era o que precisava ser dito".

Por outro lado, refere, Trump tem interesse em manter acesa a polémica em torno do racismo e de Charlottesville. Isso entretém a oposição e "mantém o partido democrata mais fixado à esquerda". Assim, o caminho fica aberto para prosseguir com o projecto económico proteccionista. Trump continuará a ser Trump. Afinal de contas, "ninguém muda aos 70 anos".


Efeito Charlottesville

Os empresários que bateram com a porta

Trump fez-se rodear de CEO de grandes empresas em conselhos consultivos da Casa Branca que pretendiam promover a criação de emprego. Mas ao longo dos sete meses de mandato foram várias as situações em que as relações do Presidente com a comunidade empresarial foram abaladas. Os acontecimentos em Charlottesville foram a gota de água.


O CEO da farmacêutica foi o primeiro a demitir-se do Conselho Industrial Americano. "Sinto a responsabilidade de tomar uma posição contra a intolerância e o racismo", escreveu no Twitter. A Merck vende para 140 países e emprega 69 mil pessoas, tendo um valor de mercado de 170,5 mil milhões de dólares. Trump reagiu na mesma rede social dizendo que agora Kenneth Frazier "terá mais tempo para baixar os preços exploradores dos medicamentos".


O engenheiro, descendente de croatas, chegou à liderança da maior fabricante do mundo de microprocessadores há quatro anos, mas está na empresa desde 1982. Anunciou a demissão do Conselho Industrial Americano no site da companhia, onde escreveu: "Devemos honrar - e não atacar - aqueles que se levantam pela igualdade e por outros apreciados valores americanos". A Intel emprega 100.600 pessoas e vale 163 mil milhões de dólares em bolsa.


A Presidente e CEO da Campbell Soup lidera uma empresa com quase 150 anos de história, que emprega 16.500 pessoas. É uma das 50 empresárias mais poderosas, dos EUA, segundo a Fortune. A Campbell Soup, que vale em bolsa 16.300 mil milhões de dólares, é líder de mercado em produtos como sopas, bolachas e comida orgânica de bebé. Denise Morrisson chegou à presidência há seis anos. Tem no currículo 30 anos de experiência no sector alimentar.


"Sustentabilidade, diversidade e inclusão são meus valores pessoais e também fundamentais da 3M", disse o presidente e CEO do grupo industrial numa nota a justificar a sua saída do lugar de conselheiro do Presidente. A 3M, fundada em 1902, está presente em todos os continentes e tem um valor de mercado de 121,3 mil milhões de dólares. Emprega 90 mil pessoas. A 3M orgulha-se de pagar dividendos há mais de 100 anos consecutivos aos seus accionistas.


A segunda carta de demissão que chegou à Casa Branca foi a do fundador e CEO da empresa de vestuário e calçado desportivo. A Under Armour foi fundada pelo empresário na cave da casa da avó em 1996, quando tinha apenas 23 anos. Actualmente a companhia, com sede em Baltimore, tem uma rede de 25 mil lojas em todo o mundo. A empresa vale em bolsa cerca de 7,2 mil milhões de dólares e emprega 15.200 pessoas.


O líder da maior federação sindical americana, que representa 12.5 milhões de trabalhadores, já foi presidente do sindicato dos mineiros, United Mine Workers. Em 2011 a revista Esquire Magazine nomeou-o um dos americanos do ano. Num comunicado conjunto com Thea Lee, Richard Trumka escreveu: "Não nos podemos sentar num Conselho de um Presidente que tolera a intolerância e o terrorismo doméstico".


À frente desta Aliança, que resulta de uma parceria estabelecida em 2007 por algumas das maiores industrias norte-americanas e o sindicato dos metalúrgicos, está um jurista que é presença habitual em programas de televisão. A AAM é uma organização sem fins lucrativos e apartidária. No Twitter, Scott Paul justificou a sua saída do Conselho Americano de Manufactura como sendo "a coisa certa a fazer".


A economista trabalha na federação sindical americana há 20 anos, como quadro superior. Foi chefe de gabinete do Presidente da AFL- CIO e economista chefe internacional da organização. A Casa Branca é um local que conhece bem. Há quatro Administrações consecutivas que serve o Presidente dos Estados Unidos integrando conselhos consultivos. Lee considerou "inapropriada" a reacção de Trump a Charlottesville.


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