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A garrafa Siza Vieira

Uma boa ideia da EPAL, que distribui a água de Lisboa, resultou no regresso do arquitecto aos pequenos objectos únicos. Desta vez, é uma garrafa invulgar, que irá certamente ser procurada com avidez pelo mercado.

16 de Dezembro de 2017 às 12:00
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Felizmente para todos nós, e para o mercado, Álvaro Siza Vieira não cria só em escala maior. Ao lado dos edifícios que mudam o mundo e reescrevem a história da arquitectura, o mestre tem desde sempre marcado o seu percurso com objectos que cruzam várias disciplinas e várias referências. Há, para começo, os esquissos de trabalho que têm sido apresentados em várias galerias, e, depois, as esculturas, em materiais tão distintos como o ferro ou a pedra.

Na mesma corrente, ao longo das últimas décadas, Siza Vieira tem mantido uma constante colaboração com várias empresas ou instituições, das quais resultaram vários objectos de design utilitário. Há os candeeiros, de equilíbrio delicado entre o metal e o controlo da luz, mas também serviços de café, entre outros inúmeros exemplos.

Todas estas criações, algumas já com décadas, foram sempre sendo feitas em edição limitada, o que as valorizou de modo extremo no mercado, à medida que o trabalho do arquitecto foi sendo reconhecido no mundo. Ou seja, os objectos Siza Vieira são hoje bens procurados com elevada voracidade e em constante valorização.

A mais recente colaboração foi encetada pela EPAL, que gere as águas de Lisboa, e resultou numa garrafa que tem tudo para se tornar icónica. A garrafa, que recebeu o nome de Lisbon Soul, pretende representar Lisboa. A pesquisa de Siza Vieira levou-o para o Castelo de São Jorge, e, mais especificamente, para uma das suas torres, que em tempos era conhecida pela Torre das Serpentes, e ficou conhecida até hoje pela Torre de Ulisses. O arquitecto pega na lenda, que gira em torno do combate entre a Rainha das Serpentes e Ulisses, e que está ligada a uma das hipóteses míticas da fundação de Lisboa, para criar o objecto. O que daqui resulta é uma garrafa cuja forma permite imediatamente a filiação numa estrutura de um castelo, por um lado, mas que desencadeia igualmente uma leitura de um objecto singular, dado que não se submete às linhas habituais numa garrafa.

A Lisbon Soul procura também cumprir outro objectivo, já ao nível da sua função, que é o da sustentabilidade, através do apelo ao consumo de água da torneira. Em edição limitada, e com um preço modesto de 50 euros, a garrafa está para já à venda nos museus e lojas da EPAL, bem como nos hotéis que fazem parte da rede de aderentes da Associação de Hotelaria de Portugal, que colabora no projecto. É um bom regresso de Álvaro Siza Vieira aos seus pequenos objectos únicos.


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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