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28 de Setembro de 2005 às 15:02

Video-vigiados

Haverá alguém que discorde da vídeo-vigilância sobre os loucos que fazem corridas em contra-mão na ponte Vasco da Gama? É que sendo uma questão de direitos e liberdades individuais, este assunto é também uma matéria económica porque faz toda a diferença t

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Haverá alguém que discorde da vídeo-vigilância sobre os loucos que fazem corridas em contra-mão na ponte Vasco da Gama? É que sendo uma questão de direitos e liberdades individuais, este assunto é também uma matéria económica porque faz toda a diferença ter polícias de plantão no tabuleiro da ponte ou ter uma bateria de câmaras de vídeo. O custo do policiamento não é tudo mas é decisivo.

Enquanto ficarmos a discutir a defesa dos direitos pessoais postos em causa pela vídeo-vigilância, como temos vindo a fazer ao longo de anos, continuamos na idade da pedra do sistema policial, gastando mais do que o que poderíamos, sendo menos eficazes do que as situações exigem e sofrendo permanentemente de escassez de recursos.

Obviamente, a sofisticação tecnológica dos sistemas de vigilância, ao mesmo tempo que permite maiores índices de produtividade da função policial, também escancara a porta aos erros tecnológicos que, infalivelmente, vão surgir. Não há sistema perfeito, a Microsoft está cá para demonstrar isso mesmo, e nessa medida passará a haver injustiçadas vítimas do sistema de vigilância.

Mas pondo as coisas na balança da vida, a decisão é simples. Porque Portugal não pode continuar a conviver com o extraordinário número de vítimas dos acidentes nas estradas. Três vírgula quatro mortos por dia e inúmeros sobreviventes estropiados que, em boa verdade, o Estado abandona para não pesar no Orçamento.

Portanto, à loucura muito especial de certos condutores não se pode contrapor um sistema policial clássico, com um polícia em cada esquina, mas um sistema altamente tecnológico, e portanto barato, simultaneamente protector dos dados pessoais e eficaz na prevenção e na detecção das responsabilidades dos acidentes rodoviários.

Será pois que o sistema de vídeo-vigilância que António Costa quer fazer aprovar no próximo Conselho de Ministros é o mais indicado? Tanto quanto sabemos, António Costa prepara-se para realizar uma medida francamente limitada. Porque se pretendesse equipar as estradas portuguesas com câmaras de vídeo não haveria Orçamento do Estado capaz de suportar o investimento e depois a manutenção, a gestão e a análise do sistema.

Porém, Portugal tem tecnologia para fazer um sistema não só eficaz como inovador. A Via Verde obrigatória nos automóveis ligada a uma malha de receptores rádio é apenas uma das abordagens possíveis, com custos transferíveis para o condutor e não para o Estado. Mas há muitas outras.

Entretanto, não se esqueça, se se sentir vídeo-vigiado sorria. Acabou de salvar uma vida.

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