Opinião
"Keynesianismo iluminado"? Não. Incompetência saloia
A tirada de Emanuel dos Santos, semelhante a outras "pérolas" que têm sido ditas por Teixeira dos Santos, mostra o que pode a ambição política fazer a técnicos competentes.
O debate sobre o controlo da despesa pública atingiu um nível inenarrável. O último salvo foi dado ontem pelo secretário de Estado do Orçamento. Emanuel dos Santos, o mesmo que há poucos meses qualificou a política do Governo de "keynesianismo iluminado" (whatever that means…), avançou que a despesa pública cresceu 4,3% em Junho, 3,8% em Julho e 2,7% em Agosto. Coisa que, em sua opinião significa que "a despesa não está descontrolada".
A tirada de Emanuel dos Santos, semelhante a outras "pérolas" que têm sido ditas por Teixeira dos Santos, mostra o que pode a ambição política fazer a técnicos competentes. E confirma que ninguém em São Bento e na Praça do Comércio está a prestar atenção ao que os investidores vão dizendo sobre a credibilidade das nossas finanças públicas. Ontem foi a Fitch a prever que vamos falhar a meta do défice orçamental; no dia anterior tinham sido os mercados a exigir juros recorde para comprar a nossa dívida pública; no início da semana foram as primeiras indicações que dos quatro países da desgraça (Grécia, Espanha, Portugal, a que se juntou agora a Irlanda) só nós não conseguimos travar a despesa pública.
O que eu não percebo é como é que na Presidência na República, onde mora um senhor que percebe de finanças públicas, ainda não veio um "chega para lá" sério ao Governo. Porque a situação é tão grave que dentro de meses ainda nos arriscamos a ver a Comissão Europeia e o FMI elogiarem a Grécia…. condenando Portugal. Se isso acontecer como é que o Presidente, que está farto de elogiar o ministro das Finanças, se vai justificar ao país?
A tirada de Emanuel dos Santos, semelhante a outras "pérolas" que têm sido ditas por Teixeira dos Santos, mostra o que pode a ambição política fazer a técnicos competentes. E confirma que ninguém em São Bento e na Praça do Comércio está a prestar atenção ao que os investidores vão dizendo sobre a credibilidade das nossas finanças públicas. Ontem foi a Fitch a prever que vamos falhar a meta do défice orçamental; no dia anterior tinham sido os mercados a exigir juros recorde para comprar a nossa dívida pública; no início da semana foram as primeiras indicações que dos quatro países da desgraça (Grécia, Espanha, Portugal, a que se juntou agora a Irlanda) só nós não conseguimos travar a despesa pública.
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