Opinião
A história tem um lado certo
Charlottesville "é uma história com dois lados", declarou o Presidente dos Estados Unidos referindo-se aos confrontos entre supremacistas brancos e nazis e defensores dos direitos humanos, alegadamente conotados com a extrema-esquerda. Primeiro, Trump desvalorizou os acontecimentos, num segundo momento, condenou os supremacistas brancos e, por fim, partilhou as responsabilidades.
Donald Trump tem razão em afirmar que se trata de uma história com dois lados. Mas faltou-lhe a segunda parte da narrativa. Há um deles que está decididamente do lado errado da história e não merece complacência na avaliação. Defender o princípio da supremacia de uma raça sobre as outras é claramente um pensamento estuporado e antidemocrático, seja a democracia de direita, de esquerda, ou do centro. O nazismo já nos mostrou o quão odiosa pode ser a tese da supremacia racial.
Trump quis ser salomónico, distribuindo as culpas, de forma a satisfazer até muitos daqueles que votaram em si e encontram acolhimento na plataforma "alt-right", do seu ex-conselheiro Steve Bannon. Fez mal, porque há uma responsabilidade inicial, a de quem apregoa princípios que ofendem a natureza humana.
Donald Trump deixou de ter rumo e lidera ao sabor dos seus caprichos. Por isso, Douglas McMillion, CEO da Walmart, saiu do comité de aconselhamento do Presidente, argumentando que este perdeu uma oportunidade de unir o país "rejeitando as acções chocantes dos supremacistas brancos". Já antes, pelas mesmas razões, Kenneth Frazier, director executivo da farmacêutica Merck, e os CEO da Under Armour e Intel haviam tomado idêntica opção.
O Presidente dos EUA começa assim a perder apoios significativos entre empresas que julgava serem o seu respaldo para dar corpo ao lema do "Make American Great Again". Até porque no plano económico existem muitas dúvidas de que a economia norte-americana possa crescer este ano 3%, pressuposto no qual a Casa Branca baseia o seu Orçamento. "É profundamente enganador" e, se houver uma redução de impostos, "resultará num défice orçamental significativamente maior, o que aumentará a dívida nacional para níveis sem precedentes", avisa Simon Johnson, professor no MIT, num artigo publicado na edição de ontem do Negócios.
E a conjugação destes factores, como já se disse, pode impelir Trump a procurar inimigos externos (Coreia do Norte, Venezuela e Irão) para reconstruir um clima de coesão interna que as suas acções têm vindo a erodir. O perigo é esse.
Trump quis ser salomónico, distribuindo as culpas, de forma a satisfazer até muitos daqueles que votaram em si e encontram acolhimento na plataforma "alt-right", do seu ex-conselheiro Steve Bannon. Fez mal, porque há uma responsabilidade inicial, a de quem apregoa princípios que ofendem a natureza humana.
O Presidente dos EUA começa assim a perder apoios significativos entre empresas que julgava serem o seu respaldo para dar corpo ao lema do "Make American Great Again". Até porque no plano económico existem muitas dúvidas de que a economia norte-americana possa crescer este ano 3%, pressuposto no qual a Casa Branca baseia o seu Orçamento. "É profundamente enganador" e, se houver uma redução de impostos, "resultará num défice orçamental significativamente maior, o que aumentará a dívida nacional para níveis sem precedentes", avisa Simon Johnson, professor no MIT, num artigo publicado na edição de ontem do Negócios.
E a conjugação destes factores, como já se disse, pode impelir Trump a procurar inimigos externos (Coreia do Norte, Venezuela e Irão) para reconstruir um clima de coesão interna que as suas acções têm vindo a erodir. O perigo é esse.
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