Outros sites Medialivre
Notícia

Sustentabilidade já mudou a forma de fazer negócio das empresas portuguesas

Segundo Relatório do Observatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável conclui que saber implementar os ODS continua a ser a principal dificuldade das grandes empresas e das PME.

03 de Outubro de 2023 às 08:35
  • Partilhar artigo
  • ...

A sustentabilidade já mudou a forma de fazer negócio para a maioria das grandes empresas portuguesas (75,5%) e para cerca de metade das PME (49%), conclui o 2º Relatório do Observatório dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas empresas portuguesas, divulgado nesta segunda-feira.

O relatório indica também que a esmagadora maioria - 96,8% das grandes empresas (GE) e 87,1% das pequenas e médias empresas (PME) – considera que a sustentabilidade poderá melhorar substancialmente a competitividade da sua empresa. Já os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são visto como uma oportunidade de negócio para 78,7% das grandes empresas e 63,9% das PME.

"Apesar das empresas afirmarem que já mudaram a sua forma de fazer negócio, esta mudança ainda está aquém das suas expectativas de mudar negócio e da vantagem de competitiva que a sustentabilidade lhes pode trazer. Há aqui um gap de implementação face à oportunidade identificada. Falta, portanto, mais operacionalização", assinala Filipa Pires de Almeida, responsável pelo Estudo do Observatório dos ODS nas Empresas Portuguesas, ao Negócios.

Esta segunda edição revela ainda que implementar os ODS nas suas estratégias continua a ser a principal dificuldade das empresas. "Identificamos que esta barreira permanece, tanto nas grandes empresas como nas PME, como a principal barreira à implementação dos ODS e da Sustentabilidade, apesar do aumento do alinhamento estratégico com os ODS", destaca Filipa Pires de Almeida, acrescentando que "outras barreiras são a falta de recursos, falta de reconhecimento de business case (lucro – nas PME) e ainda a falta de conhecimento generalizado".

No segundo ano do Observatório, uma iniciativa do Center for Responsible Business & Leadership da CATÓLICA-LISBON em parceria com o BPI/Fundação "La Caixa" e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, foi realizada uma análise agregada dos dados dos questionários realizados a 61 GE e a 108 PME, bem como das entrevistas realizadas a 20 das GE e 10 das PME. Foram ainda analisados os relatórios de sustentabilidade das empresas, sempre que disponíveis.

Quanto as áreas da sustentabilidade em que mais investem as empresas portuguesas, o estudo apurou que todas se revelam muito importantes para as mesmas. "O mais importante é o tema social, seguido do económico, depois o tema ambiental e de governança (a par das GE). Nas PME o tema mais importante é o económico, seguido do social e ambiental e, por fim, a governança", explica Filipa Pires de Almeida.

"A grande maioria das organizações classificou a importância e o desempenho/criação de valor destes quatro temas com um nível acima de 5. No entanto, verifica-se um gap entre importância atribuída e desempenho em todas as dimensões. A sustentabilidade ambiental é aquela cujo gap entre importância atribuída e contributo/desempenho efetivo é maior, tanto para as GE como PME", acrescenta a também diretora adjunta do Center for Responsible Business & Leadership da CATÓLICA-LISBON.

De salientar também que, para a GE, os ODS mais importantes, do ponto de vista estratégico são o ODS 8 (trabalho e crescimento económico), o ODS 12 (produção e consumo sustentáveis) e o ODS 13 (combater as alterações climáticas). Já para as PME, os ODS mais importantes são o ODS 5 (igualdade de género), o ODS 7 (energias renováveis) e também o ODS 8.

Verifica-se ainda que 85,2% das GE e 57,4% das PME afirmam possuir uma direção executiva alinhada com os ODS e que motiva a sua implementação. Já no que toca a ter um departamento de sustentabilidade na organização, verifica-se que tal existe em 82% das GE, mas nas PME este valor é de apenas 9,3%.

Recorde-se que este Observatório foi recentemente distinguido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das 25 melhores práticas a nível mundial desenvolvidas por instituições académicas, sendo o único projeto português a receber tal reconhecimento.

Mais notícias