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Climate Action 100+ desvaloriza saída de grandes gestores de ativos da rede

Maior iniciativa global de envolvimento de investidores no domínio das alterações climáticas já assistiu à saída da JP Morgan e da State Street Global Advisors e à redução da participação da BlackRock.

Sónia Santos Dias 29 de Fevereiro de 2024 às 10:27
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Após o anúncio da saída de alguns dos maiores gestores de ativos do mundo da Climate Action 100+, a iniciativa global de envolvimento de investidores no domínio das alterações climáticas vem desvalorizar a situação e declarar que os participantes continuam empenhados na missão de ajudar as empresas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

"A Climate Action 100+ pode confirmar que a JP Morgan Asset Management, a State Street Global Advisors e a PIMCO decidiram retirar-se da iniciativa. A BlackRock também transferiu a sua participação da Climate Action 100+ para a BlackRock International. Embora estejamos desapontados com a sua saída, centenas de investidores signatários continuam empenhados em garantir que 170 dos maiores emissores de gases com efeito de estufa reduzam as emissões, melhorem a governação e reforcem a divulgação de informações financeiras relacionadas com o clima", anunciou a Climate Action 100+ em comunicado.

Criada em 2017 com a missão de apoiar empresas a fazerem a transição para uma economia de emissões líquidas nulas, a iniciativa diz que já foram alcançados "progressos notáveis na condução da transição empresarial".

Nomeadamente, 77% das empresas comprometeram-se a atingir emissões líquidas nulas até 2050 ou antes, abrangendo pelo menos as emissões de âmbito 1 e 2. E 93% das empresas implementaram a supervisão dos riscos e oportunidades das alterações climáticas pelo comité do conselho de administração, enquanto 90% das empresas se comprometeram explicitamente a alinhar as suas divulgações com as recomendações do TCFD.

"A crise climática continua a representar um risco financeiro cada vez maior para o valor dos acionistas a longo prazo e para a economia em geral, e não nos podemos dar ao luxo de dar um passo atrás agora. Com temperaturas recorde e eventos climáticos catastróficos a ocorrerem com maior frequência e intensidade, é mais crucial do que nunca uma ação ambiciosa para reduzir as emissões para metade nesta década e criar valor para os acionistas a longo prazo", sublinha em comunicado.


Recorde-se que o princípio subjacente à Ação Climática 100+ é que o risco climático é um risco financeiro. Por isso, "gerir ativamente o risco relacionado com o clima é coerente com a gestão de qualquer outro risco financeiro. Os investidores que participam na Climate Action 100+ e se envolvem com as empresas fazem-no para gerir o risco e a oportunidade de preservar o valor acionista a longo prazo para os seus clientes e beneficiários", destaca a Climática 100+.

 

A iniciativa que visa garantir que as maiores empresas emissoras de gases com efeito de estufa do mundo tomem as medidas necessárias em relação às alterações climáticas salienta que continua a contar com o apoio de centenas de investidores a nível mundial, incluindo 60 novos signatários.

Recorde-se que os EUA têm assistido ao crescimento de um movimento anti-ESG (ambiental, social e governação, na sigla em inglês), que não reconhece os fatores ambientais ou sociais como riscos financeiros, defendendo que estes não devem interferir na gestão das empresas, que visam, em primeiro lugar, o lucro.

As empresas têm, por isso, sofrido pressão da ala política mais conservadora para aliviarem ou abandonarem políticas ESG. Esta polarização já levou alguns estados liderados por republicanos a tomarem medidas que contrariam objetivos ambientais e sociais.

Tal tem levado também a que empresas se retraiam e não divulguem os seus planos e progressos alcançados na área da sustentabilidade, dando origem a um novo termo, o "greenhushing", ou seja, silêncio em relação a matérias verdes.

 

 

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