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Fornecedoras americanas da Huawei afundam em bolsa com ordem punitiva dos EUA
O chefe da Casa Branca assinou ontem um decreto presidencial que proíbe as empresas norte-americanas de usarem equipamentos de telecomunicações de companhias estrangeiras consideradas de risco. A medida atinge diretamente a Huawei e nem as suas fornecedoras escaparam hoje à maré vermelha nos mercados.
O presidente norte-americano, Donald Trump, emitiu ontem uma ordem executiva a declarar emergência nacional, que proíbe as empresas do país de usarem equipamentos de telecomunicações de empresas estrangeiras consideradas de risco, uma medida que visa nomeadamente a China e a gigante chinesa de telecomunicações Huawei.
A notícia foi dada pelas 19:30 em Washington (já 00:30 desta quinta-feira em Lisboa), ou seja, já depois do fecho das bolsas europeias e norte-americanas e pouco antes da abertura dos mercados asiáticos.
A Huawei já respondeu a este decreto presidencial, tendo dito que os Estados Unidos vão ficar para trás no desenvolvimento do 5G e que as proibições poderão levantar "questões legais graves".
Também o governo chinês reagiu, com o Ministério do Comércio a sublinhar que se opõe "veementemente" ao uso de sanções unilaterais por parte de outros Estados sobre empresas chinesas. E, por isso, disse estar preparado para avançar com medidas para proteger o interesse de empresas como a Huawei.
E apesar de, para já, esta ser uma medida unicamente dos EUA – a Alemanha e França, por exemplo, já disseram que não vão seguir os passos da Administração norte-americana – os investidores ficaram receosos e a reação nos mercados não se fez esperar, com importantes fornecedoras norte-americanas da Huawei a resvalarem em bolsa.
As cotadas norte-americanas do setor dos semicondutores, como a Micron Technology, estão assim entre as mais penalizadas na sessão bolsista desta quinta-feira, devido aos receios de que as suas vendas possam estar em risco.
Se de facto ficarem proibidas de vender produtos à Huawei Technologies, as suas receitas serão fortemente penalizadas, salienta o Morgan Stanley numa nota de análise citada pela Bloomberg.
Segundo o mesmo "research", liderado pelo analista Josephn Moore, a Micron – que segue a cair 3,15% em Wall Street – direcionou 13% das suas vendas para a Huawei nos últimos dois trimestres.
Outras empresas que operam nas áreas da rádio-frequência e do networking, como a Skyworks Solutions (segue a recuar 5,43%) e a Qorvo (-6,04%), obtêm cerca de 10% da sua faturação com as vendas à Huawei.
Já a Broadcom (-2,69%) vai buscar em torno de 4,5% do seu volume de negócios ao que exporta para esta empresa chinesa.
Ou seja, quanto maior a exposição à Huawei em termos de receitas, maior também a queda em bolsa.
Mas há mais. Muitas outras norte-americanas, como a Analog Devices, ON Semiconductor, Maxim, Texas Instruments, Xilinx e Inphi seguem no vermelho à conta desta ordem executiva assinada por Trump, já que dependem grandemente da Huawei para parte do dinheiro que encaixam.
O analista David Kang, da B. Riley, escreve numa análise citada pela Bloomberg que as empresas norte-americanas mais expostas à Huawei são a NeoPhotonics e a Lumentum Holdings. Seguem, neste momento, a afundar 15,85% e 8,48%, respetivamente.