Opinião
O fora-de-jogo do Governo
Devemos, afinal, celebrar. Vivemos numa democracia tão perfeita que a única coisa que a pode ameaçar é a realização de uns jogos de futebol no dia das eleições.
A ideia do Governo é proibi-los. Já há uma recomendação da CNE mas, como não tem sido sempre respeitada, toca de mexer na lei.
Uma boa maneira de ver como uma ideia de um Governo é parva é se esta é defendida de forma difusa, dispersa, em que cada um dá uma achega que vai ficando cada vez menos convincente com o passar das horas e das intervenções. Também aqui foi assim.
Começou com uma fonte oficial do Governo ao Diário de Notícias. Seguiu-se a confirmação do Secretário de Estado do Desporto, que ficámos a saber que existe, o que é um alívio, naturalmente. E terminou com a ministra da Presidência, no final do Conselho de Ministros, a defender a ideia mas já em recuo, admitindo que o Governo está a ponderar se mexe na lei.
Comecemos por aqui. A produção legislativa quer-se conservadora, para que haja estabilidade. Nem todos os assuntos são para resolver com novas leis ou a mexer nas que existem, ao sabor de um instinto qualquer ou do prato do dia das indignações nas redes sociais.
Depois, e mais importante, há a questão do paternalismo dos eleitos face aos cidadãos. Como estes são uns pândegos que só pensam em bola, toca lá a proibir os jogos nesses dias, a ver se cumprem o seu dever como bons meninos, votando. Este paternalismo bacoco não é de agora. Foi a mesma coisa com a intervenção governamental nos livros de exercícios da Porto Editora, com os quais não tinha nada a ver, numa cruzada precipitada pelo politicamente correcto. Também aqui o Estado acha que sabe o que é bom para nós, o que devemos ler, o que devemos consumir, o que devemos fazer. Devemos agradecer a preocupação, mas lembrar ao Governo que foi eleito para governar e não para ser o nosso paizinho.
Se o problema é este, não paremos pelo futebol em dias de eleições. Fechem-se os cinemas, os teatros, os centros comerciais. Vedem-se as praias e os bosques. Proíbam-se as almoçaradas de domingo, a missa, o namoro ou a leitura de um livro. Nesse dia, não. Ponto final.
Enquanto isso, o voto electrónico é uma miragem, os cadernos eleitorais têm mais mortos que um filme de terror, os cidadãos distanciam-se dos que lhes são propostos para governar, aumentando a abstenção, por preguiça ou por convicção. Mas o futebol meus senhores, isso é que é preciso resolver.
Está certo.
Uma boa maneira de ver como uma ideia de um Governo é parva é se esta é defendida de forma difusa, dispersa, em que cada um dá uma achega que vai ficando cada vez menos convincente com o passar das horas e das intervenções. Também aqui foi assim.
Comecemos por aqui. A produção legislativa quer-se conservadora, para que haja estabilidade. Nem todos os assuntos são para resolver com novas leis ou a mexer nas que existem, ao sabor de um instinto qualquer ou do prato do dia das indignações nas redes sociais.
Depois, e mais importante, há a questão do paternalismo dos eleitos face aos cidadãos. Como estes são uns pândegos que só pensam em bola, toca lá a proibir os jogos nesses dias, a ver se cumprem o seu dever como bons meninos, votando. Este paternalismo bacoco não é de agora. Foi a mesma coisa com a intervenção governamental nos livros de exercícios da Porto Editora, com os quais não tinha nada a ver, numa cruzada precipitada pelo politicamente correcto. Também aqui o Estado acha que sabe o que é bom para nós, o que devemos ler, o que devemos consumir, o que devemos fazer. Devemos agradecer a preocupação, mas lembrar ao Governo que foi eleito para governar e não para ser o nosso paizinho.
Se o problema é este, não paremos pelo futebol em dias de eleições. Fechem-se os cinemas, os teatros, os centros comerciais. Vedem-se as praias e os bosques. Proíbam-se as almoçaradas de domingo, a missa, o namoro ou a leitura de um livro. Nesse dia, não. Ponto final.
Enquanto isso, o voto electrónico é uma miragem, os cadernos eleitorais têm mais mortos que um filme de terror, os cidadãos distanciam-se dos que lhes são propostos para governar, aumentando a abstenção, por preguiça ou por convicção. Mas o futebol meus senhores, isso é que é preciso resolver.
Está certo.
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