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Especuladores continuam a ganhar força nos CTT. Já têm 9% do capital

A dona dos correios continua a ser um dos principais alvos das apostas na queda na bolsa nacional. Sete fundos têm posições curtas nos CTT.

Pedro Simões/Cofina
05 de Maio de 2018 às 15:00
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Quando, em Outubro do ano passado, os CTT anunciaram os resultados do terceiro trimestre e o corte do dividendo, deram início a uma tendência de forte queda das acções. E, para aproveitar este movimento, os fundos de cobertura de risco ("hegde-funds") começaram a reforçar a aposta na descida dos títulos. Neste momento, estes investidores já controlam quase 9% do capital da empresa.

Os dados mais recentes publicados no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) revelam que quase 9% do capital da empresa está nas mãos de fundos que apostam na queda dos títulos. No total, estes sete fundos que fazem "short-selling" com as acções dos CTT controlam 8,85% da cotada, o que é a percentagem mais elevada de sempre, revelam os dados publicados no site do regulador. E este valor supera os 8,8% registados no início da semana.


O Marshall Wace tem a posição mais elevada (2,46% do capital), seguindo-se os 2,20% do fundo Connor, Clark & Lunn Investment Management Ltd. A BlackRock detém posições curtas representativas de 1,29% do capital da empresa, enquanto os restantes fundos controlam menos de 1%.

Este reforço de posições curtas surge depois de a empresa apresentar os resultados do primeiro trimestre. Os CTT anunciaram, a 2 de Maio, que obtiveram lucros de 5,4 milhões de euros, nos primeiros três meses do ano, uma queda de 48,2% face ao período homólogo.

Estes resultados ficaram abaixo do previsto pelos analistas. O CaixaBI apontava para lucros de 10,2 milhões de euros. A empresa explicou que este resultado se deve a gastos não recorrentes e que, sem estes efeitos, os lucros teriam decrescido 27,4%. Desde que apresentou resultados, as acções da empresa acumularam uma valorização de 1,77%.

 

Os analistas contactados recentemente pelo Negócios revelaram a expectativa de que esta aposta na desvalorização das acções se mantenha. "Provavelmente sim, tendo em conta os riscos e as incertezas que se colocam perante o negócio operacional do grupo. Será necessário que apareçam sinais em como a administração do grupo será capaz de lidar com os desafios que enfrenta, o que para já passa pelos resultados que forem obtidos com a implementação do Plano de Transformação Operacional", defendeu Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos. 

"O elevado ‘free-float’ dos CTT [tem 66,39% do capital disponível para negociação], aliado ao fim da capacidade de manter os investidores institucionais como accionistas, através de um dividendo elevado, está a pressionar as acções com os fundos de mais curto prazo a tomarem conta do destino das acções", frisou Pedro Lino. 

"Um dos problemas dos CTT, que assolou o BCP durante bastante tempo, é não ter um núcleo duro estável e que garanta a tomada de decisões e se responsabilize financeiramente pelo alcance de resultados futuros", acrescentou o administrador da Dif Broker. 

Já Paulo Rosa, "senior trader" do Banco Carregosa também espera um reforço das apostas na queda, mas considera que "não são as posições curtas que ditam a queda dos títulos dos CTT no longo prazo".

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