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03 de Junho de 2004 às 14:01

A alternativa ao petróleo

Enquanto os preços do petróleo oscilam entre anteriores e novos máximos, enquanto a escalada de preços condiciona as políticas económicas e retira plausibilidade a todos os planos de estabilidade e crescimento, é preciso dizer que há uma alternativa real

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Enquanto os preços do petróleo oscilam entre anteriores e novos máximos, enquanto a escalada de preços condiciona as políticas económicas e retira plausibilidade a todos os planos de estabilidade e crescimento, é preciso dizer que há uma alternativa real ao petróleo como fonte primária de energia.

É agora, enquanto o crescimento da China pressiona ao aumento da produção de crude, enquanto a ansiedade norte-americana provoca uma corrida ao armazenamento de reservas e enquanto o terrorismo alarga o seu raio de destruição à Arábia Saudita, que é preciso esclarecer que há uma alternativa ao petróleo, não imediata nem instantânea mas praticável.

E é agora, enquanto no Iraque se começa a desenhar um primeiro embrião de poder nacional e uma soberania distanciada do modus operandi norte-americano, que é preciso sublinhar que o mapa das guerras e dos terrorismos dos últimos 100 anos coincide largamente com o mapa das jazidas e explorações de petróleo. Que ao mesmo tempo que o petróleo é a base energética que fez omundo chegar ao actual nível de desenvolvimento tecnológico e comercial foi também o petróleo que nos fez chegar ao actual nível de poluição, de desestabilização dos ecossistemas e de degradação do ambiente.

E ainda é preciso dizer, com ou sem terrorismo, com ou sem instabilidade política na Venezuela, na Nigéria ou no Médio Oriente, que os preços do petróleo tenderão a subir acima e mais depressa do que o crescimento económico mundial. Pois não só o consumo de crude continua a crescer aceleradamente como o custo da extracção de petróleo cresce à medida que se recorre a jazidas mais profundas, e o custo da sua refinação cresce à medida que a composição dos depósitos fica menos rica. Uma exploração intensiva de um recurso natural que conduzirá também à sua escassez e, por essa via, a uma nova subida de preços.

E finalmente, é preciso sublinhar que, pelo menos, as economias ocidentais, exceptuada a dos EUA, escamoteiam que o principal componente individual na formação do preço do petróleo não é o custo da extracção, não é o do transporte, não é o da refinação, não é o da distribuição e muito menos o que possa derivar da cartelização dos preços dos produtores. O maior custo é o dos impostos que servem sempre para financiar os orçamentos dos estados.

O mundo, para o bem e para o mal, está prisioneiro do petróleo e deve tomar consciência que não só tem de sair dessa prisão como há um combustível alternativo, incomensuravelmente melhor distribuído por todo o mundo, praticamente inesgotável, virtualmente não poluente e capaz de sustentar o crescimento económico a uma escala por enquanto inimaginável.

E esse combustível é o hidrogénio que tem todas as vantagens descritas, que pode por exemplo ser extraído da água, e cuja produção mobiliza actualmente uma massa enorme de empresas que começam a cativar a atenção dos investidores nos mercados bolsistas. O hidrogénio, segmento em crescimento em todas as companhias energéticas do mundo e nas principais empresas automóveis, é não só a única alternativa ao petróleo como é francamente melhor para a natureza e para a paz mundial.

A única desvantagem conhecida do hidrogénio é o seu preço. Mas quanto a isto podemos ter a certeza que ele descerá enquanto o do petróleo subirá cada vez mais.

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