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Rui Neves - Jornalista ruineves@negocios.pt 05 de Junho de 2013 às 00:01

S(u)RU(ru)

Já sabemos que o Estado é forte com os fracos e fraco com os fortes. Aos protestos dos trabalhadores, dos pensionistas, dos desempregados, o Governo mostra-se surdo. Às reivindicações de centenas de milhares de portugueses que têm vindo para a rua gritar, o Executivo fica mudo. À greve geral que já o incomodou, e à próxima que o vai arreliar, a equipa liderada por Passos Coelho responde com a clássica "cultura democrática". Nada mais.

Não, não vou agora martelar nos banqueiros. A perspectiva em contraponto seria demasiado básica, sendo que ainda faltam três semanas para o S. João. Mas é no Porto que está o ponto. Há poucos dias, numa iniciativa liderada pelo presidente da Câmara da Invicta, Rui Rio conseguiu mobilizar mais de uma centena de "notáveis" do Norte na subscrição de uma "Carta Aberta ao Governo de Portugal", exigindo que o Executivo de Passos Coelho pague o que deve à SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana) – Porto Vivo. 


Em causa está o pagamento pelo Estado Central de uns míseros 2,4 milhões de euros, certo? Errado. Em causa a incontornável falência da empresa caso o accionista maioritário não pague uns míseros 2,4 milhões de euros. Nesta tomada de posição colectiva, Rio conseguiu juntar gente da Esquerda à Direita e ao Centro, banqueiros como Artur Santos Silva, empresários como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, e até o bispo do Porto e futuro patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente. Bravo!

Houve quem chamasse a esta demonstração de força da cidade "A revolta do Porto". Uau! O Governo ficou imediatamente a tremer das pernas e fez imediatamente saber, através da ministra Assunção Cristas, que os tais 2,4 milhões de euros de dívida à SRU "serão assumidos" e que "o Governo já está a trabalhar nesse sentido". Por "peanuts" houve uma "Revolta no Porto", por "peanuts" o Governo aceitou calar "A Revolta do Porto". Bom negócio!

Mas por que raio Rio não se lembrou de fazer isto há mais tempo? (A política é tramada e as autárquicas estão à porta). Quantas matérias relevantes para o Porto e o Norte (ANA, Metro, Porto de Leixões, Casa da Música, CCDRN, RTP Porto...), que têm sido alvo do desprezo absoluto do Governo, não mereciam, cada uma delas, uma revolta por parte das cabeças pensantes da região? Sim, porque, como todos sabemos, o Estado é forte com os fracos e fraco com os fortes. Estou a repetir-me, certo? É para ver se os "notáveis" do Norte ouvem...


*Coordenador do Negócios Porto

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