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Energia geotérmica pode satisfazer 15% da procura de eletricidade até 2050

Agência Internacional de Energia defende que se pode aproveitar a experiência das indústrias do petróleo e do gás, utilizando as suas técnicas e equipamento de perfuração. Mas são necessárias reduções de custos para impulsionar a nova geração de projetos.

16 de Dezembro de 2024 às 09:03
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A energia geotérmica pode satisfazer 15% do crescimento da procura mundial de eletricidade até 2050, se os custos dos projetos continuarem a diminuir, revela a Agência Internacional de Energia (AIE).

 

Isto significaria a implantação de até 800 gigawatts de capacidade geotérmica em todo o mundo, com uma produção anual equivalente à atual procura de eletricidade dos Estados Unidos e da Índia em conjunto, conclui a AIE no novo relatório "O futuro da energia geotérmica".

 

Com a procura global de eletricidade a crescer, as novas tecnologias estão a abrir o potencial da energia geotérmica para fornecer energia limpa 24 horas por dia em quase todos os países do mundo, de acordo com o estudo. "A fonte de energia subterrânea, em grande parte inexplorada, pode ajudar a satisfazer a procura mundial de eletricidade em rápido crescimento, mas são necessárias reduções de custos para impulsionar a nova geração de projetos", concluem os analistas.

 

Segundo a AIE, a energia geotérmica permite fornecimentos de eletricidade abundantes, altamente flexíveis e limpos que podem apoiar tecnologias renováveis variáveis, como a eólica e a solar, complementando simultaneamente outras fontes de baixas emissões, como a nuclear.

A análise indica que a geotermia satisfaz cerca de 1% da procura mundial de eletricidade. No entanto, mostra que as tecnologias geotérmicas da próxima geração têm potencial técnico para satisfazer muitas vezes a procura mundial de eletricidade e calor.

"As novas tecnologias estão a abrir novos horizontes para a energia geotérmica em todo o mundo, oferecendo a possibilidade de satisfazer uma parte significativa da procura mundial de eletricidade, em rápido crescimento, de forma segura e limpa", afirma Fatih Birol, diretor executivo da AIE. "Além disso, a geotermia é uma grande oportunidade para aproveitar a tecnologia e os conhecimentos especializados da indústria do petróleo e do gás. A nossa análise mostra que o crescimento da geotermia poderá gerar investimentos no valor de 1 bilião de dólares até 2035."

 

Usar técnicas do petróleo e do gás

A agência salienta ainda que a energia geotérmica pode aproveitar a experiência das atuais indústrias do petróleo e do gás, utilizando as técnicas e o equipamento de perfuração existentes para ir mais fundo sob a superfície da terra e explorar vastos recursos energéticos com baixas emissões.

 

"A indústria do petróleo e do gás pode desempenhar um papel fundamental para tornar a geotermia mais competitiva. Até 80% do investimento necessário no setor geotérmico envolve capacidade e competências que podem ser transferidas das operações de petróleo e gás existentes. A indústria do petróleo e do gás pode também beneficiar da exploração do potencial da energia geotérmica. Não só constitui uma oportunidade para desenvolver novas linhas de negócio na economia da energia limpa em rápido crescimento, como também pode servir de proteção contra os riscos comerciais relacionados com os declínios futuros previstos na procura de petróleo e gás", destacam os analistas.

 

Atualmente, a geotermia convencional continua a ser uma tecnologia de nicho, específica do local, com a maior parte da capacidade instalada em países que têm atividade vulcânica ou que se situam em linhas de falha tectónica, o que facilita o acesso aos recursos. Os atuais líderes neste setor são os Estados Unidos, Islândia, Indonésia, Turquia, Quénia e Itália.

 

O relatório sublinha que mais de 100 países têm políticas em vigor para a energia solar fotovoltaica e a energia eólica em terra, mas apenas 30 têm essas políticas para a energia geotérmica. "A promoção da geotermia nas agendas energéticas nacionais, com objetivos específicos e apoio à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, pode contribuir muito para reduzir a perceção do risco dos projetos e desbloquear novos investimentos", refere a AIE.

 

O relatório conclui que os custos poderão baixar 80% até 2035, para cerca de 50 dólares por megawatt-hora (MWh). "Isto tornaria a geotermia a fonte mais barata de eletricidade com baixas emissões, ao mesmo nível que as instalações hidroelétricas e nucleares existentes. A esses níveis de preços, a geotermia seria também altamente competitiva em relação à energia solar fotovoltaica e à energia eólica associada ao armazenamento em baterias", sublinha a AIE.

 

O relatório conclui que o investimento total na geotermia poderá atingir 1 bilião de dólares até 2035 e 2,5 biliões de dólares até 2050. Se a geotermia da próxima geração crescer fortemente nos próximos anos, o emprego no setor geotérmico global poderá sextuplicar para 1 milhão de postos de trabalho até 2030, de acordo com o relatório.

 

 

 

 

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