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Não há balas de prata, não há soluções únicas, nem tão-pouco respostas unilaterais que resolvam a crise climática em que o planeta já se encontra. Para Joseph Stiglitz o fenómeno é global e exige a cooperação de todos os países, sobretudo das economias emergentes e em desenvolvimento, envolvendo o público e o privado, porque, defende, não há tempo a perder.
Para o economista, a Europa está na vanguarda, ao contrário dos Estados Unidos - onde a questão das alterações climáticas "está muito politizada" - e, embora seja uma referência, o impacto efetivo das politicas comunitárias acaba por ser diminuto, defendeu o Nobel da Economia na Grande Conferência da Sustentabilidade 20 | 30, do Negócios, que decorreu esta terça-feira, na Nova SBE, em Carcavelos.
O Nobel da Economia acredita que Bruxelas até tem reconhecido que o problema é global impondo regras mais apertadas, designadamente na importação de produtos agrícolas como óleo de palma ou o cacau obtidos à custa da desflorestação. Outro exemplo é o mecanismo de ajustamento fronteiriço que impõe um preço de carbono a determinadas mercadorias adquiridas fora da UE para evitar que a industria europeia transfira a produção para países com práticas climáticas menos ambiciosas.
Como os telemóveis há 20 anos
Dirigindo-se a uma plateia de gestores e empresários, Stiglitz sossegou os que receiam que a transição climática atrase o desenvolvimento económico: "A transição verde traz uma oportunidade para repensar a economia e pode acelerar o crescimento. Tanto do lado da procura, como da oferta". E explicou porquê. "Os empregos da transição climática podem preencher o vazio criado pela inteligência artificial", exemplificou, apontando o "desenvolvimento de novas tecnologias", "a inovação notável" nas energias renováveis e o seu traço descentralizador. "Abre-nos crescentes oportunidades tal como aconteceu com o surgimento dos telemóveis há 20 anos", afirmou.
A mudança para uma economia sustentável tem uma grande exigência de investimento, havendo necessidade de criar incentivos para dirigir o capital para estes novos projetos. Stiglitz sugere a criação de instituições internacionais que possam colmatar esta falha de mercado, à semelhança do que aconteceu com o Banco Mundial depois da II Grande Guerra. "Os investimentos que estamos a fazer são de longo prazo pelo que, se canalizados de forma errada, impossibilitar-nos-ão de inverter a tendência."
O regresso da política industrial
Num momento em que o Presidente chinês está na Europa para uma operação de charme num dos mercados mais importantes, Joseph Stiglitz alinha com Bruxelas na necessidade de criar "clusters" industriais fortes em resposta à "invasão" da China em setores críticos, como as telecomunicações, energia e industria automóvel.
O Nobel da Economia defende políticas industriais, mas sem pôr em causa a cooperação global, como aconteceu nos Estados Unidos com a administração Trump, mas também com Joe Biden e o Inflation Reduction Act (IRA, na sigla inglesa), pensado para fortalecer e proteger a capacidade de produção norte-americana, sobretudo nos investimentos verdes.
Para o economista, a Europa está na vanguarda, ao contrário dos Estados Unidos - onde a questão das alterações climáticas "está muito politizada" - e, embora seja uma referência, o impacto efetivo das politicas comunitárias acaba por ser diminuto, defendeu o Nobel da Economia na Grande Conferência da Sustentabilidade 20 | 30, do Negócios, que decorreu esta terça-feira, na Nova SBE, em Carcavelos.
A agenda do clima, tanto da Europa como dos EUA, tem de envolver os países emergentes.
"O mais importante para a Europa ter em conta, e que é preciso lembrar sempre, é que mesmo que o sucesso seja total em fazer a transição verde e tornar-se neutra em carbono em 2050, terá pouco impacto no mundo". E porquê? Stiglitz socorre-se da história para explicar o que está em causa. "A maioria das emissões, hoje, vem dos mercados emergentes e dos países em vias de desenvolvimento - quando historicamente era proveniente das nações industrializadas - pelo que a agenda do clima, tanto da Europa como dos EUA, tem de os envolver."O Nobel da Economia acredita que Bruxelas até tem reconhecido que o problema é global impondo regras mais apertadas, designadamente na importação de produtos agrícolas como óleo de palma ou o cacau obtidos à custa da desflorestação. Outro exemplo é o mecanismo de ajustamento fronteiriço que impõe um preço de carbono a determinadas mercadorias adquiridas fora da UE para evitar que a industria europeia transfira a produção para países com práticas climáticas menos ambiciosas.
Solução [para crise climática] é cooperação global
No entanto, a ação europeia também está a criar "ressentimento" nos países em desenvolvimento que acabam por ter limitações à atividade económica. Stiglitz cita o caso das tecnologias verdes - um monopólio das grandes potencias - que, como é intensivo em capital e não em mão de obra, cria uma desvantagem para as nações mais pobres. Outro ponto, assinalou é que muitas regras ambientais são impostas de forma unilateral, sem olhar às diferenças e circunstâncias destas economias, contrariando o espírito do Protocolo de Quioto. "A solução passa pela cooperação global", insistiu o economista norte-americano. E qual a solução? Criar "acordos que promovam o desenvolvimento sustentável dos recursos dos países em desenvolvimento"; "promover a sua participação na cadeia de valor" e incluí-los "não só na partilha de tecnologia, mas também na produção conjunta".Como os telemóveis há 20 anos
Dirigindo-se a uma plateia de gestores e empresários, Stiglitz sossegou os que receiam que a transição climática atrase o desenvolvimento económico: "A transição verde traz uma oportunidade para repensar a economia e pode acelerar o crescimento. Tanto do lado da procura, como da oferta". E explicou porquê. "Os empregos da transição climática podem preencher o vazio criado pela inteligência artificial", exemplificou, apontando o "desenvolvimento de novas tecnologias", "a inovação notável" nas energias renováveis e o seu traço descentralizador. "Abre-nos crescentes oportunidades tal como aconteceu com o surgimento dos telemóveis há 20 anos", afirmou.
A mudança para uma economia sustentável tem uma grande exigência de investimento, havendo necessidade de criar incentivos para dirigir o capital para estes novos projetos. Stiglitz sugere a criação de instituições internacionais que possam colmatar esta falha de mercado, à semelhança do que aconteceu com o Banco Mundial depois da II Grande Guerra. "Os investimentos que estamos a fazer são de longo prazo pelo que, se canalizados de forma errada, impossibilitar-nos-ão de inverter a tendência."
O regresso da política industrial
Num momento em que o Presidente chinês está na Europa para uma operação de charme num dos mercados mais importantes, Joseph Stiglitz alinha com Bruxelas na necessidade de criar "clusters" industriais fortes em resposta à "invasão" da China em setores críticos, como as telecomunicações, energia e industria automóvel.
O Nobel da Economia defende políticas industriais, mas sem pôr em causa a cooperação global, como aconteceu nos Estados Unidos com a administração Trump, mas também com Joe Biden e o Inflation Reduction Act (IRA, na sigla inglesa), pensado para fortalecer e proteger a capacidade de produção norte-americana, sobretudo nos investimentos verdes.