Opinião
Eurozombies
Paul Pogba, o imponente e atlético médio centro da selecção de França, já jogou 4.161 minutos esta época, desde os amigáveis de Verão, há 365 dias, ao jogo da meia final do Europeu.
São três dias a jogar à bola sem parar. A correr, a travar, a acelerar, a passar, a saltar, a chutar, a cair, a levantar-se, a reclamar. A ouvir vozes na cabeça, palavras ditas no balneário, na bancada, na televisão. Nas redes.
O adversário de Pogba, o irrequieto e decisivo Thomas Muller, já fez o mesmo, mas em "apenas" 3.751 minutos. São estes seres humanos, corpos de elite, mas ainda assim corpos humanos, que vão correr, travar, acelerar, passar, saltar, chutar, cair, levantar-se, reclamar. E ouvir vozes. Mais 90 minutos. Mais 180 minutos.
Graças à ganância do ecossistema do futebol, os melhores jogadores do mundo chegam mortos-vivos aos momentos mágicos da carreira. Arrastam-se em campo, sem forças para brilhar, destacando-se pelo sacrifício ou falta dele. O que falta em lucidez, sobra em jogos. O que falta em qualidade dentro de campo, sobra em quantidade fora dele. O futebol é pobre, mas o Futebol fica rico.
O adversário de Pogba, o irrequieto e decisivo Thomas Muller, já fez o mesmo, mas em "apenas" 3.751 minutos. São estes seres humanos, corpos de elite, mas ainda assim corpos humanos, que vão correr, travar, acelerar, passar, saltar, chutar, cair, levantar-se, reclamar. E ouvir vozes. Mais 90 minutos. Mais 180 minutos.
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