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Máquinas e mercados: 5 coisas que tem que saber
A última meia hora de negociação transformou-se na hora H, as notícias, mesmo as mais chocantes, já não influenciam os mercados da mesma forma e a culpa é toda dos robots.
20 de Março de 2017 às 15:22
As máquinas alteraram a realidade dos mercados. Não se trata de um estudo ou previsão, a inteligência artificial e os algoritmos instalaram-se há uns anos e hoje é possível identificar diversas mudanças, que vieram para ficar.
Alguns investidores estão preocupados com o facto de a inteligência artificial estar a tornar o mercado mais "imprevisível, volátil e até perigoso". Estas preocupações não são novas e nem sempre são racionais. Mas para o bem e para o mal, a verdade é que as ferramentas de apoio ao trading estão a proliferar e a transformar o mundo dos mercados tal como o conhecemos. O Financial Times fez uma análise a esta realidade, falou com especialistas e elaborou uma short-list de fenómenos com que temos que apreender a lidar. Conheça os mais relevantes:
1. As novas ferramentas de apoio à negociação, nos EUA, como os ETF’s sectoriais e ETF’S da ‘próxima geração’ estão de facto a mudar o mercado, nomeadamente o S&P500. O Financial Times explica que estes algoritmos/inteligência artificial estão a criar correlações pouco habituais e por vezes difíceis de explicar e dá um exemplo: "uma acção de um serviço normalmente com pouco interesse pode repentinamente tornar-se muito atractivo se o ETF que analisou a ‘baixa volatilidade’ do mercado assim o determinar. As acções podem registar chocantes e misteriosas movimentações no final do mês, baseados em factores de ajustamento quantitativos feitos por estes algoritmos, acrescenta o jornal.
2. Tendo em conta que nos Estados Unidos o investimento em ETF’s bateu um novo recorde em Fevereiro não é difícil adivinhar que a crescente importância dos últimos 30 minutos veio, certamente, para ficar.
O mercado norte-americano tem registado uma tendência de grande concentração da negociação na última meia hora, oscilações que muitas vezes ditam uma subida ou queda abrupta na sessão. Este fenómeno, particularmente visível nestes primeiros meses de 2017, já foi medido pela JP Morgan, que constatou que 37% do volume de negociações no New York Stock Exchange ocorre, de facto, nos últimos 30 minutos de negociação. A ‘culpa’, essa, é dos algoritmos. Os cada vez mais populares ETF’s (Exchange Traded Fund) - que normalmente assentam em algoritmos de investimento com diferentes complexidades - estão por defeito preparados para avançar para uma ordem/negociação no final do dia, depois de assimilar o comportamento do mercado.
4. As máquinas estão a fazer desaparecer as típicas reacções dos mercados à apresentação de resultados das empresas. Usualmente registava-se no mercado uma reacção inicial à divulgação dos resultados e movimentos significativos nos dias seguintes à medida que os gestores de fundos iam explorando com mais profundidade os números apresentados, mas essa tendência desvaneceu porque as máquinas fazem esse trabalho num ápice. Marko Kolanovic, director executivo da JPMorgan, defende mesmo, de acordo com o Financial Times, que esta tendência de reacção aos resultados "desapareceu " ao longo da última década .
5. Os sell-offs são aparentemente mais severos, mas registam uma reversão mais rápida do que no passado. Prova disso é a rapidez com que os mercados recuperaram de choques como o Brexit, os resultados das eleições nos Estados Unidos e o referendo em Itália.
O director executivo da JP Morgan estima que estes ‘turning points’ estão agora a registar a maior rapidez dos últimos 30 anos, devido às estratégias de trading autómato que rapidamente se ‘desligam’ das notícias que marcam o dia.
Alguns investidores estão preocupados com o facto de a inteligência artificial estar a tornar o mercado mais "imprevisível, volátil e até perigoso". Estas preocupações não são novas e nem sempre são racionais. Mas para o bem e para o mal, a verdade é que as ferramentas de apoio ao trading estão a proliferar e a transformar o mundo dos mercados tal como o conhecemos. O Financial Times fez uma análise a esta realidade, falou com especialistas e elaborou uma short-list de fenómenos com que temos que apreender a lidar. Conheça os mais relevantes:
2. Tendo em conta que nos Estados Unidos o investimento em ETF’s bateu um novo recorde em Fevereiro não é difícil adivinhar que a crescente importância dos últimos 30 minutos veio, certamente, para ficar.
O mercado norte-americano tem registado uma tendência de grande concentração da negociação na última meia hora, oscilações que muitas vezes ditam uma subida ou queda abrupta na sessão. Este fenómeno, particularmente visível nestes primeiros meses de 2017, já foi medido pela JP Morgan, que constatou que 37% do volume de negociações no New York Stock Exchange ocorre, de facto, nos últimos 30 minutos de negociação. A ‘culpa’, essa, é dos algoritmos. Os cada vez mais populares ETF’s (Exchange Traded Fund) - que normalmente assentam em algoritmos de investimento com diferentes complexidades - estão por defeito preparados para avançar para uma ordem/negociação no final do dia, depois de assimilar o comportamento do mercado.
3. Os "hiper-rápidos" equipamentos de apoio à negociação estão a criar movimentos súbditos, inexplicáveis e muito acentuados com uma muito maior regularidade. De acordo com os dados do Credit Suisse, estas ´máquinas´ já estão na base de metade de todas as negociações nos Estados Unidos: "Somos todos negociadores de alta frequência", acrescenta o banco suíço de investimento.
4. As máquinas estão a fazer desaparecer as típicas reacções dos mercados à apresentação de resultados das empresas. Usualmente registava-se no mercado uma reacção inicial à divulgação dos resultados e movimentos significativos nos dias seguintes à medida que os gestores de fundos iam explorando com mais profundidade os números apresentados, mas essa tendência desvaneceu porque as máquinas fazem esse trabalho num ápice. Marko Kolanovic, director executivo da JPMorgan, defende mesmo, de acordo com o Financial Times, que esta tendência de reacção aos resultados "desapareceu " ao longo da última década .
5. Os sell-offs são aparentemente mais severos, mas registam uma reversão mais rápida do que no passado. Prova disso é a rapidez com que os mercados recuperaram de choques como o Brexit, os resultados das eleições nos Estados Unidos e o referendo em Itália.
O director executivo da JP Morgan estima que estes ‘turning points’ estão agora a registar a maior rapidez dos últimos 30 anos, devido às estratégias de trading autómato que rapidamente se ‘desligam’ das notícias que marcam o dia.