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Menos de 1% das empresas divulga impactos ambientais adversos

Carbon Disclosure Project revela falta de dados sobre gestão e poluição da água e efeitos da atividade das empresas na biodiversidade como os mais preocupantes.

08 de Março de 2024 às 10:28
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Menos de 1% das empresas divulga sistematicamente os principais impactos ambientais adversos, o que indica uma lacuna na avaliação e comunicação dos impactes em todas as questões ambientais, conclui uma noiva análise do Carbon Disclosure Project (CDP), organização que gere o sistema mundial de divulgação ambiental para empresas, cidades, estados e regiões.

Desta feita, a organização destaca a "necessidade urgente" de as empresas serem mais transparentes e tomarem medidas em relação aos impactes na natureza.

Apesar de mais de 23 mil empresas terem divulgado dados através do CDP em 2023, apenas 140 comunicaram todos os principais impactes ambientais adversos, sublinhando uma lacuna na avaliação empresarial abrangente das consequências negativas.

O relatório revela "dados preocupantes" sobre o stress hídrico, a poluição da água e as zonas sensíveis em termos de biodiversidade, onde se observaram fortes impactes negativos, potencial subestimação dos riscos e falta de avaliação.

Do número total de empresas que divulgam no CDP, 1100 confirmaram ter atividades em ou perto de áreas sensíveis em termos de biodiversidade, enquanto 3900 não as avaliaram. Dos sítios comunicados, mais de 1500 foram avaliados como tendo um potencial impacte negativo na biodiversidade. 

Mais de 35% das empresas declararam abastecer-se para mais de metade da sua água em regiões que já sofrem de stress hídrico, o que representa um risco para as comunidades e os ecossistemas locais, salienta o CDP.

"Os dados permitem às empresas medir e gerir o impacte das medidas de sustentabilidade que adotam. Os dados úteis para a tomada de decisões fornecem uma base de referência crucial para acompanhar o progresso em direção a um futuro positivo para o clima e a natureza - e os dados do CDP mostram que ainda precisamos de mais e mais rápidas mudanças", assinala Sue Armstrong-Brown, diretora de Liderança de Pensamento do CDP.

As regras obrigatórias na Europa exigirão gradualmente que 50 mil empresas divulguem os seus impactes ambientais, incluindo as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), o consumo de energia, a poluição da água e os efeitos negativos em áreas sensíveis em termos de biodiversidade.

As instituições financeiras precisam desta informação a para os seus relatórios obrigatórios. O Regulamento da UE relativo à divulgação de informações sobre finanças sustentáveis (SFDR) exige que os participantes no mercado financeiro divulguem os impactes ambientais negativos dos seus investimentos, conhecidos como Principais Impactos Adversos (PAI).

"As instituições financeiras precisam agora de dados abrangentes e de alta qualidade para tomarem decisões informadas e cumprirem os requisitos obrigatórios de comunicação. As últimas conclusões do CDP destacam as ameaças das empresas que negligenciam as avaliações holísticas e a divulgação dos impactes ambientais", acrescenta a responsável.

O último relatório do CDP também revela tendências energéticas significativas, constatando que o consumo total de energia permaneceu estável desde 2019, enquanto o consumo de fontes renováveis aumentou 74%. A análise revelou que as empresas que estabeleceram metas de médio prazo em 2020 estão a superar os seus pares nas reduções de emissões de Âmbito 1. 

No entanto, apesar de uma diminuição de 4,3% nas emissões de GEE de Âmbito 1 desde 2019 em todas as empresas analisadas, os setores que mais emitem não reduziram suficientemente as suas emissões. Por exemplo, as empresas de materiais e de produção de energia apenas reduziram as suas emissões numa base anual em 0,5% e 1,5%, respetivamente, destaca o CDP.

 

 

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