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Acção estrela está em queda livre
Os títulos da Celltrion arrancaram o ano no top das mais negociadas do mundo e valorizaram, o ano passado, mais do que as acções da Tesla e do Citigroup.
As acções da Celtrion Inc. – empresa de biotecnologica sul-coreana – andam nas bocas do mundo. O ano passado foi um dos papéis a nível mundial que mais valorizou, ao disparar mais de 185%. Ultrapassando o volume de negociação de pesos pesados como a Tesla ou o Citigroup. Entrou em 2018 ainda com pé direito: nos primeiros dias do ano entrou para a lista das acções mais negociadas do mundo. Mas as fortes quedas dos últimos dias estão a deixar os investidores nervosos. Será que os dias maus vieram para ficar?
No fecho da sessão desta segunda-feira, os títulos da empresa caíram 20% em relação ao pico de 15 de Janeiro - de acordo com a Bloomberg - pressionadas pelo anúncio de lucros abaixo do esperado no quarto trimestre e pela divulgação de um relatório do Deutsche Bank AG que criticou a contabilidade da Celtrion e prevê quedas até 70% nas acções da empresa.
Estamos perante uma bolha? "Vejo donas de casa a falar sobre a Celltrion – este é um claro sinal de bolha numa acção", defende Jung Sung-Han, gestor de fundos da Shinhan BNP Paribas Asset Management Co. em Seul.
Os mais cépticos acreditam que as quedas registadas nos últimos dias são só o início. Vários gestores de fundos institucionais em Seul acreditam que a astronómica valorização do ano passado foi injustificada, e que os títulos da empresa foram alvo de especulações excessivas. Um analista da Nomura Securities Co., Cara Song, aconselhou, a 16 de Janeiro, os investidores a vender.
Mesmo após a queda, as acções estão avaliadas em cerca de 100 vezes em relação ao lucro, contra os 13 em média do índice de referência da bolsa de valores sul-coreana (Kospi).
A Celltrion recusa-se a comentar as recentes quedas das acções, mas refutou a nota do Deustche Bank, alegando que se trata de uma "análise distorcida" porque para a contabilidade de uma empresa de biosimilares - produtos biológicos altamente semelhantes aos medicamentos inovadores - com a das empresas farmacêuticas globais. Estes medicamentos provêm de organismos vivos, tais como células vivas, que são modificadas com recurso à biotecnologia.
Mas o ano ainda agora começou. E os mais optimistas acreditam que há razões para acreditar que os títulos vão continuar na rota dos ganhos. A empresa aguarda a aprovação já em Fevereiro pela US Food and Drug Administration da Truxima, um medicamento biossimilar ao medicamento anticancerígeno Rituxan, o que daria acesso a um mercado 3,9 mil milhões de dólares, de acordo com uma análise da Bloomberg Intelligence.
A empresa anunciou no início deste mês que vai triplicar a sua capacidade com a construção de nova fábrica cujas obras vão começar no segundo semestre do ano. Outro dos argumentos de quem vê o copo meio cheio e acredita que a Celtrion continua a ser uma boa aposta.
A empresa deverá ainda muito provavelmente entrar no principal índice accionista da Coreia nos próximos meses.
As acções caíram 9,9% na passada sexta-feira, mas o volume de negociação permaneceu muito elevado, com cerca de mil milhões de dólares a mudarem de mãos, aproximadamente o mesmo que o valor da negociação em empresas como a AT&T Inc. e a Wells Fargo & Co.