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Opinião
16 de Outubro de 2006 às 13:59

Uma notíca manifestamente exagerada

Manuel Pinho continua igual a si mesmo. No seu compreensível esforço de contribuir para formação de expectativas positivas dos agentes económicos desdobra-se em declarações entusiásticas sobre o desempenho da economia.

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Levou tão a peito a declaração de Jack Welsh de que era o único português optimista que encontrou aquando da sua passagem por Portugal, que não se cansa de o repetir e de acrescentar novos dados favoráveis, para transmitir à audiência a sua inabalável confiança.

Na sexta-feira, o ministro da Economia excedeu-se de novo e pôs-se a jeito como alvo de um coro de críticas. A notícia de que a crise acabou é, como a da morte de Mark Twain, manifestamente exagerada. Além de que uma mentira muitas vezes repetida não se torna necessariamente verdade, ao contrário do que preconizam os teóricos da propaganda.

E no entanto o problema de Pinho não é tanto o que ele diz mas a forma como o diz.

Porque apesar do crescimento da economia estar ainda longe dos níveis necessários para garantir crescimento de emprego consolidado e a convergência com os parceiros europeus, e portanto muito aquém de um desempenho considerado satisfatório, há uma evidente mudança de clima.

A Bolsa é um bom indicador. Desde o início do ano já valorizou mais de 20%. A procura para a OPV da Galp, que marca o regresso das grandes operações de privatização, é outro bom exemplo.

Ao contrário do que alguns poderiam temer, os desentendimentos entre o accionista Estado e os privados Amorim Energia e ENI sobre o futuro líder executivo da empresa não afastaram os compradores. No público em geral, a meio do prazo para entrega de ordens de compra, registam-se mesmo níveis de procura que fazem lembrar a euforia do final dos anos 90, a apontar para elevados índices de rateio.

Os consumidores, que percebem no dia o dia o que significa o aumento dos preços do petróleo, assimilaram bem que com o petróleo em alta as margens das petrolíferas não param de aumentar. E se perdem no preço da gasolina podem ganhar nas acções da Galp. Isto apesar de o poderem estar a fazer numa altura em que o petróleo inverteu a tendência de subida nos mercados internacionais, o que se reflecte negativamente na rentabilidade da Galp, como de todas petrolíferas.

Até a novela em torno do presidente executivo, Marques Gonçalves versus Ferreira de Oliveira, que não é um indicador saudável sobre a gestão da empresa pode contribuir para o interesse dos investidores. O sentimento do mercado é que quando há lutas de poder há mais valias à vista.

É um lugar comum dizer que a Bolsa é um bom barómetro para antecipar o andamento da economia. Se fosse apenas isso era caso para euforia. A valorização recente do mercado português acompanha o surto de liquidez dos mercados mundiais mas tem justificações domésticas particulares. Como estaria o mercado sem as OPA da PTe do BPI é a questão que todos gostariam de ver respondida. Desse pondo de vista, fizeram mais pela confiança os dois Paulos (Azevedo e Teixeira Pinto) que as repetidas declarações do ministro da Economia.

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