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Uma maré de mudança: exploremos casos de negócio sustentáveis com a Cimeira Mundial dos Oceanos

Um dos pontos fulcrais desta cimeira é o de ser um catalisador de inspiração para a adoção de práticas corporativas mais responsáveis e sustentáveis. De entre a lista de tópicos explorados durante a Cimeira do Oceano de 2024, três são particularmente proeminentes no futuro da economia azul: a aquacultura, o transporte marítimo, e a poluição marítima.

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Decorreu em Lisboa, de 11 a 13 de março de 2024, a 11ª Cimeira Mundial dos Oceanos, organizada pelo The Economist Impact. Esta cimeira global reúne anualmente um vasto conjunto de stakeholders, composto por governos, empresas, académicos e pela sociedade civil, para discutir o imperativo da conversão para uma economia azul sustentável.

 

Nesta 11ª edição, a Cimeira dos Oceanos fez-se de 80 sessões, com mais de 200 especialistas de 140 países diferentes, que discutiram o nexo causal entre o oceano e o clima, a importância de incluir os jovens, as mulheres e os povos indígenas nas soluções azuis, o papel da tecnologia e inteligência artificial no desenvolvimento de soluções inovadoras para a saúde dos oceanos, os novos métodos de produção de energia renovável com a força do mar, e a transição verde do transporte marítimo de bens e mercadorias.

 

Um dos pontos fulcrais desta cimeira é o de ser um catalisador de inspiração para a adoção de práticas corporativas mais responsáveis e sustentáveis. De entre a lista de tópicos explorados durante a Cimeira do Oceano de 2024, três são particularmente proeminentes no futuro da economia azul: a aquacultura, o transporte marítimo, e a poluição marítima.

 

Abracemos este espírito prático embutido na Cimeira do Oceano, e olhemos para o modo como algumas empresas utilizaram estes três paradigmas da economia azul, de forma a converterem o impacto negativo das suas operações no oceano em oportunidades de negócio. 

  1. Aquacultura 

Neste mês de março acordámos com a aterradora estatística de que 97% das espécies de peixes listadas na Convenção sobre Espécies Migratórias encontram-se sob ameaça de extinção. A aquacultura está entre os contribuidores mais significativos da escassez de oxigénio no oceano, ofensa à biodiversidade marinha e propagação de doenças no ecossistema aquático.

 

Da ameaça à solução: a luta da Cermaq contra o piolho do mar

 

A Cermaq é uma empresa especializada na criação de salmão e truta. Devido às altas densidades de stock nos viveiros de salmão, os piolhos do mar proliferam em níveis muito superiores aos observados em ambiente selvagem. Esta anormal propagação, representa uma ameaça não só ao salmão de aquacultura, mas também, aos salmões selvagens que percorrem as suas rotas migratórias junto destes viveiros.

 

A consequência da infestação de piolhos do mar pode resultar em danos graves para a saúde dos peixes, e em último reduto, à morte. Os métodos tradicionais de controlo de piolhos do mar, provocam um acrescido stress nos peixes e possuem frequentemente uma eficácia limitada no controlo dos níveis de infestação.

 

Para enfrentar este desafio, em 2023, a Cermaq implementou uma tecnologia de laser em todos os seus viveiros marítimos de forma a mitigar a infestação, e minimizar o stress nos peixes.  Ao incorporar a metodologia laser como estratégia preventiva nas suas operações, a Cermaq foi capaz de garantir a estabilidade do seu stock de peixes e simultaneamente, preservar a biodiversidade selvagem.

 

Deste modo, a Cermaq estabelece um precedente para a gestão responsável da aquacultura que equilibra os interesses económicos com sustentabilidade da biodiversidade marinha. 

  1. Transporte marítimo 

Atualmente, mais de 90% do comércio global é realizado através de rotas marítimas, o que totaliza uma atividade comercial anual que excede os 2,5 triliões de dólares. O transporte marítimo pode inadvertidamente afetar os habitats marinhos através de emissões, derramamentos químicos e perturbações dos ecossistemas.

 

Navegar rumo a um futuro mais azul: soluções de transporte marítimo sustentável da Damen Shipyards

 

A Damen Shipyards é uma empresa holandesa líder no design e construção naval. Em 2017, a empresa introduziu uma unidade inovadora de tratamento de água de lastro (BWT) totalmente contentorizada e móvel.

 

Dada a necessidade de mitigar a transmissão de espécies invasoras que afetam os ecossistemas marinhos, os navios são obrigados a tratar a sua água de lastro, nome concedido à água do mar que é recolhida e armazenada nos navios de modo a garantir a sua estabilização.

 

Contudo, a instalação de sistemas BWT a bordo é geralmente desafiadora e cara. Ao providenciar uma solução móvel, a Damen Shipyards garante que o tratamento da água de lastro seja mais barato e necessário apenas no ponto de descarga, tornando-o mais seguro para o ambiente. Esta inovação, consolidou a empresa como pioneira na indústria naval e arrecadou diversos prémios.

 

Ao inovar em projetos relacionados com a sustentabilidade do transporte marítimo, a Damen Shipyards consegue prosseguir um caminho sustentável, e simultaneamente aumentar a sua competitividade no mercado. 

  1. Poluição

As redes de pesca perdidas e descartadas, constituem 10% do lixo marinho do mundo.

 

Do mar aos tapetes: o programa de reciclagem de redes de pesca da Interface

 

A Interface é uma empresa líder em design, produção e venda de carpetes modulares. Em 2012, a Interface criou o programa Net-Works, que recolhe redes de pesca descartadas de comunidades piscatórias empobrecidas, e recicla-as em fio de nylon, usado na produção de carpetes. Desde a sua incepção, o projeto já alcançou 35 comunidades e recolheu mais de 142 toneladas de redes.

 

Do ponto de vista financeiro, o programa Net-Works contribui para a Interface ao reduzir o consumo de energia na sua cadeia de valor, através da reciclagem das redes, o que gera uma economia financeira substancial para a empresa, bem como para o seu fornecedor de nylon, Aquafil.

 

Esta nova abordagem não permite à Cermaq reduzir custos através da produção de materiais reciclados, como também abre novas oportunidades de mercado para produtos sustentáveis.

 

Estes três exemplos, inspiram modos como as empresas podem transformar os seus desafios azuis em oportunidades de negócio ao abraçar práticas sustentáveis. Ao priorizar a inovação e pensar fora da caixa, as empresas podem impulsionar mudanças positivas no planeta e nas pessoas enquanto garantem a sua sustentabilidade económica a longo prazo.

 

Sem uma transição azul, não existe um futuro verde.  Tal como a nossa amiga Dory aconselhou, só temos de continuar a nadar!

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