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A ressurreição do vinil

O disco de vinil regressou ao mercado de forma estrondosa, alcançando aumentos de vendas que surpreendem tudo e todos. Para os investidores, é a altura para reavaliar a sua estratégia.

11 de Novembro de 2017 às 09:00
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É uma das mais espantosas histórias do mercado. O disco de vinil, dado como morto duas vezes, primeiro pelo CD, depois pelo ficheiro, e efectivamente agonizante nos primeiros anos deste século, voltou às lojas e às estantes dos melómanos. Os números da ressurreição são múltiplos, espectaculares, e partilhados por entidades seguras.

A Deloitte, no seu relatório anual de previsões, garante que em 2017 as vendas globais de discos de vinil chegarão, muito possivelmente, aos 900 milhões de dólares, correspondendo a uma previsão de venda de 40 milhões de álbuns, ou seja, o maior pico dos últimos 25 anos.

A tendência de regresso e crescimento começou a ser desenhada em 2005, e atingiu o nível mais alto em 2016, quando foram vendidos, um pouco por todo o mundo, álbuns que geraram uma receita de 416 milhões de dólares, um aumento de 53% em relação a 2015. Os Estados Unidos da América são o mercado mais forte do vinil, seguidos por Japão, Alemanha, França e Reino Unido.

Neste último país, as vendas em 2017 vão já em 3 milhões de libras, confirmando a tendência ascendente detectada em 2015 e 2016. Os especialistas apontam várias razões fundamentais para o regresso do formato, também conhecido por LP, criado em 1948, e que dominou a reprodução e distribuição de música até 1990, criando um culto entre os consumidores e dores de cabeça a mães e outras santas quando chegava a hora da arrumação.

Dos motivos principais, o primeiro é a necessidade de sobrevivência dos músicos e das bandas. Esmagados pelo "streaming" digital, sem possibilidade de obterem receitas, as bandas mudaram para os espectáculos ao vivo, mas também para um formato cativante para os fãs.

Ao mesmo tempo, começando a ressurgir como um culto de saudade da geração hoje entre os 40 e os 60 anos, o vinil começou a cativar as gerações mais novas, devido à sua materialidade. Ao contrário do digital, sem forma, e do CD, meramente um objecto de transmissão, o vinil tem a materialidade do disco, mas também de toda a arte da capa, e das notas do álbum. Pode ser tocado e admirado.

Esta tendência é confirmada pelos álbuns mais vendidos em 2016, em todo o mundo. Estão lá clássicos como os Beatles, David Bowie e Bob Marley, mas também contemporâneos como os Twenty One Pilots, Adele e Radiohead. No entanto, a razão mais provável do recomeço do vinil como fonte primordial de audição de música é que o objecto tem um valor. As edições hoje são limitadas, extremamente cuidadas do ponto de vista gráfico, e existe um cuidado enorme em realizar edições especiais, tanto dos velhos clássicos da pop, do rock, do jazz e da clássica, como das bandas que dominam a cena actual.

O que é curioso é que, obviamente, o regresso em massa do vinil tira valor ao objecto como activo do mercado. Ou seja, quantos mais forem disponibilizados, menor será o valor de cada um. Descobrir, a partir de agora, quais os álbuns mais valiosos é tarefa para investidores com conhecimento. 


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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