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Financiamento verde é “passaporte” para empresas sustentáveis

Enquanto mais de 50% da dívida da Corticeira Amorim já diz respeito a financiamento verde, outras empresas portuguesas como a transportadora Luís Simões ainda não apostaram nesta estratégia, mas estão a avaliar.

Mariline Alves
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O financiamento verde foi apontado como meio para a descarbonização.

No painel dedicado à descarbonização das empresas portuguesas, Gisela Pires, diretora de Sustentabilidade da Corticeira Amorim, trouxe para o centro do debate a questão do acesso a financiamento que cumpre os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança). "Mais de 50% da nossa dívida está financiada internacionalmente de acordo com objetivos reconhecidos para a dívida verde", disse na primeira conferência do novo ciclo Negócios Sustentabilidade, dedicada ao Ambiente. Quanto à sustentabilidade no meio empresarial, garante que "deixou de ser voluntária e passou a ser obrigatória", referindo-se aos reportes que as empresas terão de entregar a partir de 2025. "As empresas mais bem preparadas serão aquelas com mais oportunidades de vingar no mercado", acrescentou, referindo tratar-se também de uma questão reputacional.

Destacou ainda que, com as novas regras a serem iguais para todo o mercado europeu, "isso vai trazer oportunidades para as empresas". No caso da Corticeira Amorim, deu conta que os principais objetivos estão identificados e que a empresa está a viver "um grande momento de transição". Gisela Pires salientou ainda que a empresa está a desenvolver vários produtos para aproveitar toda a cortiça, "Nós conseguimos valorizar 90% dos nossos resíduos de cortiça e temos ambição de conseguir 100%", sublinhou.

Clara de Moura Guedes, CEO da Monte do Pasto, também reconheceu que as questões da sustentabilidade implicam investimento que, por sua vez, significa financiamento". A gestora deu conta de que a reestruturação da empresa já colocou a sustentabilidade no centro do seu ADN. "Ao lidar com recursos escassos é preciso racionalizar a sua utilização para a sobrevivência do negócio", referiu. Salientou, no entanto, a necessidade de transformar as empresas mantendo a sua rentabilidade. Somos uma PME e haver um benefício efetivo de rentabilidade e custo é importante porque senão é difícil". Deu conta, por isso, de alguns projetos de inovação para reduzir as emissões de metano do gado, através da nutrição e através de tecnologia de gestão de impactos. "Conseguirmos que este tipo de medidas traga eficácia, redução de custos e eficiência é muito importante e nalguns projetos temos esse resultado", acrescentou.

No caso da transportadora Luís Simões, Cláudia Simões, coordenadora de Sustentabilidade, revelou que a empresa ainda não recorreu a ferramentas de financiamento verde. "É um caminho que temos vindo a avaliar e parece-me que este ano vamos apostar nessa área", avançou, destacando que a redução de emissões poluentes com vista à descarbonização é o grande desafio das empresas de transporte e logística, na medida em que o setor é altamente dependente de combustíveis fósseis. "A sustentabilidade e a descarbonização é o que nos está a promover o maior esforço de integração. Como nos vamos integrar com os clientes e o mercado? Isto não se faz sozinho e é preciso encontrar soluções que sejam úteis e aportam valor", defendeu. 


As empresas e o "tsunami regulatório"

No que diz respeito aos critérios ESG e ao seu reporte, Rita Nabeiro, administradora executiva do Grupo Nabeiro e CEO da Adega Mayor, identifica um "tsunami regulatório" em Portugal, para o qual as empresas não estão preparadas. "A mudança é urgente", defendeu, lembrando os ensinamentos do avô, Rui Nabeiro: "O negócio tem de dar lucro, mas há uma parte que é para ser distribuída". Por seu lado, Graça Fonseca diz que não se podem isolar os esforços das empresas, governos e pessoas. "O olhar tem de ser global", defende a CEO da Because Impacts.

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