- Partilhar artigo
- ...
Para se alcançar a transição energética justa é necessário que mais mulheres integrem o setor da energia, recomenda o Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia num novo relatório sobre a necessidade de reduzir desigualdades de género na transição energética.
As mulheres representavam uma média de 32% da força de trabalho global no setor das energias renováveis, pelo que "devem ser capacitadas, não só no seu papel de consumidoras, mas também de produtoras e decisoras políticas. É necessário um compromisso político e de gestão para garantir a igualdade de participação e representação das mulheres na transição energética", assinala o CCI.
O estudo conclui que muitos dos dados relevantes não são recolhidos, comunicados ou monitorizados de forma desagregada por género. Pelo que considera necessários métodos sólidos de recolha de dados e de monitorização para acompanhar o sucesso das atividades de transição energética com inclusão da perspetiva de género, permitindo intervenções informadas e orientadas a nível nacional e europeu.
Porém, estimativas indicam que na área da energia eólica 21% dos trabalhadores são mulheres, na área dos painéis solares fotovoltaicos as mulheres representam 40% da força de trabalho, sendo os cargos sobretudo administrativos. Em média, nas energias renováveis 32% dos trabalhadores são mulheres, uma percentagem abaixo dos 45,9% da média de toda a economia.
O relatório destaca que é necessário mais mulheres na educação STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para desenvolver esta participação, notando que a transição energética "abre novas oportunidades para a igualdade de género".
Realizado em cooperação com o 75inQ, o centro neerlandês de promoção da diversidade na transição energética, o estudo apresentado nesta quinta-feira sublinha as complexas ligações entre o género, a pobreza energética e a transição energética em geral e apela à tomada de medidas para as resolver.
Sublinha a importância das políticas inclusivas para garantir a participação ativa e a representação das mulheres no setor da energia como decisoras e inovadoras. Sublinha também a importância de acabar com os silos políticos tradicionais, fornecendo um roteiro para uma abordagem mais integrada e abrangente para abordar as causas complexas da pobreza energética.
O relatório conclui ainda que as mulheres estão frequentemente mais expostas à pobreza energética, muitas vezes devido a níveis mais baixos de rendimento disponível. Consequentemente, estão mais expostas às consequências da pobreza energética, incluindo os impactos na saúde e a exclusão social. "Para uma transição energética justa e inclusiva, é fundamental atenuar as desigualdades de género no acesso aos serviços energéticos e quebrar a compartimentação na formulação de políticas", refere o CCI.
As conclusões do estudo, sublinha o Centro, podem servir de base a intervenções políticas e boas práticas para reduzir a pobreza energética das mulheres, aumentar a sua representação no setor da energia e reforçar a sua capacitação geral na transição energética. "Isto é essencial para um Pacto Ecológico Europeu que não deixe ninguém para trás", conclui.