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Dois terços dos portugueses (66%) consideram que a adaptação às alterações climáticas é uma prioridade nos próximos anos, percentagem superior à média europeia, que se situa nos 50%. E 99% dos inquiridos reconhecem esta necessidade de adaptação, em comparação com a média da UE de 94%.
Os dados contam do o inquérito anual sobre o clima encomendado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), que indica também que 95% dos portugueses concordam que é necessário investir de imediato nessa adaptação para evitar custos ainda mais elevados no futuro.
Embora os inquiridos tenham classificado as alterações climáticas como a quinta prioridade que o país tem pela frente, uma grande maioria acredita que investir na adaptação agora evitará custos mais elevados no futuro.
"As pessoas sabem que temos de agir agora para nos adaptarmos e atenuarmos os efeitos das alterações climáticas, mas uma transição bem planeada é também a que faz mais sentido do ponto de vista económico. Cada euro investido na prevenção e na resiliência permite poupar entre 5 euros e 7 euros na reparação dos danos", salienta a presidente do BEI, Nadia Calviño.
O BEI publicou esta semana a sétima edição do seu inquérito anual sobre o clima, que recolheu as opiniões de mais de 24 mil inquiridos na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos sobre as alterações climáticas. Em Portugal contou com a participação de 1009 inquiridos.
Os portugueses colocam as alterações climáticas entre os cinco maiores desafios que o país enfrenta, a par da instabilidade política e a seguir ao aumento do custo de vida, ao acesso aos cuidados de saúde, à migração em grande escala e ao desemprego.
A adaptação às alterações climáticas é também encarada como uma oportunidade económica e um investimento a longo prazo para o país. 95% dos inquiridos afirmam que o investimento na adaptação às alterações climáticas pode ajudar a criar emprego e a estimular a economia local (em comparação com 86% na UE).
A experiência pessoal dos inquiridos relativamente a fenómenos meteorológicos extremos aumenta o sentimento de que é urgente agir. Segundo o BEI, 86% dos portugueses (6 pontos acima da média da UE) foram afetados por, pelo menos, um fenómeno meteorológico extremo nos últimos cinco anos. Mais especificamente, 63% (8 pontos acima da média da UE) foram atingidos por calor extremo e ondas de calor, 48% (27 pontos acima da média da UE) enfrentaram incêndios florestais e 43% (8 pontos acima da média da UE) foram afetados por secas.
As consequências dos fenómenos meteorológicos extremos são simultaneamente tangíveis e variadas. Ou seja, 71% dos inquiridos portugueses mencionaram ter sofrido, pelo menos, uma consequência direta de fenómenos meteorológicos extremos, 28% tiveram florestas ou espaços naturais destruídos perto das suas habitações (9 pontos acima da média da UE), 24% sofreram problemas de saúde (como insolação ou problemas respiratórios) e 19 % enfrentaram perturbações dos transportes.
Neste contexto, os portugueses estão cientes da necessidade de se adaptarem e 77% dos inquiridos (em comparação com 72% na UE) reconhecem que terão de mudar e adaptar o seu estilo de vida devido às alterações climáticas. Já 37% pensam que terão de mudar-se para um local menos vulnerável ao clima, para evitar inundações, incêndios florestais ou outros fenómenos meteorológicos extremos.
Na opinião dos inquiridos nacionais, as prioridades a tomar como medidas de adaptação passam por educar os cidadãos no sentido de adotarem comportamentos para prevenir e enfrentar fenómenos meteorológicos extremos (52%, 14 pontos acima da média da UE de 38 %); apostar no arrefecimento das cidades (38%); e melhorar as infraestruturas (37%).