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Apenas uma em cada cinco cidades tem objetivos de neutralidade carbónica

Agência Internacional da Energia mostra como o planeamento urbano, a digitalização e o investimento na rede podem ajudar as cidades a gerir os impactos das alterações climáticas e a crescente procura de energia. Investimento anual nas redes de todo o mundo terá de mais do que duplicar até 2030.

02 de Maio de 2024 às 10:27
Casas que subam dois níveis na classe energética podem aceder ao benefício se a câmara assim o quiser.
Tim Wimborne/Reuters
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As cidades são atualmente responsáveis por cerca de três quartos do consumo global de energia e 70% das emissões de gases com efeito de estufa, sendo que a esta contribuição deverá continuar a aumentar. Apesar disso, apenas uma em cada cinco cidades estabeleceu objetivos para atingir a neutralidade carbónica, conclui a Agência Internacional da Energia (AIE), num relatório realizado para o G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo, divulgado nesta quinta-feira.

Denominado "Potenciar as Transições Energéticas Urbanas: Smart Cities and Smart Grids", o terceiro relatório da Iniciativa Redes Elétricas Digitais Orientadas para a Procura (3DEN) da AIE foi apresentado na Reunião Ministerial do G7 sobre Clima, Energia e Ambiente, realizada esta semana em Turim, Itália, e reconhecido pelos ministros presentes. O relatório explora uma vasta gama de projetos e iniciativas inovadores para melhorar os sistemas de energia nas cidades de todo o mundo e fornece informações sobre as melhores práticas emergentes.

O relatório conclui que as cidades precisam de aumentar o seu nível de ambição em áreas como a eficiência energética para cumprirem os objetivos estabelecidos na conferência sobre alterações climáticas COP28, realizada no Dubai. Embora um pequeno número de cidades esteja a avançar através de objetivos de sustentabilidade e de redução do dióxido de carbono (CO2), é necessário que mais cidades avancem.

"A redução das emissões nas cidades é essencial para que o mundo atinja os seus objetivos energéticos e climáticos e as soluções digitais que gerem os padrões de consumo e otimizam as infraestruturas podem desempenhar um papel significativo", considera a AIE.

O relatório salienta também que as soluções digitais, incluindo as que tornam as redes elétricas mais flexíveis, podem ajudar. No entanto, é necessário um maior investimento. Numa trajetória global de emissões líquidas nulas, o investimento anual nas redes de todo o mundo terá de mais do que duplicar até 2030, atingindo 750 mil milhões de dólares. Cerca de 75% das despesas deverão ser canalizadas para a expansão, o reforço e a digitalização das redes de distribuição, incluindo nas cidades, a fim de melhorar a eficiência do sistema e gerir fluxos mais complexos de eletricidade e dados.

De acordo com o relatório, um melhor alinhamento dos calendários de planeamento é importante para reduzir o risco de cortes de energia e diminuir os atrasos nas novas ligações de eletricidade para ativos renováveis, carregadores de veículos elétricos, empresas e empreendimentos habitacionais. Um planeamento desalinhado pode atrasar a implantação das energias renováveis, limitar os esforços para melhorar a eficiência energética e conduzir a custos de eletricidade mais elevados para os consumidores, observa.

A melhoria do acesso e da utilização dos dados para a tomada de decisões também contribuiria para uma implementação mais rápida e mais direcionada dos objetivos energéticos e climáticos e ajudaria a alinhar o planeamento das cidades e do sistema elétrico. A AIE defende que as soluções e os sistemas digitais podem ser particularmente poderosos nas cidades, onde os ambientes de alta densidade criam economias de escala e podem otimizar as infraestruturas e criar novas oportunidades. De acordo com o relatório, o número de sensores e dispositivos conectados deverá aumentar acentuadamente até 2030.

A AIE destaca o papel dos países do G7 na promoção da inovação através de uma maior colaboração internacional. No momento em que os decisores políticos nacionais analisam a melhor forma de permitir transições seguras de energia limpa nas cidades, o relatório sugere quatro temas-chave a considerar: colocar as pessoas no centro da elaboração de políticas; apoiar o planeamento integrado baseado em dados para garantir que as redes sejam adequadas ao seu objetivo; abordar áreas específicas de interesse para criar um ambiente favorável; e procurar os benefícios da promoção de uma cooperação internacional reforçada.

Entretanto, as cidades estão a ficar maiores, estando previsto que o crescimento urbano até 2050 seja equivalente à adição da área terrestre combinada da Alemanha, Itália e Japão. As alterações climáticas estão também a colocar novos desafios à medida que as cidades se tornam maiores e mais densamente povoadas, especialmente durante as vagas de calor. Nas regiões mais quentes, o consumo de eletricidade pode duplicar nos meses quentes em relação aos meses mais amenos, sendo o arrefecimento responsável por mais de 70% do pico da procura de eletricidade.

Este facto e a crescente eletrificação do sector da energia nas cidades, à medida que mais pessoas utilizam tecnologias como bombas de calor e carros elétricos colocam tensões na infraestrutura de distribuição de eletricidade, sublinha a AIE.

 

 

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