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Baixo Alentejo “expectante” com solução do Governo para problema de falta de água em Mértola

Governo pediu à Agência Portuguesa do Ambiente que encontre uma solução para a região alentejana, após projeto que visa captar água do rio Guadiana para servir a albufeira de Odeleite, no Algarve, ter provocado contestação.

29 de Julho de 2024 às 11:07
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A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) está na expetativa de conhecer a solução que irá ser encontrada para o problema crónico de falta de água na freguesia de Espírito Santo, em Mértola, após o Governo ter pedido à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), neste fim de semana, que elabore uma solução de abastecimento público de água para esta freguesia. "Estamos um bocadinho expectantes para ver no que é que isto vai dar, para ver se de facto aparece a solução", disse ao Negócios fonte oficial da CIMBAl nesta segunda-feira.

A questão surge devido ao novo projeto que visa captar água do rio Guadiana no Pomarão, no concelho de Mértola, para servir a albufeira de Odeleite, em Castro Marim, distrito de Faro. Projeto que deixou a comunidade alentejana apreensiva dado o problema crónico de falta de água no território.

No início do mês, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo reivindicou uma solução de água para esta freguesia, reconhecendo a necessidade de não poder existir em Mértola "uma ligação de água a passar por este concelho, através de uma conduta, nomeadamente na freguesia do Espírito Santo que carece de crónicas faltas deste bem, sem se garantir o seu abastecimento doméstico".

Reconhecendo a necessidade de se encontrar uma solução para abastecimento de água às populações no Algarve, fonte da CIMBAL assinalou, no entanto, que "era um bocado chato para as pessoas da freguesia verem passar a água e depois irem lá autotanques para lhes levar água".

Assim, no último sábado, o Governo anunciou que pediu à Agência Portuguesa do Ambiente que elabore uma solução de abastecimento público de água à freguesia do Espírito Santo.

As localidades desta freguesia alentejana "são afetadas, todos os anos, por grandes défices hídricos, obrigando a que as populações sejam servidas com recurso a autotanques, no período do verão", justificou a tutela.

Segundo a tutela, pretende-se "uma resposta eficaz" para os problemas que afetam, sobretudo, Espírito Santo e Mesquita, uma outra povoação localizada junto à aldeia ribeirinha do Pomarão e que pertence à mesma freguesia.

Na aldeia de Mesquita, adiantou o ministério dirigido por Maria da Graça Carvalho, vai ser instalada uma unidade de captação de água superficial do rio Guadiana, junto ao Pomarão, para o reforço do sistema Odeleite-Beliche, no Algarve.

"Tendo em conta que o abastecimento de água em Mértola é assegurado em cerca de 80% pela Águas Públicas do Alentejo (AgdA) e o restante por captações da câmara municipal, é intenção da ministra do Ambiente e Energia que o alargamento do abastecimento de água potável a Mesquita, que a APA venha a desenvolver, seja feito em articulação com aquelas duas entidades", adiantou.

Na sequência destas decisões da ministra do Ambiente e Energia, já foram agendadas reuniões entre as equipas técnicas da APA e da Câmara de Mértola.

Ambientalistas preocupados

O Negócios questionou o MAEN e a APA sobre qual o fim desta água – se para abastecimento público ou para regadio – mas até ao momento não obteve resposta. Recorde-se que a associação ambientalista ZERO já havia manifestado preocupação quanto a este projeto de captação de água, defendendo que "o aumento da oferta de água não pode ter por destino consumos insustentáveis".

O projeto prevê a construção de uma captação superficial na zona estuarina do rio Guadiana, localizada a montante do Pomarão, com conduta adutora até à albufeira de Odeleite, percorrendo os concelhos de Mértola, Alcoutim e Castro Marim, numa extensão total de condutas que varia entre 37 e 41 quilómetros, em função da alternativa de traçado.

O contributo desta captação deverá ser, em média, de 16 a 21 hm3 de água através de um regime de exploração da captação durante sete meses por ano, entre outubro e abril.

"Contrariamente ao preconizado na Diretiva Quadro da Água relativamente à necessidade de implementação de estratégias capazes de tornar os usos e consumos de água mais sustentáveis, prossegue-se numa lógica de aumento da captação e retenção de um recurso escasso para fazer face a consumos insustentáveis através de projetos que fomentam um aumento da procura por esse mesmo recurso", assinala a ZERO.

Acrescentando que "este é mais um projeto que ilustra esta lógica de pensamento e de atuação ao intervir diretamente sobre as massas de água para captação de caudais adicionais destinados a aumentar a retenção/armazenamento de água, não só com o objetivo de garantir que não falta água às populações, mas que simultaneamente pretende garantir que a agricultura praticada na região continua a dispor dos caudais necessários para manter ou, até mesmo aumentar, os seus níveis de consumo e desperdício".

 

 

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