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18 de Outubro de 2016 às 09:27

Portugal, os custos de trabalho e os legumes frescos

Segundo um distribuidor de produtos hortícolas na Grã-Bretanha, se os emigrantes que fazem o trabalho invisível nas cadeias de fornecimento forem colocados na fronteira, os ingleses deixarão, em cinco dias, de comer legumes frescos.

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O editorial do Independent diz que Boris Johnson escolheu brincar com o fogo e agora os ingleses arriscam-se a ficar queimados. Os tempos estão complicados pelos lados britânicos. Andrew Rawnsley, no Observer, escreve: "A libra só vale aquilo que o mundo estiver disposto a pagar por ela. Se o mundo começar a achar que as perspectivas económicas britânicas estão mais sombrias e que o país está a tornar-se menos atractivo para o investimento externo, então estará menos disposto a querer libras. (…) A queda vertiginosa da libra diz-nos o que o mundo pensa agora." Já James Forsyth, no Spectator, está entusiasmado com a economia britânica: "Um dos benefícios do Brexit será permitir a este país fazer acordos com as economias que mais crescem no século XXI. Encerrados na união alfandegária, não podemos fazer isso. É tempo de a Grã-Bretanha ir à procura do mundo."

Tendo mais que ver connosco, Ambrose Evans-Pritchard, no Daily Telegraph, cita uma entrevista de Otmar Issing, que foi economista-chefe do BCE, que diz que "um dia destes o castelo de cartas ruirá". Depois diz: "Durante os primeiros oito anos, os custos unitários do trabalho subiram 30% em Portugal face à Alemanha. No passado, o escudo desvalorizaria 30%, e as coisas voltariam mais ou menos onde estavam." E acrescenta: "Alguns países - incluindo Irlanda, Itália e Grécia - comportam-se como se ainda pudessem desvalorizar as suas moedas." Issing é um dos defensores da rigidez alemã em todo este processo e os seus alvos são bem claros. A sua proposta de saída da Grécia é bem clara. Portugal deveria tomar atenção a estas palavras.



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