Opinião
EUA e o debate que ninguém quer realmente ver
A corrida presidencial norte-americana está tão polarizada pelas superestrelas Hillary Clinton e Donald Trump que ninguém está a prestar atenção aos candidatos a vice-presidente.
As audiências esperadas para o único debate entre o democrata Tim Kaine e o republicano Mike Pence eram fracas, ao nível das piores em várias décadas. Não porque a disputa não esteja competitiva - as sondagens continuam muito apertadas -, mas porque os ataques entre Trump e Clinton têm sido tão violentos que os dois têm concentrado todas as atenções.
Kaine e Pence são considerados políticos experientes em vários cargos públicos e mais sólidos em termos programáticos do que os "cabeças-de-cartaz", o que é evidente em relação a Trump. E, para os analistas, a maior responsabilidade cai sobre os ombros de Mike Pence. É que Clinton tem a experiência da Casa Branca e uma longa carreira política; já Trump é Trump, pelo que o seu vice-presidente serve como um garante de estabilidade e respeitabilidade de que a candidatura de Clinton não necessita tanto.
Leigh Ann Caldwell, na NBC, lembra que estamos longe de debates com figuras conhecidas como Sarah Palinou Dick Cheney. "Muitos votantes de 2016 nunca ouviram falar dos números dois de Clinton ou de Trump", admite.
Já Sahil Kapur, na Bloomberg, foca o papel que os vices podem desempenhar nas próximas aparições públicas. "Duas das figuras políticas americanas mais bem educadas têm uma rara oportunidade de brilhar e servir como testemunha abonatória dos seus profundamente impopulares candidatos." É que há algo que as sondagens também mostram: mais do que apoio incondicional, aquilo que está a mover os eleitores é o ódio contra o candidato do lado oposto.
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