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“O mais importante é salvar o planeta”, diz Stiglitz

Sublinhando que as alterações climáticas não são apenas uma questão energética, abrangem desde os transportes, à mobilidade, à habitação, Joseph Stiglitz diz que a “forma como desenhamos as nossas cidades terá um grande impacto.”

Stiglitz com os jovens portugueses da Youth4ClimateJustice.
Stiglitz com os jovens portugueses da Youth4ClimateJustice. Duarte Roriz
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Quando em 1995 Joseph Stiglitz fazia parte do grupo de peritos das Nações Unidas para as alterações climáticas, era comum uma piada entre os elementos sobre o aumento da temperaturas dos oceanos. “Naquela época, usava-se a expressão ‘aquecimento global’ e brincávamos com o facto de podermos passar a nadar nas águas um pouco mais quentes do Canadá.”

A história serviu para ilustrar as profundas consequências de pequenas mudanças, de um ou dois graus, e como se errou na perceção dos impactos que estavam para vir – incluindo os económicos. “Alguns graus não parecia grande coisa”, reconhece agora o Prémio Nobel. Stiglitz defende que já não há tempo para discutir a existência ou não das alterações climáticas: “2023 foi o ano mais quente de que há registo. Isso dá-nos uma pequena ideia de um mundo em que as temperaturas estão cada vez mais altas e há um amplo consenso científico de que, à medida que ultrapassamos 1,5 °C, enfrentamos um risco enorme e simplesmente não sabemos o que virá a seguir”. “O mais importante é salvar o planeta”, declarou.

Stiglitz alertou para o facto de, pela primeira vez na história, estarmos a viver para lá dos limites do planeta (são nove os identificados por Rockström) e puxa de alguns números: “A concentração de gases com efeitos de estufa atingiram os máximos dos últimos dois milhões de anos e os níveis de dióxido de carbono superam em mais do dobro os da era pré-industrial.” O economista insistiu que “as alterações climáticas são a maior ameaça que a humanidade enfrenta”, com danos para todo o ecossistema, destacando, por exemplo, o grande declínio nos rendimentos das culturas agrícolas.

Sublinhando que as alterações climáticas não são apenas uma questão energética, abrangem desde os transportes, à mobilidade, à habitação, diz que a “forma como desenhamos as nossas cidades terá um grande impacto.”

Antes de se despedir, Stiglitz elogiou um grupo de jovens vencedores do prémio Personalidade do evento do Negócios pela ação judicial no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos interposta contra 32 países por inação climática.

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