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Campeão mundial de xadrez faz IPO mais badalado do Japão

O mercado japonês de inteligência artificial pode chegar a mais de 18 mil milhões de dólares até ao ano fiscal de 2030, um aumento de mais de sete vezes em relação ao ano fiscal de 2016, segundo estimativas do Fuji Chimera Research Institute.

Bloomberg
17 de Agosto de 2018 às 18:07
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Takahiro Hayashi (na foto) conquistou o seu primeiro título nacional de shogi - a versão japonesa do xadrez - quando ainda estava no secundário e aos 22 anos já era o campeão mundial amador. Os seus treinadores insistiam para que se tornasse profissional.

 

Mas Hayashi queria ser empreendedor, não jogador de xadrez. E assim, em 2009, deu consigo numa sala com alguns capitalistas de risco locais, apresentando um discurso de 120 páginas sobre a sua empresa de jogos sociais. Os financeiros nem prestaram muita atenção.

 

"Um dos investidores disse-me que não tinha escutado atentamente a explicação do nosso plano de negócios", comentou Hayashi, de 41 anos, numa entrevista na sede da Heroz, em Tóquio. "Ele disse-me: ’você é um campeão mundial, por isso vai sair-se bem’".

 

Hayashi conseguiu o financiamento. "Isso surpreendeu-me", salientou. Mas, pelo menos até agora, a aposta do executivo de capital de risco foi lucrativa. A Heroz, que passou a desenvolver tecnologias de inteligência artificial através da criação de jogos online, como o shogi, e depois a usar a inteligência artificial para uma série de outros serviços, é agora uma empresa de capital aberto e as suas ações estão a prosperar.

 

Estreia recorde

Em Abril, a empresa abriu o capital num mercado de startups na Bolsa de Valores de Tóquio. Foi uma estreia recorde. As acções abriram 11 vezes acima do preço do IPO, o melhor início de negociação já registado por uma companhia japonesa de capital aberto. A acção quase quadruplicou desde a abertura do capital.

 

"Eu não imaginava que a empresa seria tão bem sucedida", declarou Hideto Fujino, um dos mais famosos analistas de acções do Japão, que adquiriu uma participação na empresa como investimento pessoal antes de a Heroz abrir o capital e que é agora um dos 10 principais accionistas. Fujino, que também adora jogar shogi, refere que comprou as acções para encorajar a empresa, não porque esperava lucrar. "Foi mais uma forma de apoio", explicou.

 

Deep Blue

A Heroz lançou o seu jogo "Shogi Wars" em 2012. No ano seguinte, um motor de inteligência artificial desenvolvido por um engenheiro da empresa foi o primeiro a derrotar um jogador profissional de xadrez japonês. Isso aconteceu cerca de 16 anos depois de o Deep Blue, um computador de xadrez criado pela International Business Machines (IBM), ter vencido o então campeão mundial, Garry Kasparov.

 

O shogi é mais complexo que o xadrez, porque as peças retornam ao tabuleiro após serem capturadas, o que aumenta o número de permutações de movimentos que devem ser consideradas.

 

Depois de construir o novo Deep Blue, a Heroz usou as capacidades de aprendizagem profunda e aprendizagem de máquina que adquiriu para fazer incursões noutras áreas, como a construção civil e os serviços financeiros.

 

O momento é extremamente oportuno. O sector da inteligência artificial está a expandir-se rapidamente no Japão, onde a constante redução da força de trabalho resulta no mercado de trabalho mais apertado em décadas, o que representa uma oportunidade para que as empresas usem a tecnologia para ajudar a preencher vagas e melhorar a eficiência.

 

O mercado japonês de inteligência artificial pode chegar a mais de 18 mil milhões de dólares até ao ano fiscal de 2030, um aumento de mais de sete vezes em relação ao ano fiscal de 2016, segundo estimativas do Fuji Chimera Research Institute. "Há um enorme potencial", sublinhou Hayashi.

 

(artigo original: The World Champion Chess Prodigy Who Made Hottest Japan IPO)

 

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