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Um País, dois sistemas

Temos um País e dois sistemas. São dois sistemas políticos que comunicam através de bonecos Donaltim e de ventríloquos. Nada disso seria grave se Portugal não fosse uma aldeia onde todos se cruzam e se não estivéssemos a falar dos dois principais órgãos de soberania.

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Temos um País e dois sistemas. São dois sistemas políticos que comunicam através de bonecos Donaltim e de ventríloquos. Nada disso seria grave se Portugal não fosse uma aldeia onde todos se cruzam e se não estivéssemos a falar dos dois principais órgãos de soberania.

Entre Belém e São Bento criou-se um Muro de Berlim e, à sua volta, há quem julgue ser a Radio Free Europa ou a Rádio Moscovo para fazer propaganda do outro lado da fronteira. Se Deng Xiao Ping considerava que dois sistemas económicos eram bons para o desenvolvimento uniforme, em termos políticos, da China, em Portugal inova-se. Temos um sistema económico e dois sistemas políticos.

O resultado, como é óbvio, é confrangedor. Nenhum país é governável quando o presidente e o primeiro-ministro não conversam sobre o que os apoquenta e transferem a chamada para um "call center". O Presidente e o primeiro-ministro deveriam mandar calar os que, à sua volta, alimentam o pântano, para que o País, a um mês das eleições, não se confunda com o odor da ETAR de Alcântara.

Se o alarido e a intriga continuam é porque, por razões descortináveis mas difíceis de explicar sensatamente, Cavaco e Sócrates não dão o necessário murro na mesa. Para sossegar os Donaltims e o País. O recado tornou-se o SMS entre Belém e São Bento. Mas não deveria ser assim.

Cavaco e Sócrates podem ter opiniões díspares sobre muita coisa. É normal e é salutar. Mas uma coisa são divergências sérias e assumidas, outra é este clima de maçã podre. Que cheira mal.

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