Opinião
Occupy White House
Temos de ter uma economia justa. Para começar, temos de aumentar o salário mínimo nacional. E garantir às mulheres salários iguais para o mesmo trabalho.
E que as empresas partilhem os lucros, que os lucros não sejam só para os gestores de topo. E temos ainda de apoiar os trabalhadores a equilibrarem trabalho e família. Por isso, temos de avançar com licenças de maternidade/paternidade, baixas remuneradas, creches e infantários com custos acessíveis e ensino superior gratuito. E como fazemos isto? Fazemos com que os ricos paguem a sua parte e fechamos os vazios jurídicos que beneficiam as empresas".
Mariana Mortágua? Não, Hillary Clinton, na intervenção de abertura do primeiro debate com Donald Trump. Um conjunto de medidas que constituem todo um programa económico. E que se Clinton vencer e conseguir implementar metade que seja das iniciativas deste pacote, transformarão os EUA num dos países mais à esquerda do mundo desenvolvido.
A deriva esquerdista de Clinton não é alheia ao foco eleitoralista da candidata democrata, dedicada a captar os votos que podem fazer a diferença num grupo alvo específico da sua campanha: a classe média remediada, trabalhadores por conta de outrem que foram atraídos pelo seu rival na corrida democrata, Bernie Sanders. Clinton precisa deles para cristalizar as suas lideranças em estados-chave. E precisa dos jovens, dissociados do sistema porque o sistema é caro.
Mas Clinton também tenta seduzir, com este discurso, as classes baixas de eleitores brancos que constituem a base de apoio de Trump. As suas visões progressistas da sociedade impedem uma conquista maciça deste eleitorado. Mas podem bastar uns punhados de votos desta gaveta para assegurar condados decisivos num Estado charneira da luta eleitoral.
E esta pode ser a ironia superior da actual corrida à Casa Branca. Para garantir qualquer coisa das franjas populistas que se associaram aos sucessivos rivais ao longo do seu caminho, Clinton preparou um programa económico de esquerda que se nalguns países europeus seria objecto de crítica feroz, nos Estados Unidos tem poucos precedentes. E o medo que os democratas e republicanos mais centristas têm de Trump será o lubrificante deste movimento Occupy White House.
Mariana Mortágua? Não, Hillary Clinton, na intervenção de abertura do primeiro debate com Donald Trump. Um conjunto de medidas que constituem todo um programa económico. E que se Clinton vencer e conseguir implementar metade que seja das iniciativas deste pacote, transformarão os EUA num dos países mais à esquerda do mundo desenvolvido.
Mas Clinton também tenta seduzir, com este discurso, as classes baixas de eleitores brancos que constituem a base de apoio de Trump. As suas visões progressistas da sociedade impedem uma conquista maciça deste eleitorado. Mas podem bastar uns punhados de votos desta gaveta para assegurar condados decisivos num Estado charneira da luta eleitoral.
E esta pode ser a ironia superior da actual corrida à Casa Branca. Para garantir qualquer coisa das franjas populistas que se associaram aos sucessivos rivais ao longo do seu caminho, Clinton preparou um programa económico de esquerda que se nalguns países europeus seria objecto de crítica feroz, nos Estados Unidos tem poucos precedentes. E o medo que os democratas e republicanos mais centristas têm de Trump será o lubrificante deste movimento Occupy White House.
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