Opinião
Verão Indiano (3/4) Gurus de gestão
A Índia é, desde há muito, um dos principais viveiros de capital humano no campo da gestão. O pool de talento é visível não apenas na ascensão de gestores indianos ao topo de algumas das maiores empresas do mundo (o caso de Indra Nooyi, CEO da Pepsi, será, porventura, o mais saliente), como no papel cada vez mais saliente de homens de negócios indianos, como Ratan Tata, na economia global.
A Índia é, desde há muito, um dos principais viveiros de capital humano no campo da gestão. O pool de talento é visível não apenas na ascensão de gestores indianos ao topo de algumas das maiores empresas do mundo (o caso de Indra Nooyi, CEO da Pepsi, será, porventura, o mais saliente), como no papel cada vez mais saliente de homens de negócios indianos, como Ratan Tata, na economia global.
O mesmo se aplica, claro, na universidade. Alguns dos principais investigadores indianos merecem o qualificativo de gurus, tamanha é a sua influência à escala global. Destaco aqui três desses investigadores, embora reconhecendo que a escolha é muito pessoal e subjectiva. Entre os candidatos que ficam de fora, alguns nada devem ao trio que aqui se considera: C.K. Prahalad, Sumantra Ghoshal e Pankaj Ghemawat.
C.K. Prahalad é o nome pelo qual o mundo da gestão conhece Coimbatore Krishmarao Prahalad, professor na Ross School of Business, da Universidade de Michigan, nascido a 1 de Agosto de 1950. Prahalad foi criado em Madras (actual Chennai), onde, aos 19 anos, ingressou numa fábrica da Union Carbide. Trabalhou quatro anos nessa empresa. Ingressou depois no Indian Institute of Management de Ahmedabad (IIM-A) e apaixonou-se por uma estudante de uma universidade próxima. Depois dos cinco anos de que os pais precisaram para aprovar o casamento, o casal mudou-se para os EUA. Na Harvard Business School, C.K. escreveu uma tese sobre gestão de multinacionais, que lhe valeu o grau de DBA, em 1975. Regressou à Índia e ao IIM-A. As suas ideias, no entanto, foram alvo da fúria de nacionalistas indianos. Regressou aos EUA, ingressando na Universidade de Michigan. Entre os trabalhos que o notabilizaram contam-se dois livros muito influentes: Competing for the future (de 1994, com Gary Hamel) e The fortune at the bottom of the pyramid (2004). O primeiro introduz a noção de competência nuclear da empresa, um conceito que ajudou a perceber, por exemplo, até onde pode ir o outsourcing; o segundo alerta para a possibilidade de conseguir erradicar a pobreza, sem abdicar de uma lógica de negócio. Acaba de lançar The new age of innovation.
Sumantra Ghoshal nasceu em Kolkata em Setembro de 1948. Faleceu em Hampstead, Reino Unido em 2004. O seu desaparecimento deixou a comunidade de gestão sem uma das suas vozes mais críticas e construtivas. Ghoshal estudou física na Universidade de Deli. Trabalhou na Indian Oil Corporation e mudou-se para os EUA em 1981. Obteve um PhD pelo MIT e um DBA por Harvard, em 1985 e 1986, respectivamente. Foi recrutado pelo INSEAD em 1985 e mudou-se para a London Business School em 1994. Entre as suas contribuições centrais contam-se os livros Managing across borders (1992) e The individualized corporation (1999), ambos em co-autoria com Christopher Bartlett. Os seus trabalhos mais recentes incidiam sobre os fundamentos morais da teoria da gestão. Quando faleceu, Ghoshal escrevia um livro sobre a necessidade de uma "good theory of management".
Pankaj Ghemawat é professor catedrático no IESE. Trabalhou na Harvard Business School entre 1983 e 2006. Ficou celebrizado por ter sido o mais jovem membro do corpo docente a ser nomeado full professor naquela escola, uma notável distinção. Transferiu-se para o IESE em 2006, numa afirmação do poderio da business school de Barcelona. A sua investigação sobre estratégia e globalização deu origem a livros como Commitment (1991) e Redefining global strategy (2007). Ghemawat é hoje uma das mais cintilantes estrelas da investigação nesta área. Está no top 10 dos autores que mais casos vendem na Harvard Business School.
Este pódio deixa de fora outros notáveis autores que o leitor poderá desejar conhecer. Entre eles, Tarun Khanna (de Harvard), autor de Billions of entrepreneurs (2008), um livro sobre o papel transformador do empreendedorismo na Índia e na China, e Nirmalya Kumar (da London Business School), professor de marketing e autor de Marketing as strategy (2004). O futuro da gestão não deixará de passar pela Índia.
O mesmo se aplica, claro, na universidade. Alguns dos principais investigadores indianos merecem o qualificativo de gurus, tamanha é a sua influência à escala global. Destaco aqui três desses investigadores, embora reconhecendo que a escolha é muito pessoal e subjectiva. Entre os candidatos que ficam de fora, alguns nada devem ao trio que aqui se considera: C.K. Prahalad, Sumantra Ghoshal e Pankaj Ghemawat.
Sumantra Ghoshal nasceu em Kolkata em Setembro de 1948. Faleceu em Hampstead, Reino Unido em 2004. O seu desaparecimento deixou a comunidade de gestão sem uma das suas vozes mais críticas e construtivas. Ghoshal estudou física na Universidade de Deli. Trabalhou na Indian Oil Corporation e mudou-se para os EUA em 1981. Obteve um PhD pelo MIT e um DBA por Harvard, em 1985 e 1986, respectivamente. Foi recrutado pelo INSEAD em 1985 e mudou-se para a London Business School em 1994. Entre as suas contribuições centrais contam-se os livros Managing across borders (1992) e The individualized corporation (1999), ambos em co-autoria com Christopher Bartlett. Os seus trabalhos mais recentes incidiam sobre os fundamentos morais da teoria da gestão. Quando faleceu, Ghoshal escrevia um livro sobre a necessidade de uma "good theory of management".
Pankaj Ghemawat é professor catedrático no IESE. Trabalhou na Harvard Business School entre 1983 e 2006. Ficou celebrizado por ter sido o mais jovem membro do corpo docente a ser nomeado full professor naquela escola, uma notável distinção. Transferiu-se para o IESE em 2006, numa afirmação do poderio da business school de Barcelona. A sua investigação sobre estratégia e globalização deu origem a livros como Commitment (1991) e Redefining global strategy (2007). Ghemawat é hoje uma das mais cintilantes estrelas da investigação nesta área. Está no top 10 dos autores que mais casos vendem na Harvard Business School.
Este pódio deixa de fora outros notáveis autores que o leitor poderá desejar conhecer. Entre eles, Tarun Khanna (de Harvard), autor de Billions of entrepreneurs (2008), um livro sobre o papel transformador do empreendedorismo na Índia e na China, e Nirmalya Kumar (da London Business School), professor de marketing e autor de Marketing as strategy (2004). O futuro da gestão não deixará de passar pela Índia.
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