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A Galp é positiva

Finpetro é um nome que não diz nada à esmagadora maioria dos portugueses. Mas de Champalimaud, de Espírito Santo, de Mello, de Amorim e de Patrick Monteiro de Barros já toda a gente ouviu falar. Pois Finpetro e estes notáveis nomes da nossa grande indústr

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Finpetro é um nome que não diz nada à esmagadora maioria dos portugueses.

Mas de Champalimaud, de Espírito Santo, de Mello, de Amorim e de Patrick Monteiro de Barros já toda a gente ouviu falar.

Pois Finpetro e estes notáveis nomes da nossa grande indústria e alta finança eram exacta e rigorosamente a mesma coisa.

A Finpetro era a sociedade que representava os seus interesses na antiga Petrogal. Até ao dia em que todos eles, mais a família Boullosa, venderam embloco à italiana Eni.

Um polémico perdão fiscal foi então concedido. A transacção foi registada, porque assim então foi autorizada, ao valor contabilístico.

Tão controverso quanto o facto em si mesmo terá sido a forma expedita como a administração fiscal o «resolveu»: em menos de 24 horas.

Águas passadas não movem moinhos, não é verdade? A privatização que está hoje oficialmente aberta prova o contrário. Que há águas passadas a mover moinhos. As mesmas águas, nos mesmos moinhos.

Obviamente que seria um absurdo lançar um anátema sobre empresários que vendem e encaixam mais-valias. Depois investem noutras coisas, que também são vendidas. Para agora regressarem ao ponto de partida.

Nesta perspectiva, o Grupo Espírito Santo, que integra o consórcio da Carlyle, e o Grupo Mello, que avança com uma candidatura próprio, desejam à Galp e são, naturalmente, bem-vindos.

Então para quê lembrar factos passados? A primeira das razões é por estarmos diante de uma grande operação. E vender um terço de uma empresa avaliada em 2 mil milhões é, mesmo à escala europeia, uma operação de grande dimensão.

A segunda razão é do puro domínio espiritual. Durante anos e anos, o Estado manteve uma estranha relação com os privados, colocou quase 400 milhões numa intervenção de saneamento e, no fim, cedeu num acordo para preservar o «núcleo» de accionistas portugueses.

Depois, «inchou o porco» com gás natural, incentivou-os a vendê-lo à Eni, através de facilidades administrativas e fiscais - além, naturalmente, das generosas mais-valias.

Por isso, se a privatização da Galp for construída sobre uma ilusão, pelo menos que seja diferente. Ou será que é preciso perguntar qual a «base de interesse nacional» colocaria o petróleo e o gás nas mãos da Eni?

Ou era preciso lembrar que o senhor Champalimaud não reinvestiu um cêntimo do perdão fiscal que lhe foi concedido?

É por isso que causa um profundo espanto, por isso é realmente estranho, ver alguém defender que o Governo só pode escolher a Viacer, por ser a proposta «nacional».

Fico pasmo de ver gente inteligente estar a pronunciar sentenças, manifestar preferências num sentido ou noutro, sem antes conhecer as propostas que só hoje serão entregues.

E maior admiração, quando essa convicção assenta num embuste, que ainda está fresco na memória. A Galp hoje vale muito, porque foi muito bem gerida nos últimos anos.

Merece entrar na empresa quem provar que a torna ainda melhor.

Não quem negue as razões do seu sucesso. Mesmo que tenha feito parte dele.

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