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08 de Abril de 2014 às 20:30

Uma mão cheia de disparates

É como prometer pôr a economia a crescer 5% em média nos próximos dez anos, criar 300 mil postos de trabalho em 12 meses, eliminar a presença de toxicodependentes de uma dada zona da cidade ou dar resposta clínica em menos de 30 minutos a todos os utentes das urgências hospitalares.

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1 - Hoje eu não quero falar de um Governo que ontem não tinha dinheiro para grandes investimentos, nem disponibilidade para baixar o IRS ou equacionar o aumento do salário mínimo -  mas que, agora, com as Europeias à porta e já a pensar nas Legislativas, esquece o próprio clamor de "que se lixem as eleições" e cavalga sem freio o velho oportunismo político de tomar o eleitor por lorpa à boca das urnas.

 

2 - Hoje eu não quero falar da promessa de António José Seguro de retirar os sem-abrigo da rua no espaço de uma legislatura. (ficção:) É como prometer pôr a economia a crescer 5% em média nos próximos dez anos, criar 300 mil postos de trabalho em 12 meses, eliminar a presença de toxicodependentes de uma dada zona da cidade ou dar resposta clínica em menos de 30 minutos a todos os utentes das urgências hospitalares.

 

3 - Hoje eu não quero falar da forma incompetente como as autoridades portuguesas continuam a operar na área da prevenção e combate aos incêndios florestais. Último acto ridículo: por descoordenação na aquisição do equipamento de protecção individual dos bombeiros (fatos, botas de combate, capuzes, luvas e capacetes), que levou à anulação de um primeiro concurso, o Conselho de Ministros relançou o processo - só que, como o próprio Ministério da Administração Interna já admitiu, o material dificilmente estará disponível até ao Verão.

 

4 - Hoje eu não quero falar do prazo médio de quase oito meses (227 dias) que demora a concluir um Processo Especial de Revitalização (PER), quando ainda há pouco mais de dois meses a ministra da Justiça garantia que "a duração média dos processos de falências, insolvências e recuperação de empresas no âmbito do PER é de dois meses". Importa-se de repetir, senhora ministra?

 

5 - Hoje eu não quero falar sobre figuras passivas e activas de um espaço televisivo que junta um ex-primeiro-ministro (mal) habituado a não ser interrompido e um jornalista que adora comentar e ser comentado sobre uma picardia em directo que faz disparar as audiências da estatal RTP.

 

Hoje eu quero apenas sorrir, cantar, bailar. Sentir o vento, ver o mar, viver a vida. E acreditar sempre na possibilidade de vitória do bem sobre o mal. Morrer? Hoje, não!

 

Coordenador do Negócios Porto

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