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CTT sobem para máximos de cinco meses com menor pressão dos "shorts"
As acções dos CTT registam o melhor desempenho do PSI-20 em Agosto. A posição dos investidores que apostam na queda continua a baixar.
O "hedge fund" Marshall Wace voltou a reduzir a posição curta nos CTT, situando-se agora em 1,67% do capital. Esta tem sido a tendência dos últimos dias, com a posição a descoberto do capital dos correios a baixar para 8,9% do capital, quando há poucos dias era superior a 10%.
Esta menor pressão dos "shorts" está a ter um impacto positivo nas acções dos CTT, que esta terça-feira valorizam 2,19% para 3,356 euros, o que representa o nível mais elevado desde o início de Março.
De acordo com a Bloomberg, o Marshall Wace reduziu a posição curta nos CTT em 6,18% na sessão de ontem. Este investidor é o segundo que mais aposta na queda das acções dos Correios, só superado pela Connor Clark & Lunn, que tem uma posição curta de 2,29% no capital da cotada.
Entre os oito investidores com posições a descoberto nos CTT, cinco reduziram recentemente a exposição. O Negócios escreveu na semana passada que as apostas a descoberto nos CTT baixaram de mais de 10% para 9% em menos de um mês.
No acumulado do mês de Agosto, as acções dos CTT sobem mais de 11%, o que representa o melhor desempenho entre as cotadas do PSI-20. No conjunto de 2018 o saldo é ainda negativo, com as acções a cederem 4,19%, deixando a capitalização bolsista da cotada liderada por Francisco Lacerda pouco acima dos 500 milhões de euros.
Expectativa positiva na estratégia
Os CTT reportaram, no final de Julho, uma quebra dos seus lucros de 65% para 6,3 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Apesar desta queda, a expectativa de que a reestruturação estratégica que está a ser implementada possa ser bem-sucedida está a impulsionar as acções da empresa de correios, forçando os "shorts" a reduzir a posição curta.
Pedro Lino, em declarações publicada no Negócios na sexta-feira, justificava o movimento de subida das acções com a estratégia dos CTT. "As parcerias com o grupo Sonae e Amazon, viradas para o comércio electrónico, bem como a aquisição da entidade 321 Crédito, que se dedica ao crédito automóvel, com uma quota de mercado de 9,3%, foram essenciais para que os investidores voltassem a olhar para os CTT como uma empresa que tem uma estratégia de longo prazo, que não apenas distribuir dividendos pelos seus accionistas".
Perante perspectivas mais optimistas para a empresa, o administrador da Dif Broker argumenta que "os investidores que têm posições curtas e que não acreditam na estratégia da empresa estão a diminuir, e isso reflecte-se na subida da cotação. É natural que esta tendência se acentue à medida que os CTT começam a apresentar uma recuperação nos resultados operacionais decorrentes sobretudo do investimento no crédito automóvel e das parcerias para o comércio electrónico."
O Banco CTT anunciou a aquisição da 321 Crédito antes da apresentação dos resultados semestrais, com os analistas a classificarem a compra como um bom negócio para a empresa. "O custo do risco parece atractivo e as sinergias terão sido um dos factores-chave da aquisição", comentaram os analistas do BPI, após a aquisição.
Outro tema que deverá continuar a centrar atenções dos investidores é a remuneração accionista da empresa. Os CTT continuam a ser uma das empresas mais generosas da bolsa, mas com os resultados em queda, a administração poderá voltar a reduzir os dividendos, uma hipótese que tem sido antecipada pelos analistas. "Nos próximos meses deve ser anunciada a redução do dividendo a ser pago em exercícios futuros", aponta Pedro Lino.