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12 de Dezembro de 2008 às 15:09

Um top 2008 de não-ficção

Com o ano de 2008 a chegar ao fim, o tempo é propício para proceder ao balanço das leituras recentes. Segue-se uma dúzia de escolhas de não-ficção, as quais, não sendo necessariamente novidades, funcionam como bons pontos de observação para o nosso mundo em eterna mudança.

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Com o ano de 2008 a chegar ao fim, o tempo é propício para proceder ao balanço das leituras recentes. Segue-se uma dúzia de escolhas de não-ficção, as quais, não sendo necessariamente novidades, funcionam como bons pontos de observação para o nosso mundo em eterna mudança.

No plano da sustentabilidade e ambiente, a grande novidade foi o novo livro de Thomas Friedman, Hot, Flat and Crowded (Allen Lane, 2008). Friedman é o autor do famoso The World is Flat e, como sabem os leitores do influente best seller, os seus pontos são apresentados com vivacidade e capacidade persuasiva. Se Al Gore tem dominado o debate sobre as alterações climáticas, Friedman pega no testemunho e mantém a discussão acesa.

A outra novidade neste sector é o novo livro do guru da aprendizagem organizacional Peter Senge, The Necessary Revolution (Nicholas Brealey, 2008). Senge tem-se dedicado, nos últimos anos, à análise das experiências de empresas que têm procurado imprimir uma lógica de sustentabilidade aos seus negócios e este livro expressa o seu pensamento sobre o assunto. Ainda na frente ambiental, o livro que falta referir acaba de ser editado em Portugal: Colapso, de Jared Diamond (Gradiva, 2008). O autor explora um conjunto de casos de colapso civilizacional, mostrando como uma combinação de factores, com forte contribuição ambiental, ajuda a compreender o declínio de civilizações como a dos maias, da Ilha de Páscoa e da Gronelândia, entre outras. Se o leitor só puder ler um livro em 2009, este não dará uma má escolha.

Na estante da geopolítica destacaram-se O Mundo Pós-Americano, de Fareed Zakahria (Gradiva, 2008) e The Second World, de Parag Khanna (Allen Lane, 2008). O primeiro, uma das obras de não-ficção mais badaladas do ano, dedica-se a um debate que vai continuar: o potencial fim da hegemonia norte-americana. Khanna, por seu turno, viaja por várias zonas do globo e no percurso permite ao leitor compreender melhor as linhas de tensão que irão determinar a evolução do globo. O livro está escrito de forma tão escorreita que o leitor como que viaja com Kahnna, estrela na matéria nos EUA. Outro país cuja evolução merece acompanhamento próximo é a Índia. Vários dos textos que este ano preparei para o Negócios foram precisamente dedicados ao subcontinente. Os atentados de Mumbai sublinham a importância desta nação para o desenho dos novos equilíbrios globais. A sua aproximação aos EUA e Israel farão acelerar a história num país ainda muito preso ao passado. O livro certo para mergulhar na história da Índia é Apesar dos Deuses de Edward Luce (Bizâncio, 2007), entre o jornalístico e o relato experiencial.

Na gestão, o ano foi marcado pela descoberta do trabalho, na área da liderança, de Mary Uhl-Bien, professora na Universidade de Nebraska. Para além dos artigos que publicou em várias revistas científicas, a autora coordenou dois livros, Complexity Leadership (Information Age, 2008) e Follower Centered Perspectives on Leadership (Information Age, 2007) que ajudam a perceber os contornos das novas teorias da liderança: maior consideração pelo papel dos seguidores e um entendimento da liderança como processo sistémico e relacional. Isto é, as novas teorias enfatizam o papel colectivo na criação dos resultados normalmente atribuídos aos líderes. Outras novidades interessantes foram Talent, de Edward Lawler (Jossey Bass, 2008) e Extreme Toyota de Hirotaka Takeuchi e colegas (Wiley, 2008). O primeiro dedica-se aos novos desafios da gestão do talento humano (ex-recursos humanos); o segundo é mais um trabalho sobre as razões que têm feito da Toyota uma das mais interessantes empresas do mundo.

A ênfase é neste caso colocada na sua extrema habilidade para articular paradoxos. Outro livro sobre paradoxos é Paradoxes of Culture and Globalization, de Martin Gannon (Sage, 2008), sobre o modo como a gestão internacional confronta os gestores com a necessidade de compreender como actuar num terreno em que os opostos se implicam mutuamente. Finalmente, uma escolha de 2007 que também ainda cá não chegou: What Were They Thinking?, de Jeffrey Pfeffer (Harvard Business School Press), uma colecção de elegantes ensaios sobre as razões pelas quais gestores inteligentes fazem coisas pouco inteligentes. Bom para 2009, 2010 ou outro ano qualquer.

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