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Cultivo de algas marinhas em mercados emergentes pode atingir 10 mil milhões de euros até 2030

Esta atividade pode sequestrar carbono e gerar rendimento para comunidades costeiras frágeis, destaca um novo relatório do Banco Mundial.

18 de Agosto de 2023 às 09:26
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Um novo relatório do Banco Mundial estima que dez mercados globais emergentes de algas marinhas têm um potencial de crescimento de até 11,8 mil milhões de dólares (cerca de 10,8 mil milhões de euros) até 2030. A este valor monetário alia-se a capacidade de as algas marinhas absorverem carbono, manter a biodiversidade marinha, empregar mulheres nestes mercados e desbloquear cadeias de valor.

A análise "Algas marinhas globais: relatório de mercados novos e emergentes" investigou as oportunidades comerciais para novas aplicações de mercado de algas marinhas. O relatório oferece "insights" para empresários, investidores e formuladores de políticas, para garantir que o setor de algas marinhas atinja seu potencial agora e no futuro.

"O crescimento da cultura de algas marinhas em todo o mundo dependerá da partilha de tecnologia e conhecimentos entre os decisores políticos, as instituições financeiras, a comunidade científica, o sector privado, os produtores e os transformadores - sem deixar ninguém para trás. Com o predomínio das mulheres na cultura de algas marinhas, está criado o cenário para catalisar uma verdadeira revolução global das algas", afirma Valerie Hickey, diretora global para o Ambiente, Recursos Naturais e Economia Azul do Banco Mundial.

Atualmente, a maior parte das algas cultivadas é utilizada para consumo humano direto ou para alimentação em aquacultura. No futuro, os produtos de algas marinhas podem substituir os combustíveis fósseis em setores como os têxteis e os plásticos, sequestrar carbono e gerar rendimentos para as comunidades costeiras mais frágeis. O Banco Mundial destaca que existem "enormes oportunidades de crescimento" em muitas regiões, uma vez que o mercado atual é dominado por alguns países asiáticos que produzem 98% das algas de cultivo.

O relatório centra-se em 10 aplicações relativamente novas e emergentes de algas marinhas que têm mais oportunidades de mercado fora dos setores estabelecidos. A curto prazo, prevê-se que os novos mercados mais promissores atinjam 4,4 mil milhões de dólares até 2030, incluindo nas áreas de bioestimulantes, alimentação animal e aditivos redutores de metano.

As oportunidades a médio prazo incluem suplementos nutricionais, proteínas alternativas, bioplásticos e tecidos, podendo atingir um valor potencial de 6 mil milhões de dólares.

Prevê-se que os mercados emergentes a longo prazo atinjam 1,4 mil milhões de dólares, para produtos farmacêuticos e materiais de construção, mas com desafios regulamentares significativos e um elevado custo de desenvolvimento de produtos.

Para concretizar plenamente o potencial do mercado das algas marinhas, o setor terá de ultrapassar várias questões fundamentais. O maior desafio é a disponibilidade das próprias algas marinhas, devido a limitações de volume, consistência e qualidade do fornecimento. À medida que se desenvolvem mais aplicações das algas marinhas, podem também surgir barreiras regulamentares e de preços.

"A cultura de algas marinhas demonstra como o desenvolvimento, o clima e a natureza trabalham em conjunto para gerar valor e elevar as comunidades. A cultura de algas marinhas será uma fonte de segurança nutricional, bem como uma alternativa aos fertilizantes sintéticos", afirma Martien van Nieuwkoop, diretor global para a Agricultura e Alimentação do Banco Mundial. "O Banco Mundial está empenhado em ajudar os países a transformar os sistemas alimentares para obter melhores resultados para as pessoas, o planeta e as economias."

O Banco Mundial ressalta ainda que, numa altura em que os recursos globais estão cada vez mais sobrecarregados, é particularmente importante que o mundo aproveite ao máximo os recursos, como as algas marinhas, que podem ser rapidamente regenerados e ajudem a regenerar os ecossistemas.

 

 

 

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