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IMF – BCE menos pessimista, mantém política inalterada

Tensões sobre Brexit “disparam”, mas a Economia britânica cresceu 6,6% em julho; BCE menos pessimista, mantém política inalterada; Queda semanal expressiva leva crude para mínimos de 3 meses; Suspensão de ensaios clínicos da vacina da AstraZeneca ajudam o ouro a registar variação semanal positiva.

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Tensões sobre Brexit disparam, mas a economia britânica cresceu 6,6% em julho

Uma vez mais, a saga do Brexit dominou as atenções dos mercados. As tensões entre o Reino Unido e a União Europeia continuam a aumentar, com um não acordo a ser a cada vez mais esperado. Isto ocorre após Londres publicar um projeto-de-lei que reconhece explicitamente que o Governo britânico pode infringir as leis internacionais ao ignorar algumas partes do tratado de divórcio que assinou com a UE. O projeto-de-lei afirma que certas disposições "têm efeito, não obstante a incoerência ou incompatibilidade com o direito internacional ou outro direito interno. É de notar que o projeto diz respeito ao mercado interno britânico e altera, principalmente, o protocolo que evita o regresso de uma fronteira física entre as Irlandas após o período de transição pós-Brexit que expira no final do ano. Bruxelas reagiu negativamente, ameaçando mesmo com ação legal. A UE começa assim a preparar um Brexit sem acordo comercial. Numa nota adicional, a economia britânica cresceu 6,6% m/m em julho. No entanto, a já referida possibilidade de um Brexit sem acordo poderá dificultar o restante da recuperação. Enquanto as negociações com a UE não produzem resultados, o Reino Unido fechou o primeiro acordo comercial pós-Brexit, com o Japão, com os britânicos a indicarem que 99% das suas exportações para a terceira maior economia do mundo serão livres de impostos.

O Eur/Gbp disparou nas últimas sessões, acabando por quebrar em alta os £0,915. Tecnicamente, o MACD abriu um sinal de venda, à medida que o par testa a resistência dos £0,93. Por agora ainda é cedo para determinar se existe robustez suficiente para haver sucesso neste teste, podendo existir uma consolidação entre os níveis atuais, antes de uma eventual quebra.


BCE menos pessimista, mantém política inalterada

Um dos destaques da passada semana foi a reunião do BCE. Como já era amplamente esperado, a instituição liderada por Christine Lagarde manteve a sua política monetária inalterada, permanecendo as taxas de juros em mínimos históricos (0% para a taxa diretora e -0,5% para a de depósitos) e o programa de compras de emergência (PEPP) em 1,35 biliões, com este a ser esperado até, pelo menos, ao final de junho de 2021. O programa de QE permanece a um ritmo mensal de 20mM/mês, em conjunto com as aquisições ao abrigo da dotação temporária adicional de 120 mil milhões de euros até ao final do ano. O BCE reiterou as orientações futuras de junho, indicando que as taxas deverão permanecer nos níveis atuais, ou mais baixos, até que a inflação convirja de forma robusta com a meta de inflação (próximo, mas abaixo de 2%). No comunicado e consequente conferência de imprensa foram discutidos alguns pontos de especial importância. Sobre os preços do consumidor, que entraram em deflação pela primeira vez desde 2016, o Banco Central manteve a sua projeção em +0,3% para o atual ano, mas indicou que mais meses de movimentos negativos de preços ainda estarão para vir. Noutra nota, Lagarde afirmou que a recente robustez do euro cria pressões descentes para a inflação, mas indicou ainda que não há necessidade de receios exagerados e que não tem metas para o câmbio. O euro reagiu em alta, disparando, momentaneamente, para níveis acimados $1,19. Quando questionada sobre a possibilidade de o BCE recorrer a uma meta de inflação média, à semelhança da Fed, Lagarde não forneceu indicações, revelando que a revisão acabou de começar. Por último, o Banco atualizou também as suas projeções económicas. As perspetivas para 2020 são menos pessimistas sendo agora esperada uma recessão de 8%, face à de 8,7% prevista em junho. Para 2021 e 2022 as previsões permaneceram praticamente inalteradas, em +5% e +3,2% respetivamente. Voltando agora as atenções para os EUA, a última semana (de apenas 4 dias úteis dado o feriado do dia de trabalhador na segunda-feira) foi relativamente calma a nível macroeconómico. As tensões entre Washington e Pequim são o principal fator a destacar, com a Casa Branca a revelar que irá proibir contratos federais com empresas que deslocalizem a produção para a China. As atenções voltam-se agora para a reunião da Fed de esta semana (quinta-feira, dia 16).

Tecnicamente, o Eur/Usd permanece a lateralizar entre os $1,17 e $1,20. Nas últimas sessões o par vinha a perder terreno. No entanto, o limite inferior do canal de tendência ascendente aparenta estar a oferecer suporte ao par, sendo ainda possível um novo teste aos $1,20 em breve.


Queda semanal expressiva leva crude para mínimos de 3 meses

Os preços do crude voltaram a derrapar na passada semana, recuando mais de 6%, para mínimos de cerca de 3 meses. A matéria-prima foi penalizada por uma quebra acentuada no sentimento de risco no início da semana e uma recuperação irregular da procura. Adicionalmente, stocks crescentes nos EUA (tendo as reservas de crude do país aumentado em cerca de 2 milhões na última semana), com os membros da OPEP+ a gradualmente acrescentar mais oferta e o facto de os Emirados Árabes Unidos terem regularmente excedido a sua cotada da OPEP desde julho, também contribuíram para as perdas da matéria-prima.

A nível técnico, o crude quebrou em baixa os $40 pela primeira vez em várias semanas. O MACD tem vindo a intensificar o sinal de venda, oferecendo uma perspetiva ligeiramente bearish. Não obstante, as perdas da matéria-prima poderão já ter sido colocadas em pausa para o curtíssimo-prazo, ao ir de encontro ao suporte dos 36, podendo ser esperado uma lateralização entre este nível e os $40.


Suspensão de ensaios clínicos da vacina da AstraZeneca ajudam ouro a registar variação semanal positiva

Após as quedas da última semana, o ouro volta a registar uma variação semanal positiva, ainda que ligeira. A valorização do euro, o contínuo aumento de números de casos globais de Covid-19, assim como as notícias da AstraZeneca, que suspendeu os ensaios clínicos da vacina contra o vírus, levaram os investidores a procurar ativos de refúgio, impulsionando os preços do metal precioso. No entanto, a falta de pistas sobre mais estímulos monetários na reunião do BCE acabou por limitar ganhos mais expressivos.

Tecnicamente, após ter testado sem sucesso a resistência dos $2000-$2050/onça no último mês, o metal precioso começa a apresentar um movimento de lateralização entre o referido nível e os $1900. No entanto, o MACD começa a apresentar ligeiro sinal de venda, podendo indicar um teste ao nível inferior deste intervalo no curto-prazo.


As análises técnicas aqui publicadas não pretendem, em caso algum, constituir aconselhamento ou uma recomendação de compra e venda de instrumentos financeiros, pelo que os analistas e o Jornal de Negócios não podem ser responsáveis por eventuais perdas ou danos que possam resultar do uso dessas informações. Caso pretenda ver esclarecida alguma dúvida acerca da Análise Técnica, por favor contactar a IMF ou o Jornal de Negócios.
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